Livro de Jacó

IRMÃO DE NÉFI
As palavras de sua pregação a seus irmãos. Ele confunde um homem que procura destruir a doutrina de Cristo. Algumas palavras sobre a história do povo de Néfi.

CAPÍTULO 1
Jacó e José procuram persuadir os homens a crerem em Cristo e a guardarem seus mandamentos—Néfi morre—A iniquidade prevalece entre os nefitas. Aproximadamente 544–421 a.C.

  1 POIS eis que aconteceu que cinqüenta e cinco anos se passaram desde a época em que Leí deixara Jerusalém; e Néfi deu a mim, Jacó, um mandamento concernente às placas menores, nas quais estão gravadas estas coisas.
  2 E ele ordenou a mim, Jacó, que escrevesse nestas placas algumas das coisas que eu considerasse muito preciosas; que eu não tratasse, a não ser ligeiramente, da história deste povo, que é chamado povo de Néfi.
  3 Porque ele disse que a história de seu povo deveria ser gravada nas suas outras placas e que eu deveria guardar estas placas e transmiti-las a meus descendentes, de geração em geração.
  4 E se houvesse prédicas sagradas ou grandes profecias, deveria eu gravar seus pontos principais nestas placas e escrever sobre elas tanto quanto fosse possível, por amor a Cristo e para o bem de nosso povo.
  5 Pois em virtude de nossa fé e grande ansiedade, verdadeiramente nos haviam sido divulgadas as coisas que aconteceriam a nosso povo.
  6 E tivemos também o espírito de profecia; sabíamos, portanto, de Cristo e de seu reino que haveria de vir.
  7 Portanto trabalhamos diligentemente entre os de nosso povo, a fim de persuadi-los a virem a Cristo e participarem da bondade de Deus, para entrarem em seu descanso, a fim de que, de nenhum modo, ele jurasse em sua ira que não entrariam, como na provocação, nos dias de tentação, enquanto os filhos de Israel estavam no deserto.
  8 Portanto prouvera a Deus que pudéssemos persuadir todos os homens a não se rebelarem contra Deus, a não o provocarem à ira, mas que todos os homens acreditassem em Cristo e considerassem sua morte e carregassem sua cruz e suportassem a vergonha do mundo; portanto eu, Jacó, tomo a meu cargo cumprir o mandamento de meu irmão Néfi.
  9 Ora, Néfi começou a envelhecer e viu que logo morreria; portanto ungiu um homem para ser rei e governador de seu povo, de acordo com os governos dos reis.
  10 O povo amava Néfi profundamente, por ter sido seu grande protetor, ter empunhado a espada de Labão em sua defesa e trabalhado todos os seus dias por seu bem-estar.
  11 Portanto o povo queria que a memória de seu nome fosse conservada e que todos os que governassem em seu lugar fossem chamados, pelo povo, de Néfi segundo, Néfi terceiro e assim por diante, de acordo com os governos dos reis; e assim foram chamados pelo povo, fosse qual fosse seu nome.
  12 E aconteceu que Néfi morreu.
  13 Ora, aqueles que não eram lamanitas eram nefitas; não obstante, eram chamados de nefitas, jacobitas, josefitas, zoramitas, lamanitas, lemuelitas e ismaelitas.
  14 Mas eu, Jacó, daqui por diante não os mencionarei por esses nomes, mas chamarei de lamanitas aos que procuram destruir o povo de Néfi; e aos que são amigos de Néfi eu chamarei de nefitas, ou seja, o povo de Néfi, segundo os governos dos reis.
  15 E então aconteceu que o povo de Néfi, sob o governo do segundo rei, começou a endurecer o coração, permitindo-se, de certa forma, práticas iníquas, assim como Davi, na antiguidade, que desejara ter muitas esposas e concubinas; e também Salomão, seu filho.
  16 Sim, e eles também começaram a procurar muito ouro e prata e começaram a ser um tanto orgulhosos.
  17 Portanto eu, Jacó, disse-lhes estas palavras enquanto os ensinava no templo, tendo primeiramente recebido essa missão do Senhor.
  18 Porque eu, Jacó, e meu irmão José havíamos sido consagrados sacerdotes e mestres deste povo pela mão de Néfi.
  19 E nós magnificamos o nosso ofício para o Senhor, tomando sobre nós a responsabilidade de responder pelos pecados do povo se não lhes ensinássemos com diligência a palavra de Deus; assim, trabalhando com toda a nossa força, seu sangue não mancharia nossas vestimentas; caso contrário, o seu sangue cairia sobre nossas vestimentas e não seríamos declarados sem mancha no último dia.

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CAPÍTULO 2
Jacó denuncia o amor às riquezas, o orgulho e a falta de castidade—Os homens podem procurar obter riquezas para ajudar seus semelhantes—Jacó condena a prática não autorizada do casamento plural—O Senhor deleita-se na castidade das mulheres. Aproximadamente 544–421 a.C.

  1 As palavras que Jacó, irmão de Néfi, dirigiu ao povo de Néfi depois da morte de Néfi:
  2 Agora, meus amados irmãos, eu, Jacó, de acordo com a responsabilidade que tenho para com Deus de magnificar meu ofício com sobriedade e para livrar minhas vestimentas de vossos pecados, venho hoje ao templo para declarar-vos a palavra de Deus.
  3 E vós mesmos sabeis que, até aqui, eu tenho sido diligente no exercício de meu chamado; hoje, porém, sinto-me curvado sob o peso de um desejo e ansiedade muito maiores pelo bem-estar de vossa alma do que senti até agora.
  4 Pois eis que até agora tendes sido obedientes à palavra do Senhor, a qual eu vos tenho dado.
  5 Ouvi-me, porém, e sabei que, com o auxílio do onipotente Criador dos céus e da Terra, posso falar-vos a respeito de vossos pensamentos, de como estais começando a cometer pecado, pecado esse que me parece muito abominável, sim, e abominável a Deus.
  6 Sim, entristece-me a alma e faz-me encolher de vergonha ante meu Criador ter que vos testemunhar sobre a maldade de vosso coração.
  7 E também me entristece ter que usar uma linguagem tão forte a vosso respeito perante vossas mulheres e vossos filhos, quando muitos têm sentimentos sumamente ternos e castos e delicados perante Deus, o que é agradável a Deus;
  8 E suponho que eles tenham vindo aqui para ouvir a agradável palavra de Deus, sim, a palavra que cura a alma ferida.
  9 Portanto, pesa-me a alma por ser compelido, por causa do estrito mandamento que recebi de Deus, a admoestar-vos segundo vossos crimes, a aumentar as feridas dos que já estão feridos, em vez de consolá-los e curar-lhes as feridas; e os que não foram feridos, em vez de se banquetearem com a palavra agradável de Deus, têm a alma traspassada e a delicada mente ferida por punhais.
  10 Mas, não obstante a magnitude da tarefa, devo agir segundo os mandamentos estritos de Deus e falar-vos de vossas maldades e abominações na presença dos puros de coração e daqueles de coração quebrantado, sob o olhar penetrante do Deus Todo-Poderoso.
  11 Portanto, devo dizer-vos a verdade, de acordo com a clareza da palavra de Deus. Pois eis que, tendo eu inquirido o Senhor, assim me veio a palavra, dizendo: Jacó, vai ao templo amanhã e declara a esse povo a palavra que te darei.
  12 E agora eis que, meus irmãos, esta é a palavra que vos declaro: que muitos de vós haveis começado a procurar ouro e prata e toda espécie de minerais preciosos que se encontram em abundância nesta terra, que é uma terra de promissão para vós e para vossos descendentes.
  13 E a mão da providência favoreceu-vos mui agradavelmente, de modo que obtivestes muitas riquezas; e porque alguns de vós obtivestes mais abundantemente do que vossos irmãos, enchestes o coração de orgulho e andais com dura cerviz e cabeça levantada devido aos vossos custosos trajes; e perseguis vossos irmãos, porque supondes que sois melhores do que eles.
  14 E agora, meus irmãos, supondes que Deus vos justifica nisto? Eis que vos digo: Não. Ele, porém, condena-vos; e se persistirdes nestas coisas, seus julgamentos cairão rapidamente sobre vós.
  15 Oh! Se ele vos mostrasse que vos pode traspassar e que, com um relance de seu olhar, pode lançar-vos ao pó!
  16 Oh! Se ele vos livrasse desta iniquidade e abominação! E oh! Se escutásseis a palavra de seus mandamentos e não permitísseis que o orgulho de vosso coração vos destruísse a alma!
  17 Pensai em vossos irmãos como em vós mesmos; e sede amáveis para com todos e liberais com vossos bens, para que vossos irmãos sejam ricos como vós.
  18 Mas antes de buscardes riquezas, buscai o reino de Deus.
  19 E depois de haverdes obtido uma esperança em Cristo, conseguireis riquezas, se as procurardes; e procurá-las-eis com o fito de praticar o bem—de vestir os nus e alimentar os famintos e libertar os cativos e confortar os doentes e aflitos.
  20 E agora, meus irmãos, falei-vos sobre o orgulho; e aqueles de vós que afligistes o próximo e o perseguistes devido ao orgulho de vosso coração, por causa das coisas que Deus vos deu, que dizeis disto?
  21 Não supondes que tais coisas são abomináveis àquele que criou toda a carne? E para ele uma criatura é tão preciosa como a outra. E toda a carne vem do pó; e a todos criou para o mesmo fim, para que guardassem seus mandamentos e glorificassem-no para sempre.
  22 E agora cesso de falar-vos sobre esse orgulho. E se não tivesse que vos falar sobre um crime ainda maior, meu coração regozijar-se-ia imensamente por vós.
  23 Mas a palavra de Deus me oprime por causa de vossos crimes maiores. Pois eis que assim diz o Senhor: Este povo começa a tornar-se iníquo; eles não entendem as escrituras, pois procuram desculpar-se por cometer libertinagens, por causa das coisas que foram escritas com referência a Davi e seu filho Salomão.
  24 Eis que Davi e Salomão realmente tiveram muitas esposas e concubinas, o que foi abominável diante de mim, diz o Senhor.
  25 Portanto, assim diz o Senhor: Tirei este povo da terra de Jerusalém pelo poder de meu braço, a fim de suscitar para mim um ramo justo do fruto dos lombos de José.
  26 Portanto eu, o Senhor Deus, não permitirei que este povo proceda como os antigos.
  27 Portanto, meus irmãos, ouvi-me e atentai para a palavra do Senhor: Pois nenhum homem dentre vós terá mais que uma esposa; e não terá concubina alguma.
  28 Porque eu, o Senhor Deus, deleito-me na castidade das mulheres. E as libertinagens são para mim abominação; assim diz o Senhor dos Exércitos.
  29 Portanto este povo guardará os meus mandamentos, diz o Senhor dos Exércitos, ou a terra será amaldiçoada por sua causa.
  30 Porque se eu quiser suscitar posteridade para mim, diz o Senhor dos Exércitos, ordenarei isso a meu povo; em outras circunstâncias meu povo dará ouvidos a estas coisas.
  31 Porque eis que eu, o Senhor, vi a dor e ouvi o lamento das filhas de meu povo na terra de Jerusalém; sim, e em todas as terras de meu povo, por causa das iniquidades e abominações de seus maridos.
  32 E não permitirei, diz o Senhor dos Exércitos, que o lamento das belas filhas deste povo que tirei da terra de Jerusalém suba a mim contra os homens de meu povo, diz o Senhor dos Exércitos.
  33 Porque não levarão em cativeiro as filhas de meu povo, por causa de sua ternura, sem que eu os visite com uma terrível maldição, até mesmo destruição; porque eles não cometerão libertinagens como os antigos, diz o Senhor dos Exércitos.
  34 E agora eis que, meus irmãos, sabeis que estes mandamentos foram dados a nosso pai, Leí; portanto já os conhecíeis; e caístes em grande condenação, porque haveis feito estas coisas que não devíeis ter feito.
  35 Eis que haveis praticado maiores iniquidades que os lamanitas, nossos irmãos. Haveis quebrantado o coração de vossas ternas esposas e perdido a confiança de vossos filhos, por causa de vossos maus exemplos diante deles; e os soluços do coração deles sobem a Deus contra vós. E por causa da severidade da palavra de Deus, que desce contra vós, muitos corações pereceram, traspassados por profundas feridas.

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CAPÍTULO 3
Os puros de coração recebem a agradável palavra de Deus—A retidão dos lamanitas excede a dos nefitas—Jacó adverte contra fornicação, lascívia e todo pecado. Aproximadamente 544–421 a.C.

  1 Mas eis que eu, Jacó, desejo falar a vós, que sois puros de coração. Confiai em Deus com a mente firme e orai a ele com grande fé; e ele consolar-vos-á nas aflições e defenderá vossa causa e enviará justiça sobre os que procuram a vossa destruição.
  2 Ó todos vós, que sois puros de coração, levantai a cabeça e recebei a agradável palavra de Deus e banqueteai-vos com seu amor; porque podereis fazê-lo para sempre, se vossa mente for firme.
  3 Mas ai, ai de vós, que não sois puros de coração, que estais hoje imundos diante de Deus; porque, a não ser que vos arrependais, a terra será amaldiçoada por vossa causa; e os lamanitas, que não são imundos como vós, não obstante amaldiçoados com uma dolorosa maldição, afligir-vos-ão até vos destruir.
  4 E vem rapidamente o tempo em que, a menos que vos arrependais, eles ocuparão a terra de vossa herança e o Senhor Deus retirará os justos dentre vós.
  5 Eis que os lamanitas, vossos irmãos, a quem odiais por causa de sua imundície e da maldição que lhes caiu sobre a pele, são mais justos que vós; porque eles não se esqueceram do mandamento do Senhor, dado a nosso pai, de que não deveriam ter mais que uma esposa nem concubina alguma; e que não deveriam cometer libertinagem.
  6 E agora eles se esforçam por guardar este mandamento; portanto, por causa desse esforço em guardar este mandamento, o Senhor Deus não os destruirá, mas será misericordioso para com eles; e um dia tornar-se-ão um povo abençoado.
  7 Eis que os maridos amam as esposas e as esposas amam os maridos; e os maridos e as esposas amam seus filhos; e sua incredulidade e seu ódio para convosco são conseqüência da iniquidade de seus pais; portanto, em que sois vós melhores do que eles aos olhos de vosso grande Criador?
  8 Ó meus irmãos, temo que, a menos que vos arrependais de vossos pecados, a pele deles será mais branca do que a vossa, quando fordes levados com eles perante o trono de Deus.
  9 Portanto eu vos dou um mandamento, que é a palavra de Deus: que não mais os injurieis por sua pele escura nem os injurieis por causa de sua imundície; mas deveis recordar vossa própria imundície e lembrar-vos de que a imundície deles lhes adveio por causa de seus pais.
  10 Portanto vos lembrareis de vossos filhos, de como lhes afligistes o coração por causa do exemplo que lhes haveis dado; e lembrai-vos também de que podeis, pela vossa imundície, levar vossos filhos à destruição; e seus pecados serão amontoados sobre a vossa cabeça no último dia.
  11 Ó meus irmãos, dai ouvidos a minhas palavras; despertai a sensibilidade de vossa alma; sacudi-vos, a fim de acordardes do sono da morte; e livrai-vos das penas do inferno, para não vos tornardes anjos do diabo e serdes jogados no lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte.
  12 E então eu, Jacó, disse muitas outras coisas ao povo de Néfi, admoestando-os contra a fornicação e a lascívia e toda espécie de pecado, mostrando-lhes suas terríveis conseqüências.
  13 E nem a centésima parte dos feitos deste povo, que agora começa a ser numeroso, pode ser escrita nestas placas; mas muitos dos seus feitos estão registrados nas placas maiores e suas guerras e suas contendas e os reinados de seus reis.
  14 Estas placas são chamadas placas de Jacó e foram feitas pela mão de Néfi. E termino estas palavras.

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CAPÍTULO 4
Todos os profetas adoravam o Pai em nome de Cristo—A oferta que Abraão fez de Isaque foi à semelhança de Deus e seu Unigênito—Os homens devem reconciliar-se com Deus por meio da expiação—Os judeus rejeitarão a pedra de fundamento. Aproximadamente 544–421 a.C.

  1 Ora, então aconteceu que eu, Jacó, tendo ensinado muito meu povo com palavras (e não posso escrever senão poucas de minhas palavras, devido à dificuldade de gravá-las em placas) e sabemos que as coisas que escrevemos em placas perdurarão;
  2 Tudo o que escrevermos, porém, que não seja em placas, perecerá e desaparecerá; mas podemos escrever algumas palavras em placas, que darão a nossos filhos e também a nossos amados irmãos um pequeno grau de conhecimento sobre nós, ou seja, sobre seus pais.
  3 Ora, nisto nos regozijamos; e trabalhamos diligentemente para gravar estas palavras em placas, na esperança de que nossos amados irmãos e nossos filhos as recebam com o coração agradecido e as examinem, para que aprendam com alegria, e não com tristeza nem com desdém, o que se refere a seus antepassados.
  4 Porque para este fim escrevemos estas coisas: para que tenham conhecimento de que sabíamos de Cristo e tínhamos esperança em sua glória muitos séculos antes de sua vinda; e não somente nós tínhamos esperança em sua glória, mas também todos os santos profetas que viveram antes de nós.
  5 Eis que eles acreditavam em Cristo e adoravam o Pai em seu nome; e também nós adoramos o Pai em seu nome. E com este propósito guardamos a lei de Moisés, que a ele guia nossa alma; e isso nos é atribuído como retidão, assim como a Abraão no deserto, a obediência às ordens de Deus de oferecer seu filho Isaque, o que é à semelhança de Deus e seu Filho Unigênito.
  6 Portanto estudamos os profetas e o espírito de profecia; e com todos estes dons obtemos uma esperança e nossa fé torna-se inabalável, de sorte que podemos verdadeiramente ordenar em nome de Jesus e as próprias árvores ou as montanhas ou as ondas do mar nos obedecem.
  7 Não obstante, o Senhor Deus mostra-nos as nossas fraquezas a fim de que saibamos que é por sua graça e sua grande condescendência para com os filhos dos homens que temos poder para fazer estas coisas.
  8 Eis que grandes e maravilhosas são as obras do Senhor. Quão insondáveis são as profundezas de seus mistérios! E é impossível ao homem descobrir todos os seus caminhos. E nenhum homem conhece seus caminhos, a não ser que lhe sejam divulgados; portanto, irmãos, não desprezeis as palavras de Deus.
  9 Pois eis que foi pelo poder de sua palavra que o homem apareceu na face da Terra, Terra essa que foi criada pelo poder de sua palavra. Portanto, se pôde Deus falar e o mundo existir; e falar e o homem ser criado, por que, pois, não há de poder comandar a Terra ou a obra de suas mãos na face da Terra, de acordo com a sua vontade e prazer?
  10 Portanto, irmãos, não tenteis dar conselhos ao Senhor, mas, sim, recebei conselhos de sua mão. Pois eis que vós mesmos sabeis que ele aconselha com sabedoria e justiça e grande misericórdia em todas as suas obras.
  11 Portanto, amados irmãos, reconciliai-vos com ele pela expiação de Cristo, seu Filho Unigênito; e podereis obter a ressurreição, de acordo com o poder da ressurreição que está em Cristo, e serdes apresentados como as primícias de Cristo a Deus, tendo fé e havendo obtido esperança de glória nele, antes que se manifeste na carne.
  12 E agora, amados, não vos admireis de que eu vos diga estas coisas; por que não falar, pois, da expiação de Cristo e conseguir um perfeito conhecimento dele, assim como um conhecimento da ressurreição e do mundo futuro?
  13 Portanto, meus irmãos, quem quer que profetize, que o faça ao alcance do entendimento humano, pois o espírito fala a verdade e não mente. Portanto fala de coisas como realmente são e de coisas como realmente serão; assim, estas coisas nos são manifestadas claramente para a salvação de nossa alma. Mas eis que não somos as únicas testemunhas destas coisas, porque Deus também as disse aos profetas da antiguidade.
  14 Mas eis que os judeus eram um povo obstinado e desprezaram as palavras claras e mataram os profetas e procuraram coisas que não podiam compreender. Portanto, devido a sua cegueira, cegueira que lhes adveio por olharem para além do marco, terão que cair, pois Deus tirou-lhes a sua clareza e entregou-lhes muitas coisas que não podem entender, pois assim o desejaram. E porque o desejaram, Deus o fez, para que tropecem.
  15 E agora eu, Jacó, sou guiado pelo espírito a profetizar, pois percebo, pela orientação do espírito que está em mim, que, por causa dos tropeços dos judeus, eles rejeitarão a pedra sobre a qual poderiam edificar e ter fundamento seguro.
  16 Mas eis que, de acordo com as escrituras, essa pedra virá a ser o grande e o último e o único fundamento seguro sobre o qual os judeus poderão edificar.
  17 E agora, meus amados, como é possível que eles, depois de haverem rejeitado o fundamento seguro, construam sobre ele para que venha a ser sua pedra de esquina?
  18 Eis que, meus amados irmãos, vos desvendarei este mistério, se a minha firmeza no espírito não for abalada de alguma forma e eu não tropeçar por causa de minha excessiva ansiedade por vós.

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CAPÍTULO 5
Jacó cita Zenos com referência à alegoria das oliveiras boas e das oliveiras bravas—Elas simbolizam Israel e os gentios—A dispersão e a coligação de Israel são prefiguradas—Alusões feitas aos nefitas e lamanitas e a toda a casa de Israel—Os gentios serão enxertados em Israel—No final, a vinha será queimada. Aproximadamente 544–421 a.C.

  1 Eis que, meus irmãos, não vos lembrais de haverdes lido as palavras do profeta Zenos à casa de Israel, quando disse:
  2 Ouve, ó casa de Israel, e escuta minhas palavras, palavras de um profeta do Senhor.
  3 Pois eis que assim diz o Senhor: Comparar-te-ei, ó casa de Israel, a uma boa oliveira que um homem cultivou em sua vinha; e ela cresceu e envelheceu e começou a definhar.
  4 E aconteceu que o dono da vinha viu que a sua oliveira começava a definhar; e ele disse: Podá-la-ei e cavarei ao seu redor e cuidarei dela, para que talvez brotem novos e tenros ramos e ela não morra.
  5 E aconteceu que a podou e cavou ao seu redor e cuidou dela, de acordo com sua palavra.
  6 E aconteceu que, passados muitos dias, começaram a brotar ramos pequenos, novos e tenros; mas eis que sua copa começou a morrer.
  7 E aconteceu que o dono da vinha viu isto e disse a seu servo: Sentiria perder esta árvore; portanto arranca os ramos de uma oliveira brava e traze-mos aqui; e arrancaremos os ramos principais, que estão começando a secar, e lançá-los-emos no fogo para que sejam queimados.
  8 E eis que, diz o Senhor da vinha, tirarei muitos destes ramos novos e tenros e enxertá-los-ei onde me agradar; e mesmo que a raiz desta árvore morra, poderei conservar o seu fruto para mim; portanto tomarei estes ramos novos e tenros e enxertá-los-ei onde me agradar.
  9 Tira os ramos da oliveira brava e enxerta-os no lugar deles; e os que eu arranquei, lançarei no fogo e queimarei, para que não obstruam o terreno de minha vinha.
  10 E aconteceu que o servo do Senhor da vinha agiu de acordo com a palavra do Senhor da vinha e enxertou os ramos da oliveira brava.
  11 E o Senhor da vinha fez com que se cavasse ao redor dela e que fosse podada e cuidada, dizendo a seu servo: Sentiria perder esta árvore; portanto fiz isto para ver se posso conservar as suas raízes, a fim de que não morram e eu as conserve para mim.
  12 Portanto vai; vigia a árvore e cuida dela, segundo minhas palavras.
  13 E estes ramos colocarei na parte mais baixa de minha vinha, onde me agradar; a ti não importa; e assim faço para poder conservar para mim os ramos naturais da árvore; e também a fim de guardar os frutos para mim, para a estação; porque sentiria perder esta árvore e seus frutos.
  14 E aconteceu que o Senhor da vinha foi esconder os ramos naturais da boa oliveira nas partes mais baixas da vinha, alguns numa parte, outros noutra, de acordo com o seu prazer e vontade.
  15 E aconteceu que se passou muito tempo e o Senhor da vinha disse a seu servo: Vem, vamos à vinha para trabalhar nela.
  16 E aconteceu que o Senhor da vinha e também o servo desceram à vinha para trabalhar. E aconteceu que o servo disse a seu amo: Olha aqui; vê a árvore.
  17 E aconteceu que o Senhor da vinha olhou e viu a árvore na qual haviam sido enxertados os ramos da oliveira brava; e ela havia brotado e começara a dar frutos. E ele viu que eram bons; e seus frutos eram semelhantes aos frutos naturais.
  18 E ele disse ao servo: Eis que os ramos da árvore brava absorveram a umidade da sua raiz, de modo que a sua raiz produziu muita força; e por causa da grande força da raiz, os ramos bravos produziram frutos bons. Ora, se não tivéssemos enxertado estes ramos, a árvore teria morrido. E agora, eis que conservarei muitos frutos dos que a árvore produziu; e guardarei os seus frutos para mim, para a estação.
  19 E aconteceu que o Senhor da vinha disse ao servo: Vem, vamos à parte mais baixa da vinha para ver se os ramos naturais também deram muitos frutos, a fim de que eu possa guardá-los para mim, para a estação.
  20 E aconteceu que foram ao lugar onde o amo havia escondido os ramos naturais da árvore e ele disse ao servo: Vê estes; e ele viu que o primeiro dera muitos frutos e viu também que eram bons. E disse ao servo: Tira os frutos e guarda-os para a estação, a fim de que eu os preserve para mim; pois eis que, disse ele, eu tenho cuidado dela todo este tempo e ela produziu muitos frutos.
  21 E aconteceu que o servo disse a seu amo: Como vieste plantar aqui esta árvore ou este ramo da árvore? Pois eis que este era o pedaço mais improdutivo de toda a terra de tua vinha.
  22 E o Senhor da vinha disse-lhe: Não me dês conselhos. Eu sabia que era um pedaço de terra improdutivo; por isso disse-te que tratei da árvore todo este tempo; e vês que produziu muitos frutos.
  23 E aconteceu que o Senhor da vinha disse a seu servo: Olha aqui; vê que também plantei outro ramo da árvore; e tu sabes que este pedaço de terra era mais improdutivo que o primeiro. Mas olha a árvore. Tratei dela todo este tempo e ela produziu muitos frutos; ajunta-os, portanto, e guarda-os para a estação, a fim de que eu os preserve para mim.
  24 E aconteceu que o Senhor da vinha tornou a dizer a seu servo: Olha aqui e vê também um outro ramo que plantei; eis que também tratei dele e produziu frutos.
  25 E disse ao servo: Olha aqui e vê o último. Eis que este eu plantei num pedaço de terra fértil; e cuidei dele durante todo este tempo e somente uma parte da árvore produziu frutos bons; e a outra parte da árvore produziu frutos bravos; eis que eu tratei desta árvore como das outras.
  26 E aconteceu que o Senhor da vinha disse ao servo: Arranca os ramos que não produziram bons frutos e lança-os no fogo.
  27 Mas eis que o servo lhe disse: Podemo-la e cavemos ao redor dela e cuidemos dela um pouco mais, para que talvez produza bons frutos para ti, a fim de que possas guardá-los para a estação.
  28 E aconteceu que o Senhor da vinha e o servo do Senhor da vinha cuidaram de todos os frutos da vinha.
  29 E aconteceu que se passou muito tempo e o Senhor da vinha disse a seu servo: Vem, desçamos à vinha para tornarmos a trabalhar na vinha. Pois eis que o tempo se aproxima e o fim logo virá; portanto devo guardar frutos para mim, para a estação.
  30 E aconteceu que o Senhor da vinha e o servo desceram à vinha; e foram até a árvore da qual haviam tirado os ramos naturais e onde haviam enxertado os ramos bravos; e eis que toda espécie de frutos sobrecarregavam a árvore.
  31 E aconteceu que o Senhor da vinha provou dos frutos, cada tipo segundo seu número. E o Senhor da vinha disse: Eis que durante todo este tempo cuidamos desta árvore e guardei para mim muitos frutos, para a estação.
  32 Mas eis que, desta vez, produziu muitos frutos e nenhum deles é bom. E eis que há toda espécie de frutos maus; e de nada me servem, apesar de todo o nosso trabalho; e agora sentiria perder esta árvore.
  33 E o Senhor da vinha disse ao servo: Que faremos por esta árvore, a fim de novamente guardar seus frutos bons para mim?
  34 E o servo disse a seu amo: Olha, por teres enxertado ramos da oliveira brava, eles nutriram as raízes, de modo que estão vivas e não morreram; vês, portanto, que ainda estão boas.
  35 E aconteceu que o Senhor da vinha disse a seu servo: De nada me serve a árvore e suas raízes de nada me servem enquanto produzir frutos maus.
  36 Não obstante, sei que suas raízes estão boas e, para um propósito meu, preservei-as; e por causa de sua grande força, elas produziram até aqui, dos ramos bravos, bons frutos.
  37 Mas eis que os ramos bravos cresceram e superaram as raízes da árvore; e por haverem os ramos bravos sobrepujado as raízes, ela produziu muitos frutos maus; e porque produziu muitos frutos maus, vês que começou a morrer; e logo estará madura, podendo ser lançada no fogo, a menos que façamos algo para preservá-la.
  38 E aconteceu que o Senhor da vinha disse a seu servo: Desçamos às partes mais baixas da vinha, para ver se os ramos naturais também produziram frutos maus.
  39 E aconteceu que desceram às partes mais baixas da vinha. E aconteceu que viram que os frutos dos ramos naturais também se haviam corrompido; sim, o primeiro e o segundo e também o último; e todos se haviam corrompido.
  40 E os frutos bravos do último haviam sobrepujado a parte da árvore que produzira frutos bons, tanto assim que o ramo havia secado e morrido.
  41 E aconteceu que o Senhor da vinha chorou e disse ao servo: Que mais poderia ter eu feito pela minha vinha?
  42 Eis que eu sabia que todos os frutos da vinha, exceto estes, se haviam corrompido. E agora estes, que produziam bons frutos, também se corromperam; e agora todas as árvores de minha vinha não servem para nada, a não ser para serem cortadas e lançadas no fogo.
  43 E eis que esta última, cujo ramo secou, foi por mim plantada num pedaço de terra fértil; sim, aquele que para mim era melhor do que todas as outras partes do terreno de minha vinha.
  44 E tu viste que também cortei o que obstruía este pedaço de terra, a fim de plantar esta árvore em seu lugar.
  45 E tu viste que uma parte dela produziu bons frutos e uma parte dela produziu frutos bravos; e por não ter eu arrancado seus ramos e não os ter lançado no fogo, eis que superaram o ramo bom, de modo que ele secou.
  46 E agora eis que, apesar de todo o cuidado que tivemos com a minha vinha, as suas árvores corromperam-se, de modo que não produzem bons frutos; e estas eu tinha esperança de conservar, a fim de guardar seus frutos para mim, para a estação. Mas eis que elas se tornaram como a oliveira brava e não servem para coisa alguma, a não ser para serem acortadas e lançadas no fogo; e sinto perdê-las.
  47 O que mais, porém, poderia eu ter feito na minha vinha? Por acaso deixou minha mão de cuidar dela? Não, eu cuidei dela e cavei ao seu redor e podei-a e adubei-a; e estendi a mão quase todo o dia e o fim se aproxima. E sinto cortar todas as árvores de minha vinha e lançá-las no fogo, para que sejam queimadas. Quem é que corrompeu a minha vinha?
  48 E aconteceu que o servo disse a seu amo: Não será a altura da tua vinha? Não terão os ramos superado as raízes que são boas? E porque os ramos superaram as raízes, eis que eles cresceram mais depressa do que a força das raízes, tomando força para si mesmos. Eis que, digo eu, não será esta a causa de se haverem corrompido as árvores de tua vinha?
  49 E aconteceu que o Senhor da vinha disse ao servo: Vamos, cortemos as árvores da vinha e lancemo-las no fogo, para que não obstruam o terreno de minha vinha, porque fiz o que pude. Que mais poderia eu ter feito pela minha vinha?
  50 Mas eis que o servo disse ao Senhor da vinha: Poupa-a um pouco mais.
  51 E o Senhor disse: Sim, poupá-la-ei um pouco mais, porque sentiria perder as árvores de minha vinha.
  52 Portanto tomemos os ramos destas que plantei nas partes mais baixas da minha vinha e enxertemo-los na árvore da qual procederam; e arranquemos da árvore os ramos que dão os frutos mais amargos e enxertemos em seu lugar os ramos naturais da árvore.
  53 E isso eu farei para que a árvore não morra, a fim de, talvez, preservar para mim suas raízes, para um propósito meu.
  54 E eis que as raízes dos ramos naturais da árvore, que plantei onde me agradou, ainda estão vivas; portanto, para que eu as preserve também para um propósito meu, tomarei ramos desta árvore e enxertá-los-ei nelas. Sim, enxertarei nelas os ramos da árvore original, para que também eu preserve as raízes para mim, a fim de que, quando estiverem bastante fortes, produzam talvez bons frutos para mim e eu ainda tenha glória no fruto de minha vinha.
  55 E aconteceu que eles tiraram da árvore natural, que se tornara brava, e enxertaram nas árvores naturais, que também se haviam tornado bravas.
  56 E eles também tiraram das árvores naturais, que se haviam tornado bravas, e enxertaram na sua árvore original.
  57 E o Senhor da vinha disse ao servo: Não arranques os ramos bravos das árvores, a não ser os que são muito amargos; e nelas enxertarás conforme eu disse.
  58 E cuidaremos novamente das árvores da vinha e podaremos seus ramos; e arrancaremos das árvores os ramos amadurecidos e que devem morrer e lançá-los-emos no fogo.
  59 E assim faço para que as raízes talvez se fortaleçam por causa de sua boa qualidade e para que, trocando os ramos, os bons possam sobrepujar os maus.
  60 E porque conservei os ramos naturais e suas raízes e voltei a enxertar os ramos naturais em sua árvore original; e conservei as raízes da árvore original, para que as árvores de minha vinha talvez tornassem a produzir bons frutos; e para que eu voltasse a regozijar-me com o fruto de minha vinha e talvez regozijar-me muito por ter preservado as raízes e os ramos do primeiro fruto.
  61 Vai, pois, e chama servos, para que trabalhemos diligentemente, com todo o afinco, na vinha, a fim de prepararmos o meio pelo qual eu volte a obter o fruto natural, fruto natural que é bom e mais precioso do que qualquer outro fruto.
  62 Portanto vamos trabalhar esta última vez, com todo o afinco, pois eis que se aproxima o fim; e será esta a última vez que podarei minha vinha.
  63 Enxertai os ramos; começai pelos últimos, para que sejam os primeiros e para que os primeiros sejam os últimos; e cavai ao redor das árvores, tanto velhas como novas, as primeiras e as últimas; e as últimas e as primeiras, para que todas voltem a ser tratadas pela última vez.
  64 Portanto cavai ao redor delas e podai-as e adubai-as novamente, pela última vez, porque o fim se aproxima. E se estes últimos enxertos se desenvolverem e produzirem o fruto natural, então preparareis o caminho para eles, a fim de que cresçam.
  65 E à medida que começarem a crescer, tirareis os ramos que produzirem frutos amargos, segundo a força e o tamanho dos bons; e não tirareis os maus todos de uma vez, para que as raízes não se tornem fortes demais para o enxerto e o seu enxerto morra e eu perca as árvores de minha vinha.
  66 Porque sentiria perder as árvores de minha vinha; portanto tirareis os maus, à medida que os bons forem crescendo, para que a raiz e a copa tenham a mesma força, até que os bons sobrepujem os maus e os maus sejam cortados e lançados no fogo, para que não obstruam o terreno de minha vinha; e assim varrerei os maus de minha vinha.
  67 E os ramos da árvore natural tornarei a enxertar na árvore natural.
  68 E os ramos da árvore natural enxertarei nos ramos naturais da árvore; e assim tornarei a juntá-los, para que produzam o fruto natural; e eles serão um.
  69 E os maus serão atirados fora, sim, fora de toda a terra de minha vinha; pois eis que somente esta vez podarei a minha vinha.
  70 E aconteceu que o Senhor da vinha enviou seu servo; e o servo fez como lhe ordenara o Senhor e trouxe outros servos; e eram poucos.
  71 E o Senhor da vinha disse-lhes: Ide trabalhar na vinha com todo o afinco, pois eis que esta é a última vez que trato de minha vinha; porque o fim está próximo e o tempo rapidamente se aproxima; e se trabalhardes comigo, com afinco, tereis alegria no fruto que guardarei para mim, para o tempo que logo virá.
  72 E aconteceu que os servos foram e trabalharam com todo o afinco; e o Senhor da vinha também trabalhou com eles; e obedeceram aos mandamentos do Senhor da vinha em todas as coisas.
  73 E a vinha voltou a produzir o fruto natural; e os ramos naturais começaram a crescer e a desenvolver-se muito; e os ramos bravos começaram a ser arrancados e lançados fora; e conservaram igualdade de força entre a raiz e a copa das árvores.
  74 E assim trabalharam com toda a diligência, segundo os mandamentos do Senhor da vinha, até os maus serem lançados para fora da vinha e o Senhor ter preservado para si as árvores que se haviam tornado novamente fruto natural; e tornaram-se como um corpo e os frutos eram iguais; e o Senhor da vinha conservara para si o fruto natural, que lhe fora muito precioso desde o começo.
  75 E aconteceu que quando o Senhor da vinha viu que seu fruto era bom e que sua vinha não estava mais corrompida, chamou seus servos e disse-lhes: Eis que pela última vez cuidamos de minha vinha e vedes que procedi de acordo com a minha vontade; e conservei o fruto natural, que é bom, assim como o era no princípio. E benditos sois vós; pois por terdes sido diligentes ao trabalhar comigo na minha vinha e por terdes guardado os meus mandamentos e tornado a trazer-me o fruto natural, de modo que não está mais corrompida a minha vinha e o mau foi lançado fora, eis que vos regozijareis comigo por causa do fruto de minha vinha.
  76 Pois eis que por um longo tempo guardarei para mim o fruto de minha vinha, para a estação que se aproxima rapidamente; e pela última vez cuidei de minha vinha e podei-a e cavei ao redor dela e adubei-a; portanto guardarei de seu fruto para mim por muito tempo, de acordo com o que eu disse.
  77 E quando chegar o tempo em que frutos maus tornarem a aparecer em minha vinha, então farei reunir os bons e os maus; e os bons guardarei para mim e os maus lançarei no seu próprio lugar. E então virá o tempo e o fim; e farei com que minha vinha seja queimada com fogo.

LIVRO DE JACÓ
IRMÃO DE NÉFI

CAPÍTULO 6
O Senhor recuperará Israel nos últimos dias—O mundo será queimado com fogo—Os homens devem seguir a Cristo para evitar o lago de fogo e enxofre. Aproximadamente 544–421 a.C.

  1 E agora eis que, meus irmãos, como vos disse que profetizaria, eis que esta é a minha profecia: que as coisas que este profeta Zenos disse referentes à casa de Israel, comparando-a a uma oliveira boa, seguramente acontecerão.
  2 E o dia em que o Senhor tornar a estender a mão pela segunda vez para recuperar seu povo, será o dia, sim, a última vez em que os servos do Senhor irão, com o seu poder, cuidar de sua vinha e podá-la; e, depois disso, logo virá o fim.
  3 E quão abençoados são os que trabalharam diligentemente na sua vinha! E quão amaldiçoados os que forem lançados fora, para o seu próprio lugar! E o mundo será queimado com fogo.
  4 E quão misericordioso é nosso Deus para conosco, porque se lembra da casa de Israel, tanto das raízes como dos ramos; e estende-lhes as mãos o dia inteiro; e eles são um povo obstinado e contestador; mas todos os que não endurecerem o coração serão salvos no reino de Deus.
  5 Portanto, meus amados irmãos, eu vos suplico, com palavras solenes, que vos arrependais e que vos apegueis a Deus de todo o coração, como ele se apega a vós. E enquanto seu braço de misericórdia estiver estendido para vós, à luz do dia, não endureçais o coração.
  6 Sim, hoje, se quiserdes ouvir sua voz, não endureçais o coração; pois por que desejais morrer?
  7 Pois eis que após haverdes sido nutridos pela boa palavra de Deus o dia inteiro, produzireis maus frutos para serdes cortados e lançados no fogo?
  8 Eis que rejeitareis estas palavras? Rejeitareis as palavras dos profetas? E rejeitareis todas as palavras que foram ditas sobre Cristo, depois de tantos haverem falado sobre ele?
  9 Não sabeis que, se fizerdes estas coisas, o poder da redenção e da ressurreição, que está em Cristo, vos levará, com vergonha e terrível culpa, ao tribunal de Deus?
  10 E segundo o poder da justiça, pois a justiça não pode ser negada, tereis que ir para o lago de fogo e enxofre, cujas chamas são inextinguíveis e cuja fumaça ascende para todo o sempre; e o lago de fogo e enxofre é tormento sem fim.
  11 Ó, meus amados irmãos, arrependei-vos e entrai pela porta estreita; e continuai no caminho apertado até obterdes a vida eterna.
  12 Oh! Sede sábios! Que mais poderei dizer?
  13 Por fim, despeço-me de vós até encontrar-me convosco diante do agradável tribunal de Deus, tribunal que causa aos iníquos terrível espanto e medo. Amém.

LIVRO DE JACÓ
IRMÃO DE NÉFI

CAPÍTULO 7
Serém nega a Cristo, contende com Jacó, exige um sinal e é ferido por Deus—Todos os profetas falaram sobre Cristo e sua expiação—Os nefitas viveram seus dias como errantes, nascidos em meio a tribulações e odiados pelos lamanitas. Aproximadamente 544–421 a.C.

  1 E então aconteceu que, passados alguns anos, apareceu entre o povo de Néfi um homem cujo nome era Serém.
  2 E aconteceu que ele começou a pregar ao povo e a declarar-lhes que não haveria Cristo algum. E pregou muitas coisas que eram lisonjeiras para o povo; e isto fez a fim de destruir a doutrina de Cristo.
  3 E trabalhou diligentemente para desviar o coração do povo, tanto que conseguiu desviar muitos corações; e sabendo que eu, Jacó, tinha fé no Cristo que haveria de vir, procurou muito uma oportunidade para encontrar-se comigo.
  4 E ele era instruído, de modo que tinha perfeito conhecimento da língua do povo; podia, portanto, usar de muita lisonja e muita eloqüência, de acordo com o poder do diabo.
  5 E tinha esperança de afastar-me da fé, não obstante as muitas palavras e o muito que eu vira com referência a estas coisas; porque eu verdadeiramente vira anjos e recebera o seu ministério. E também ouvira a voz do Senhor, verdadeiramente me falando de tempos em tempos; portanto eu não podia ser abalado.
  6 E aconteceu que ele veio a mim e desta maneira falou-me, dizendo: Irmão Jacó, procurei muito esta oportunidade de falar-te, porque ouvi e também sei que tens andado muito, pregando o que chamas de evangelho, ou seja, a doutrina de Cristo.
  7 E tu tens desviado muitos deste povo, de maneira que pervertem o caminho correto de Deus e não guardam a lei de Moisés, que é o caminho correto; e convertes a lei de Moisés na adoração de um ser que dizes que virá daqui a muitos séculos. E agora eis que eu, Serém, declaro-te que isso é blasfêmia; pois nenhum homem sabe de tais coisas, porque não pode falar de coisas futuras. E desta maneira Serém contendia comigo.
  8 Mas eis que o Senhor Deus me derramou na alma o seu espírito, de maneira que eu o confundi em todas as suas palavras.
  9 E disse-lhe: Negas o Cristo que virá? E ele disse: Se houvesse um Cristo, eu não o negaria; sei, porém, que não existe Cristo algum, nem existiu, nem existirá.
  10 E disse-lhe eu: Crês nas escrituras? E ele disse: Sim.
  11 E eu disse: Então não as entendes, porque elas verdadeiramente testificam de Cristo. Eis que te digo que nenhum dos profetas escreveu nem profetizou sem ter falado sobre este Cristo.
  12 E isto não é tudo; sei portanto que, se não houver expiação, toda a humanidade certamente se perderá.
  13 E aconteceu que ele me disse: Mostra-me um sinal, por esse poder do espírito mediante o qual sabes tanto.
  14 E eu disse-lhe: Quem sou eu para tentar a Deus, a fim de mostrar-te um sinal do que tu sabes ser verdade? Não obstante, tu negá-lo-ás, porque és do diabo. Contudo, não seja feita a minha vontade; mas se Deus te ferir, que seja esse um sinal para ti de que ele tem poder tanto nos céus como na Terra; e também de que Cristo virá. E seja feita a tua vontade, ó Senhor, e não a minha.
  15 E aconteceu que quando eu, Jacó, disse estas palavras, o poder do Senhor desceu sobre ele, de modo que ele caiu por terra. E aconteceu que foi alimentado pelo espaço de muitos dias.
  16 E aconteceu que ele disse ao povo: Reuni-vos amanhã, porque vou morrer; portanto desejo falar ao povo antes de morrer.
  17 E aconteceu que no dia seguinte a multidão se reuniu; e ele falou-lhes claramente, negou as coisas que havia ensinado e confessou o Cristo e o poder do espírito e o ministério de anjos.
  18 E disse-lhes claramente que havia sido enganado pelo poder do diabo. E falou do inferno e da eternidade e do castigo eterno.
  19 E disse: Temo haver cometido o pecado imperdoável, porque menti a Deus; pois neguei o Cristo e disse que acreditava nas escrituras; e elas verdadeiramente testificam dele. E por haver assim mentido a Deus, tenho muito medo de que a minha situação seja terrível; mas a Deus confesso-me.
  20 E aconteceu que após ter dito estas palavras, nada mais pôde dizer e entregou o espírito.
  21 E a multidão, tendo testemunhado que ele dissera estas coisas quando estava prestes a entregar o espírito, ficou muito assombrada; tanto que o poder de Deus desceu sobre eles e foram dominados, de modo que caíram por terra.
  22 Ora, isso agradou a mim, Jacó, pois havia-o pedido a meu Pai, que estava no céu; ele ouvira, pois, o meu clamor e respondera a minha oração.
  23 E aconteceu que a paz e o amor de Deus foram mais uma vez restaurados entre o povo; e eles examinaram as escrituras e não mais deram ouvidos às palavras desse homem iníquo.
  24 E aconteceu que muitos meios foram imaginados para regenerar os lamanitas e reconduzi-los ao conhecimento da verdade; mas tudo foi em vão, pois eles deleitavam-se em guerras e derramamento de sangue e tinham um ódio eterno contra nós, seus irmãos. E procuravam continuamente destruir-nos com o poder de suas armas.
  25 Portanto o povo de Néfi se fortaleceu contra eles, com suas armas e com todo o seu poder, confiando no Deus e rocha de sua salvação; portanto se tornaram, até aquele momento, vencedores de seus inimigos.
  26 E aconteceu que eu, Jacó, comecei a envelhecer; e como o registro deste povo está sendo escrito nas outras placas de Néfi, termino, portanto, este registro, declarando que escrevi segundo o melhor do meu conhecimento, dizendo que o tempo passou para nós e nossa vida também passou como se fosse um sonho, sendo nós um povo solitário e solene, errante, expulso de Jerusalém, nascido em meio a tribulações num deserto e odiado por nossos irmãos, o que causou guerras e contendas; assim, lamentamo-nos até o fim de nossos dias.
  27 E eu, Jacó, vi que logo deveria baixar à sepultura; portanto disse a meu filho Enos: Toma estas placas. E transmiti-lhe as coisas que meu irmão Néfi me ordenara; e Enos prometeu obediência às ordens. E termino meu registro nestas placas, tendo escrito pouco; e despeço-me do leitor, esperando que muitos de meus irmãos possam ler minhas palavras. Irmãos, adeus.

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