Livro de Mosias

CAPÍTULO 1
O rei Benjamim ensina a seus filhos o idioma e as profecias de seus pais—Sua religião e civilização foram preservadas por causa dos registros gravados nas várias placas—Mosias é escolhido rei e recebe a custódia dos registros e de outras coisas. Aproximadamente 130–124 a.C.

  1 E ENTÃO não houve mais contendas em toda a terra de Zaraenla, entre todo o povo que pertencia ao rei Benjamim, de modo que o rei Benjamim gozou de paz contínua todo o restante de seus dias.
  2 E aconteceu que ele tinha três filhos; e dera-lhes os nomes de Mosias e Helorum e Helamã. E fez com que fossem instruídos em todo o idioma de seus pais, para que assim se tornassem homens de entendimento; e para que soubessem das profecias que haviam sido feitas pela boca de seus pais e que lhes foram entregues pela mão do Senhor.
  3 E ele também os ensinou sobre os registros que estavam gravados nas placas de latão, dizendo: Meus filhos, quisera que vos lembrásseis de que, se não fosse por estas placas que contêm estes registros e estes mandamentos, teríamos permanecido em ignorância até o presente, não conhecendo os mistérios de Deus.
  4 Porque não teria sido possível a nosso pai, Leí, lembrar-se de todas estas coisas para ensiná-las a seus filhos, se não fosse pelo auxílio destas placas; pois tendo ele sido instruído no idioma dos egípcios podia, portanto, ler estas gravações e ensiná-las a seus filhos, para que assim eles pudessem ensiná-las a seus filhos, cumprindo desta forma os mandamentos de Deus até o presente.
  5 Digo-vos, meus filhos, que se não fosse por estas coisas que foram guardadas e preservadas pela mão de Deus para que pudéssemos ler e compreender os seus mistérios e ter seus mandamentos sempre diante dos olhos, até mesmo nossos pais teriam degenerado, caindo na incredulidade; e teríamos sido como nossos irmãos, os lamanitas, que nada sabem a respeito destas coisas ou nem sequer nelas crêem quando lhes são ensinadas, por causa das tradições de seus pais, que não são corretas.
  6 Ó meus filhos, quisera que vos lembrásseis de que estas palavras são verdadeiras e também de que estes registros são verdadeiros. E eis que também as placas de Néfi, que contêm os registros e as palavras de nossos pais desde o tempo em que deixaram Jerusalém até agora, são verdadeiras; e podemos saber da veracidade delas porque as temos diante dos olhos.
  7 E agora, meus filhos, quisera que vos lembrásseis de examiná-las diligentemente, para que delas vos beneficieis; e quisera que bguardásseis os mandamentos de Deus para que cprospereis na terra, segundo as promessas que o Senhor fez a nossos pais.
  8 E muitas coisas mais o rei Benjamim ensinou a seus filhos, as quais não estão escritas neste livro.
  9 E aconteceu que depois de haver ensinado seus filhos, o rei Benjamim envelheceu e viu que muito em breve seguiria pelo caminho de toda a Terra; portanto julgou ser oportuno conferir o reino a um de seus filhos.
  10 Portanto ele fez com que Mosias fosse levado a sua presença; e estas são as palavras que ele lhe falou, dizendo: Meu filho, quisera que fizesses uma proclamação por toda esta terra, entre todo este povo, ou melhor, o povo de Zaraenla e o povo de Mosias que habita esta terra, para que se reúnam; porque amanhã proclamarei a este meu povo, de viva voz, que tu és rei e governante deste povo que o Senhor nosso Deus nos deu.
  11 E ademais, darei a este povo um nome, para que assim sejam distinguidos de todos os povos que o Senhor Deus trouxe da terra de Jerusalém; e isto faço porque tem sido um povo diligente na obediência aos mandamentos do Senhor.
  12 E dou-lhes um nome que jamais será apagado, salvo em caso de transgressão.
  13 Sim, e ainda mais, digo-te que se este povo altamente favorecido pelo Senhor cair em transgressão e tornar-se um povo iníquo e adúltero, o Senhor os abandonará, para que assim se tornem fracos como seus irmãos; e ele não mais os preservará com seu incomparável e maravilhoso poder, como até agora preservou nossos pais.
  14 Porque te digo que se ele não houvesse estendido o braço para preservar nossos pais, eles teriam caído nas mãos dos lamanitas, tornando-se vítimas de seu ódio.
  15 E aconteceu que depois de haver o rei Benjamim terminado de dizer estas palavras a seu filho, encarregou-o de todos os assuntos do reino.
  16 Além disso, também o encarregou dos registros que estavam gravados nas placas de latão; e também das placas de Néfi; e também da espada de Labão e da esfera ou guia que conduziu nossos pais pelo deserto, que fora preparada pela mão do Senhor para que assim fossem dirigidos, cada um segundo o cuidado e atenção que lhe davam.
  17 Portanto, como foram infiéis, não prosperaram nem progrediram em sua jornada, mas foram impelidos para trás e incorreram no desagrado de Deus; e foram, portanto, atingidos pela fome e duras aflições, para que se lembrassem de seus deveres.
  18 E então aconteceu que Mosias foi e fez como seu pai lhe ordenara; e conclamou todo o povo que estava na terra de Zaraenla a reunir-se para ir ao templo ouvir as palavras que seu pai lhes diria.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 2
O rei Benjamim fala a seu povo—Relata a equidade, justiça e espiritualidade de seu reinado—Aconselha o povo a servir a seu Rei Celestial—Aqueles que se rebelarem contra Deus sofrerão angústia semelhante a um fogo inextinguível. Aproximadamente 124 a.C.

  1 E aconteceu que após Mosias haver feito o que seu pai lhe ordenara e haver feito uma proclamação por toda a terra, o povo congregou-se por toda a terra, a fim de subir ao templo para ouvir as palavras que o rei Benjamim lhes diria.
  2 E eram tantos, que não foram contados; porque eles se haviam multiplicado muito, tornando-se numerosos na terra.
  3 E também tomaram das primícias de seus rebanhos, para oferecerem sacrifícios e holocaustos segundo a lei de Moisés.
  4 E também, para poderem dar graças ao Senhor seu Deus, que os tirara da terra de Jerusalém e livrara-os das mãos de seus inimigos; e nomeara homens justos para serem seus mestres e também um homem justo para ser seu rei, o qual estabelecera a paz na terra de Zaraenla e ensinara-lhes a guardar os mandamentos de Deus, a fim de que se regozijassem e se enchessem de amor para com Deus e todos os homens.
  5 E aconteceu que quando subiram ao templo armaram suas tendas nos arredores, cada homem conforme sua família, que consistia na esposa e nos filhos e nas filhas; e nos filhos e nas filhas destes, do mais velho ao mais jovem, cada família separada uma da outra.
  6 E armaram suas tendas ao redor do templo, cada homem com a porta de sua tenda voltada para o templo, a fim de que pudessem permanecer nas suas tendas e ouvir as palavras que o rei Benjamim lhes diria;
  7 Por ser a multidão tão grande que o rei Benjamim não poderia ensinar a todos dentro dos muros do templo, ele fez construir uma torre, para que assim seu povo pudesse ouvir as palavras que lhes diria.
  8 E aconteceu que, da torre, ele começou a falar a seu povo; e nem todos podiam ouvir-lhe as palavras, por causa do tamanho da multidão; portanto fez com que suas palavras fossem escritas e enviadas àqueles que se achavam fora do alcance de sua voz, para que também recebessem suas palavras.
  9 E estas são as palavras que ele disse e fez com que fossem escritas, dizendo: Meus irmãos, todos que vos haveis reunido, vós que podeis ouvir as palavras que hoje vos direi; pois não ordenei que viésseis aqui para ouvir levianamente as palavras que direi, mas para que me escuteis e abrais os ouvidos para ouvir e o coração para entender e vossa mente para que os mistérios de Deus vos sejam divulgados.
  10 Não ordenei que subísseis aqui para que me temêsseis ou para que pensásseis que eu, por mim mesmo, seja mais que um homem mortal.
  11 Mas sou como vós mesmos, sujeito a toda sorte de enfermidades do corpo e da mente; contudo fui escolhido por este povo e consagrado por meu pai; e a mão do Senhor permitiu que eu fosse governante e rei deste povo; e fui guardado e preservado por seu incomparável poder para servir-vos com todo o poder, mente e força que o Senhor me concedeu.
  12 E digo-vos que como me foi permitido empregar meus dias a vosso serviço até este momento e não tentei obter de vós nem ouro nem prata nem qualquer tipo de riqueza;
  13 Nem permiti que fôsseis confinados em calabouços nem que escravizásseis uns aos outros nem que assassinásseis nem pilhásseis nem roubásseis nem cometêsseis adultério; nem permiti que cometêsseis qualquer tipo de iniquidade, mas ensinei-vos que devíeis guardar os mandamentos do Senhor em todas as coisas que ele vos ordenou.
  14 E eu mesmo tenho trabalhado com minhas próprias mãos, a fim de vos servir; e para que não sejais sobrecarregados com impostos e não recaiam sobre vós coisas difíceis de suportar; e vós mesmos sois testemunhas, neste dia, de todas estas coisas que falei.
  15 Contudo, meus irmãos, não fiz estas coisas todas para vangloriar-me nem conto estas coisas para assim poder acusar-vos; mas digo-vos estas coisas para que saibais que hoje posso responder ante Deus com uma consciência limpa.
  16 Eis que vos digo, ao afirmar-vos haver empregado meus dias a vosso serviço, que não é meu desejo vangloriar-me, porque só estive a serviço de Deus.
  17 E eis que vos digo estas coisas para que aprendais sabedoria; para que saibais que, quando estais a serviço de vosso próximo, estais somente a serviço de vosso Deus.
  18 Eis que me haveis chamado vosso rei; e se eu, a quem chamais vosso rei, trabalho para vos servir, não deveis vós trabalhar para vos servirdes uns aos outros?
  19 E eis também que se eu, a quem chamais vosso rei, que passou os seus dias a vosso serviço e, contudo, esteve a serviço de Deus, mereço algum agradecimento de vós, oh! quanto deveis agradecer a vosso Rei celestial!
  20 Digo-vos, meus irmãos, que se renderdes todas as graças e louvores, com todo o poder de vossa alma, àquele Deus que vos criou e guardou e preservou e fez com que vos regozijásseis e vos concedeu viverdes em paz uns com os outros.
  21 Digo-vos que se servirdes ao que vos criou desde o princípio e vos está preservando dia a dia, dando-vos alento para que possais viver, mover-vos e agir segundo vossa própria vontade; e até vos apoiando de momento a momento, digo-vos que se o servirdes com toda a alma, ainda assim sereis servos inúteis.
  22 E eis que tudo que ele requer de vós é que guardeis seus mandamentos; e ele prometeu-vos que, se guardásseis seus mandamentos, prosperaríeis na terra; e ele nunca se desvia do que disse; portanto, se guardardes seus mandamentos, ele vos abençoará e far-vos-á prosperar.
  23 Ora! em primeiro lugar ele vos criou e concedeu-vos a vida, pelo que lhe sois devedores.
  24 E, em segundo lugar, ele requer que façais conforme vos ordenou; e se o fizerdes, ele imediatamente vos abençoará; e, portanto, ter-vos-á pago. E vós ainda lhe sereis devedores e o sois e sê-lo-eis para sempre; portanto, de que vos podeis vangloriar?
  25 E agora vos pergunto: Podeis dizer algo de vós mesmos? Respondo-vos: Não. Não podeis dizer que sois nem mesmo como o pó da Terra; no entanto, fostes criados do da Terra; mas eis que o pó pertence àquele que vos criou.
  26 E eu, mesmo eu, a quem chamais vosso rei, não sou melhor do que vós, porque eu também sou do pó. E vedes que estou velho e prestes a entregar este corpo mortal a sua mãe terra.
  27 Portanto, como disse que vos havia servido, andando com a consciência limpa diante de Deus, assim vos fiz reunir nesta ocasião, para que eu possa ser declarado inocente e para que vosso sangue não recaia sobre mim quando me apresentar para ser julgado por Deus pelas coisas que ele me ordenou, concernentes a vós.
  28 E digo que vos fiz reunir para poder livrar minhas vestimentas de vosso sangue, nesta ocasião em que estou para descer a minha sepultura, a fim de que eu desça em paz e meu espírito imortal possa juntar-se aos coros excelsos, cantando louvores a um justo Deus.
  29 E ademais, digo-vos que vos fiz reunir para declarar-vos que não posso mais ser vosso mestre nem vosso rei;
  30 Porque, mesmo agora, todo o meu corpo treme muito enquanto me esforço para vos falar; mas o Senhor Deus me sustém e permitiu-me que vos falasse; e ordenou-me que vos declarasse hoje que meu filho Mosias é vosso rei e governante.
  31 E agora, meus irmãos, quisera que agísseis como tendes feito até aqui. Assim como tendes guardado os meus mandamentos e também os mandamentos de meu pai e tendes prosperado e fostes livrados de cair nas mãos de vossos inimigos, de igual maneira, se guardardes os mandamentos de meu filho, ou seja, os mandamentos de Deus que por ele vos serão transmitidos, prosperareis na terra e vossos inimigos não terão poder sobre vós.
  32 Cuidado, porém, ó meu povo, para que não surjam contendas entre vós nem vos inclineis a obedecer ao espírito maligno, do qual meu pai, Mosias, falou.
  33 Mas eis que há uma condenação decretada para o que se inclina a obedecer a esse espírito; porque o que se inclina a obedecer-lhe e permanece e morre em seus pecados, bebe condenação para a própria alma; porque recebe por salário um castigo eterno, havendo transgredido a lei de Deus contra seu próprio conhecimento.
  34 Digo-vos que ninguém há entre vós, à exceção de vossas criancinhas, que não foram ensinadas sobre estas coisas, que não saiba que sois eternamente devedores a vosso Pai Celestial e que deveis entregar-lhe tudo o que tendes e sois; e que não haja sido instruído concernente aos registros que contêm as profecias pronunciadas pelos profetas até a época em que nosso pai, Leí, deixou Jerusalém;
  35 E também, tudo o que tem sido dito por nossos pais até agora. E eis que também eles disseram o que lhes foi ordenado pelo Senhor; portanto são justos e verdadeiros.
  36 E agora eu vos digo, meus irmãos, que depois de haverdes conhecido todas estas coisas e elas vos haverem sido ensinadas, se transgredirdes e fordes contra aquilo que tem sido falado, de modo que vos afasteis da força do Senhor e não tenha ele lugar em vós para guiar-vos pelas veredas da sabedoria, a fim de que sejais abençoados, favorecidos e preservados.
  37 Digo-vos que o homem que faz isto se rebela abertamente contra Deus; portanto se inclina a obedecer ao espírito maligno e torna-se inimigo de toda retidão; por isso o Senhor não tem lugar nele, pois ele não habita em templos impuros.
  38 Portanto se tal homem não se arrepende e permanece e morre inimigo de Deus, as exigências da divina justiça despertam-lhe a alma imortal para um vivo sentimento de sua própria culpa, que o leva a recuar diante da presença do Senhor e enche-lhe o peito de culpa e dor e angústia, como um fogo inextinguível cuja chama se eleva para todo o sempre.
  39 E digo-vos que a misericórdia não tem direitos sobre esse homem; portanto sua condenação final é padecer um tormento sem fim.
  40 Oh! todos vós, anciãos, e também vós, jovens, e vós, criancinhas, que podeis entender minhas palavras, pois falei-vos claramente para que pudésseis compreender, oro para que vos lembreis da terrível situação daqueles que caíram em transgressão.
  41 E ainda mais, quisera que considerásseis o estado abençoado e feliz daqueles que guardam os mandamentos de Deus. Pois eis que são abençoados em todas as coisas, tanto materiais como espirituais; e se eles se conservarem fiéis até o fim, serão recebidos no céu, para que assim possam habitar com Deus em um estado de felicidade sem fim. Oh! Lembrai-vos, lembrai-vos de que estas coisas são verdadeiras, porque o Senhor Deus as disse.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 3
O rei Benjamim continua seu discurso—O Senhor Onipotente ministrará entre os homens num tabernáculo de barro—De todos os seus poros sairá sangue quando ele expiar os pecados do mundo—O seu nome é o único pelo qual se alcança a salvação—Os homens podem despojar-se do homem natural e tornar-se justos, por meio da Expiação—O tormento dos iníquos será como um lago de fogo e enxofre. Aproximadamente 124 a.C.
  
1 E quero chamar a vossa atenção mais uma vez, meus irmãos, porque ainda tenho algo mais para vos dizer; pois eis que tenho coisas para vos dizer sobre o que deverá acontecer.
  2 E as coisas que vos direi foram-me dadas a conhecer por um anjo de Deus. E ele disse-me: Desperta; e eu despertei e eis que ele estava diante de mim.
  3 E ele disse-me: Desperta e ouve as palavras que te direi; pois eis que vim para anunciar-te as boas novas de grande alegria.
  4 Pois o Senhor ouviu tuas orações e julgou tua retidão; e enviou-me para anunciar-te que podes regozijar-te e que podes anunciá-las a teu povo, a fim de que eles também se encham de alegria.
  5 Pois eis que o tempo se aproxima e não está muito longe, em que, com poder, o Senhor Onipotente que reina, que era e é de toda a eternidade para toda a eternidade, descerá dos céus no meio dos filhos dos homens e habitará num tabernáculo de barro; e fará grandes milagres entre os homens, como curar os enfermos, levantar os mortos, fazer andar os coxos, dar vista aos cegos, fazer ouvir os surdos e curar toda espécie de enfermidades.
  6 E expulsará demônios, ou seja, os espíritos malignos que habitam no coração dos filhos dos homens.
  7 E eis que sofrerá tentações e dores corporais, fome, sede e cansaço maiores do que o homem pode suportar sem morrer; eis que sairá sangue de cada um de seus poros, tão grande será a sua angústia pelas iniquidades e abominações de seu povo.
  8 E ele chamar-se-á Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Pai dos céus e da Terra, o Criador de todas as coisas desde o princípio; e sua mãe chamar-se-á Maria.
  9 E eis que vem aos seus para que a salvação seja concedida aos filhos dos homens pela em seu nome; e mesmo depois de tudo isso, considerá-lo-ão um homem e dirão que está endemoninhado; e açoitá-lo-ão e crucificá-lo-ão.
  10 E no terceiro dia ressuscitará dentre os mortos; e eis que ele julga o mundo; e eis que todas estas coisas são feitas para que recaia um julgamento justo sobre os filhos dos homens.
  11 Pois eis também que seu sangue expia os pecados dos que caíram pela transgressão de Adão, que morreram sem conhecer a vontade de Deus acerca de si mesmos ou que pecaram por ignorância.
  12 Mas ai daquele que sabe que se rebela contra Deus! Porque a nenhum desses será concedida salvação, a não ser pelo arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo.
  13 E o Senhor Deus enviou seus profetas a todos os filhos dos homens para declararem estas coisas a toda tribo, nação e língua, para que, assim, todo aquele que acreditar na vinda de Cristo receba a remissão de seus pecados e regozije-se com grande alegria, como se ele já tivesse vindo a eles.
  14 Contudo o Senhor Deus viu que seu povo era obstinado e deu-lhe uma lei, sim, a lei de Moisés.
  15 E mostrou a eles muitos sinais e maravilhas e símbolos e figuras concernentes a sua vinda; e também os profetas lhes falaram sobre sua vinda; e, apesar disso, endureceram o coração e não compreenderam que a lei de Moisés de nada serviria se não fosse pela expiação de seu sangue.
  16 E mesmo se fosse possível que as criancinhas pecassem, não poderiam ser salvas; mas digo-vos que elas são abençoadas; pois eis que como em Adão, ou seja, pela natureza, elas caem, assim também o sangue de Cristo expia os seus pecados.
  17 E digo-vos ainda mais, que nenhum outro nome se dará, nenhum outro caminho ou meio pelo qual a salvação seja concedida aos filhos dos homens, a não ser em nome e pelo nome de Cristo, o Senhor Onipotente.
  18 Pois eis que ele julga e seu julgamento é justo; e a criança que morre ainda na infância não perece; mas os homens bebem condenação para sua própria alma, a não ser que se humilhem e tornem-se como criancinhas; e acreditem que a salvação veio e vem e virá no sangue e pelo sangue expiatório de Cristo, o Senhor Onipotente.
  19 Porque o homem natural é inimigo de Deus e tem-no sido desde a queda de Adão e sê-lo-á para sempre; a não ser que ceda ao influxo do Espírito Santo e despoje-se do homem natural e torne-se justo pela expiação de Cristo, o Senhor; e torne-se como uma criança, submisso, manso, humilde, paciente, cheio de amor, disposto a submeter-se a tudo quanto o Senhor achar que lhe deva infligir, assim como uma criança se submete a seu pai.
  20 E além disso, digo-vos que chegará o tempo em que o conhecimento de um Salvador se espalhará por toda nação, tribo, língua e povo.
  21 E eis que, quando chegar esse tempo, ninguém será declarado inocente diante de Deus, salvo as criancinhas, a não ser por meio de arrependimento e fé no nome do Senhor Deus Onipotente.
  22 E mesmo nestes dias, depois de haveres ensinado aos de teu povo as coisas que o Senhor teu Deus te ordenou, eles não mais são considerados sem culpa à vista de Deus, a não ser que ajam de acordo com as palavras que te disse.
  23 E agora eu disse as palavras que o Senhor Deus me ordenou.
  24 E assim diz o Senhor: Elas serão como resplandecente testemunho contra os deste povo no dia do julgamento; por elas serão julgados, cada homem segundo suas obras, sejam elas boas ou sejam más.
  25 E se forem más, eles serão condenados a uma visão terrível de sua própria culpa e abominações, que os fará recuar da presença do Senhor para um estado de miséria e tormento sem fim, de onde não poderão mais voltar; portanto beberam condenação para suas próprias almas.
  26 Beberam, portanto, do cálice da ira de Deus, o qual a justiça não lhes poderia negar, como não poderia negar que Adão caísse por haver participado do fruto proibido; portanto a misericórdia nunca mais poderia reclamá-los.
  27 E o seu tormento é como um lago de fogo e enxofre, cujas chamas são inextinguíveis e cuja fumaça ascende para sempre e sempre. Assim me ordenou o Senhor. Amém.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 4
O rei Benjamim continua seu discurso—A salvação é concedida por causa da Expiação—Crede em Deus para serdes salvos—Continuai fiéis para conservardes a remissão de vossos pecados—Reparti vosso sustento com os pobres—Fazei todas as coisas com sabedoria e ordem. Aproximadamente 124 a.C.
  1 E então aconteceu que após ter dito as palavras que lhe haviam sido transmitidas pelo anjo, o rei Benjamim olhou para a multidão ao redor e eis que haviam caído por terra, porque o temor do Senhor se havia apoderado deles.
  2 E haviam visto a si mesmos em seu estado carnal, menos ainda que o pó da Terra. E todos clamaram a uma só voz, dizendo: Oh! Tende misericórdia e aplicai o sangue expiatório de Cristo, para que recebamos o perdão de nossos pecados e nosso coração seja purificado; porque cremos em Jesus Cristo, o Filho de Deus, que criou o céu e a Terra e todas as coisas; que descerá entre os filhos dos homens.
  3 E aconteceu que depois de haverem pronunciado essas palavras, a força do Senhor desceu sobre eles e encheram-se de alegria, havendo recebido a remissão de seus pecados e tendo paz de consciência, por causa da profunda que tinham em Jesus Cristo que haveria de vir, de acordo com as palavras que o rei Benjamim lhes dissera.
  4 E o rei Benjamim tornou a abrir a boca e falou-lhes, dizendo: Meus amigos e meus irmãos, minha família e povo meu, quero novamente chamar a vossa atenção, para que possais ouvir e entender o restante das palavras que vos direi.
  5 Pois eis que se o conhecimento da bondade de Deus despertou agora em vós a consciência de vossa nulidade e de vossa indignidade e estado decaído.
  6 Digo-vos que se haveis adquirido conhecimento da bondade de Deus e de seu incomparável poder e de sua sabedoria e de sua paciência e de sua longanimidade para com os filhos dos homens; e também da expiação que foi preparada desde a fundação do mundo, a fim de que, por ela, a salvação possa vir para aquele que puser sua confiança no Senhor e guardar diligentemente seus mandamentos e perseverar na fé até o fim da vida, quero dizer, a vida do corpo mortal.
  7 Eu digo que este é o homem que recebe a salvação, por meio da expiação que foi preparada desde a fundação do mundo para toda a humanidade que existiu, desde a queda de Adão, ou que existe ou que existirá até o fim do mundo.
  8 E este é o meio pelo qual é concedida a salvação. E não há qualquer outra salvação, a não ser esta que foi mencionada; tampouco há outras condições pelas quais o homem possa ser salvo, exceto aquelas de que vos falei.
  9 Acreditai em Deus; acreditai que ele existe e que criou todas as coisas, tanto no céu como na Terra; acreditai que ele tem toda a sabedoria e todo o poder, tanto no céu como na Terra; acreditai que o homem não compreende todas as coisas que o Senhor pode compreender.
  10 E novamente, acreditai que vos deveis arrepender de vossos pecados e abandoná-los e humilhar-vos diante de Deus; e pedir com sinceridade de coração que ele vos perdoe; e agora, se acreditais em todas estas coisas, procurai fazê-las.
  11 E digo-vos novamente, como disse antes, que, como haveis adquirido conhecimento da glória de Deus, ou seja, se haveis conhecido sua bondade, experimentado seu amor e recebido a remissão de vossos pecados, o que causa tão grande alegria a vossa alma, ainda assim quisera que vos lembrásseis e sempre guardásseis na memória a grandeza de Deus e vossa própria nulidade; e sua bondade e longanimidade para convosco, indignas criaturas; e que vos humilhásseis com a mais profunda humildade, invocando diariamente o nome do Senhor e permanecendo firmes na fé naquilo que está para vir e que foi anunciado pela boca do anjo.
  12 E eis que vos digo que, se fizerdes isso, sempre vos regozijareis e estareis cheios do amor de Deus e conservareis sempre a remissão de vossos pecados; e crescereis no conhecimento da glória daquele que vos criou, ou seja, no conhecimento daquilo que é justo.
  13 E não tereis desejo de ferir-vos uns aos outros, mas, sim, de viver em paz e dar a cada um de acordo com o que lhe é devido.
  14 E não permitireis que vossos filhos andem famintos ou desnudos; nem permitireis que transgridam as leis de Deus e briguem e disputem entre si e sirvam ao diabo, que é o mestre do pecado, ou seja, que é o espírito mau de quem nossos pais falaram, sendo ele inimigo de toda retidão.
  15 Ensiná-los-eis, porém, a andarem nos caminhos da verdade e da sobriedade; ensiná-los-eis a amarem-se uns aos outros e a servirem-se uns aos outros.
  16 E também, vós mesmos socorrereis os que necessitarem de vosso socorro; dareis de vossos bens aos necessitados e não permitireis que o mendigo vos peça em vão, afastando-o para que pereça.
  17 Talvez digais: O homem trouxe sobre si sua miséria; portanto, deterei minha mão e não lhe darei do meu sustento nem repartirei com ele meus bens a fim de que ele não padeça, porque seus castigos são justos.
  18 Digo, porém, ó homem, que quem faz isto tem grande necessidade de arrepender-se; e a menos que se arrependa do que fez, perece para sempre e não tem lugar no reino de Deus.
  19 Pois eis que não somos todos mendigos? Não dependemos todos do mesmo Ser, sim, de Deus, para obter todos os bens que temos, tanto alimentos como vestimentas e ouro e prata e todas as riquezas de toda espécie que possuímos?
  20 E eis que, mesmo agora, haveis invocado seu nome e suplicado a remissão de vossos pecados. E permitiu ele que pedísseis em vão? Não; ele derramou sobre vós o seu espírito e fez com que se enchesse de alegria o vosso coração e fez com que se fechasse a vossa boca para que não vos pudésseis exprimir, tão grande era a vossa alegria.
  21 Ora, se Deus, que vos criou, de quem depende vossa vida e tudo o que tendes e sois, concede-vos todas as coisas justas que pedis com fé, acreditando que recebereis, oh! então, quanto mais não deveríeis repartir os vossos bens uns com os outros!
  22 E se julgais o homem que pede de vossos bens para não perecer e o condenais, quanto mais justa será a vossa condenação por reterdes vossos bens, que não pertencem a vós, mas a Deus, a quem também vossa vida pertence; e, contudo, nada pedis nem vos arrependeis daquilo que haveis feito.
  23 Digo-vos: Ai de tal homem, porque os seus bens perecerão com ele! E agora digo estas coisas aos que são ricos no que toca às coisas deste mundo.
  24 E novamente digo aos pobres, vós que não tendes e, ainda assim, tendes o suficiente para passar de um dia para outro; refiro-me a todos vós, que negais ao mendigo porque não tendes; quisera que dissésseis em vosso coração: Não dou porque não tenho, mas se tivesse, daria.
  25 E agora, se dizeis isto em vosso coração, não sois culpados; do contrário, sois condenados e vossa condenação será justa, porque cobiçais aquilo que não haveis recebido.
  26 E agora, por causa das coisas que vos disse, isto é, para conservardes a remissão de vossos pecados, dia a dia, a fim de que andeis sem culpa diante de Deus, quisera que repartísseis vossos bens com os pobres, cada um de acordo com o que possui, alimentando os famintos, vestindo os nus, visitando os doentes e aliviando-lhes os sofrimentos, tanto espiritual como materialmente, conforme as carências deles.
  27 E vede que todas estas coisas sejam feitas com sabedoria e ordem; porque não se exige que o homem corra mais rapidamente do que suas forças o permitam. E, novamente, é necessário que ele seja diligente, para que assim possa ganhar o galardão; portanto todas as coisas devem ser feitas em ordem.
  28 E quisera que vos lembrásseis de que qualquer de vós que pedir emprestado a seu vizinho deverá devolver aquilo que tomou emprestado, de acordo com o que combinou; pois do contrário cometerá pecado e fará, talvez, com que seu vizinho também cometa pecado.
  29 E finalmente, não vos posso dizer todas as coisas pelas quais podeis cometer pecado; porque há vários modos e meios, tantos que não os posso enumerar.
  30 Isto, porém, posso dizer-vos: se não tomardes cuidado com vós mesmos e vossos pensamentos e vossas palavras e vossas obras; e se não observardes os mandamentos de Deus nem continuardes tendo fé no que ouvistes concernente à vinda de nosso Senhor, até o fim de vossa vida, perecereis. E agora, ó homem, lembra-te e não pereças.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 5
Os justos tornam-se filhos e filhas de Cristo por meio da fé—Passam a ser chamados pelo nome de Cristo—O rei Benjamim exorta-os a serem firmes e imutáveis nas boas obras. Aproximadamente 124 a.C.

  1 E então aconteceu que, tendo o rei Benjamim assim falado a seu povo, mandou investigar se seu povo acreditara nas palavras que lhe dissera.
  2 E todos clamaram a uma só voz, dizendo: Sim, acreditamos em todas as palavras que nos disseste e também cremos que são certas e verdadeiras, por causa da força do Senhor Onipotente que efetuou em nós, ou melhor, em nosso coração, uma vigorosa mudança, de modo que não temos mais disposição para praticar o mal, mas, sim, de fazer o bem continuamente.
  3 E também nós mesmos, pela infinita bondade de Deus, prevemos o que está por acontecer e, se fosse conveniente ao Senhor nosso Deus, poderíamos profetizar sobre todas as coisas.
  4 E foi a fé que tivemos nas coisas que nosso rei nos disse que nos levou a este grande conhecimento, pelo que nos regozijamos com tão grande alegria.
  5 E estamos dispostos a fazer um convênio com nosso Deus, de cumprir a sua vontade e obedecer a seus mandamentos em todas as coisas que ele nos ordenar, para o resto de nossos dias, a fim de que não recaia sobre nós um tormento sem fim, como foi anunciado pelo anjo, e não bebamos do cálice da ira de Deus.
  6 Ora, estas eram as palavras que o rei Benjamim esperava deles; e portanto lhes disse: Dissestes as palavras que eu desejava; e o convênio que fizestes é um convênio justo.
  7 E agora, por causa do convênio que fizestes, sereis chamados progênie de Cristo, filhos e filhas dele, porque eis que neste dia ele vos gerou espiritualmente; pois dizeis que vosso coração se transformou pela fé em seu nome; portanto nascestes dele e vos tornastes seus filhos e suas filhas.
  8 E sob este nome vós sois libertados e não há qualquer outro nome por meio do qual podeis ser libertados. Não há qualquer outro nome pelo qual seja concedida a salvação; quisera, portanto, que tomásseis sobre vós o nome de Cristo, todos vós que haveis feito convênio com Deus de serdes obedientes até o fim de vossa vida.
  9 E acontecerá que aquele que fizer isto se encontrará à mão direita de Deus, porque saberá o nome pelo qual é chamado; porque será chamado pelo nome de Cristo.
  10 E então acontecerá que aquele que não tomar sobre si o nome de Cristo deverá ser chamado por algum outro nome; portanto se encontrará à mão esquerda de Deus.
  11 E quisera que também vos lembrásseis de que este é o nome que eu disse que vos daria e que nunca seria apagado, a menos que o fosse devido a transgressão; portanto tomai cuidado para não transgredirdes, a fim de que o nome não seja apagado de vosso coração.
  12 Digo-vos: Quisera que vos lembrásseis de conservar sempre o nome escrito em vosso coração, para que não vos encontreis à mão esquerda de Deus, mas para que ouçais e conheçais a voz pela qual sereis chamados e também o nome pelo qual ele vos chamará.
  13 Pois como conhece um homem o mestre a quem não serviu e que lhe é estranho e que está longe dos pensamentos e desígnios de seu coração?
  14 E ainda, toma alguém um jumento que pertence a seu vizinho e guarda-o? Digo-vos que não; nem mesmo permitirá que paste com os seus rebanhos, mas ele irá afugentá-lo e expulsá-lo. Digo-vos que o mesmo acontecerá convosco, se não souberdes o nome pelo qual sois chamados.
  15 Portanto quisera que fôsseis firmes e inamovíveis, sobejando sempre em boas obras, para que Cristo, o Senhor Deus Onipotente, possa selar-vos como seus, a fim de que sejais levados ao céu e tenhais salvação sem fim e vida eterna por meio da sabedoria e poder e justiça e misericórdia daquele que criou todas as coisas no céu e na Terra, que é Deus acima de tudo. Amém.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 6
O rei Benjamim registra os nomes das pessoas e designa sacerdotes para ensiná-las—Mosias reina como um rei justo. Aproximadamente 124–121 a.C.

  1 E então o rei Benjamim achou que seria conveniente, depois de ter acabado de falar ao povo, anotar o nome de todos os que haviam feito convênio com Deus de guardar seus mandamentos.
  2 E aconteceu que não houve uma só alma, exceto as criancinhas, que não tivesse feito convênio e tomado sobre si o nome de Cristo.
  3 E novamente aconteceu que, havendo o rei Benjamim dado por terminadas todas estas coisas e consagrado seu filho Mosias como chefe e rei de seu povo e passado a ele todas as funções do reino e também designado sacerdotes para ensinar o povo, para que assim todos pudessem ouvir e conhecer os mandamentos de Deus e para fazê-los lembrar-se do juramento que haviam feito, despediu a multidão; e voltaram, cada um com sua família, para suas próprias casas.
  4 E Mosias começou a reinar em lugar de seu pai. E começou a reinar no seu trigésimo ano de vida, havendo transcorrido, ao todo, cerca de quatrocentos e setenta e seis anos desde o tempo em que Leí deixara Jerusalém.
  5 E o rei Benjamim viveu três anos e morreu.
  6 E aconteceu que o rei Mosias andou nos caminhos do Senhor e observou seus juízos e seus estatutos; e guardou seus mandamentos em todas as coisas que ele lhe ordenou.
  7 E o rei Mosias fez com que seu povo cultivasse a terra. E ele próprio também cultivou a terra para que, assim, não se tornasse uma carga para seu povo, a fim de agir em todas as coisas como seu pai havia feito. E não houve contendas entre seu povo pelo espaço de três anos.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 7
Amon descobre a terra de Leí-Néfi, onde Lími é rei—O povo de Lími está sob o jugo dos lamanitas—Lími relata a história deles—Um profeta (Abinádi) testificara que Cristo é o Deus e Pai de todas as coisas—Aqueles que semeiam imundície colhem vendaval; e aqueles que põem sua confiança no Senhor serão libertados. Aproximadamente 121 a.C.

  1 Ora, aconteceu que depois de haver o rei Mosias tido paz contínua pelo espaço de três anos, desejou saber sobre o povo que subira para habitar na terra de Leí-Néfi, ou seja, na cidade de Leí-Néfi; porque seu povo nada soubera deles desde a época em que haviam deixado a terra de Zaraenla; portanto, importunavam-no com sua insistência.
  2 E aconteceu que o rei Mosias permitiu que dezesseis de seus homens fortes subissem à terra de Leí-Néfi para inquirirem acerca de seus irmãos.
  3 E aconteceu que no dia seguinte iniciaram a subir, tendo com eles um certo Amon, homem forte e poderoso, descendente de Zaraenla; e ele era também o seu chefe;
  4 E não sabiam que rumo tomar no deserto para subir à terra de Leí-Néfi; portanto vagaram pelo deserto por muitos dias, sim, por quarenta dias eles vagaram.
  5 E depois de terem vagado durante quarenta dias, chegaram a uma colina que fica ao norte da terra de Silom e ali armaram suas tendas.
  6 E Amon tomou três de seus irmãos, e seus nomes eram Amaléqui, Helém e Hem, e desceram para a terra de Néfi.
  7 E eis que encontraram o rei do povo que vivia na terra de Néfi e na terra de Silom; e foram cercados pela guarda do rei e foram presos e amarrados e foram postos na prisão.
  8 E aconteceu que depois de haverem permanecido dois dias na prisão, foram novamente levados à presença do rei e desamarrados. E ficaram diante do rei e foi-lhes permitido, ou melhor, ordenado que respondessem às perguntas que ele lhes faria.
  9 E ele disse-lhes: Eis que sou Lími, filho de Noé, que era filho de Zênife, que veio da terra de Zaraenla para herdar esta terra, que era a terra de seus pais; e que foi feito rei pela voz do povo.
  10 E agora desejo saber o motivo pelo qual fostes tão corajosos a ponto de terdes chegado perto das muralhas da cidade, quando eu próprio me achava, com meus guardas, fora da porta?
  11 E então, por este motivo permiti que fôsseis poupados, para que eu vos pudesse interrogar, pois do contrário eu teria feito com que meus guardas vos matassem. Tendes permissão para falar.
  12 E então, quando Amon viu que tinha permissão para falar, adiantou-se e inclinou-se diante do rei; e levantando-se novamente, disse: Ó rei, sou muito grato a Deus, neste dia, por ainda estar vivo e ter permissão para falar; e procurarei expressar-me sem temor;
  13 Porque tenho certeza de que, se soubésseis quem eu sou, não teríeis permitido que eu fosse amarrado. Porque eu sou Amon e sou descendente de Zaraenla; e vim da terra de Zaraenla para inquirir sobre nossos irmãos, a quem Zênife trouxe daquela terra.
  14 E então aconteceu que após ter ouvido as palavras de Amon, Lími alegrou-se grandemente e disse: Agora tenho certeza de que meus irmãos que se achavam na terra de Zaraenla ainda estão vivos. E agora me regozijarei; e amanhã farei com que meu povo também se regozije.
  15 Pois eis que estamos sob o jugo dos lamanitas e foi-nos imposto um tributo difícil de ser suportado. E agora, eis que nossos irmãos nos livrarão do cativeiro, isto é, das mãos dos lamanitas, e seremos seus escravos; porque é melhor sermos escravos dos nefitas do que pagarmos tributo ao rei dos lamanitas.
  16 E então o rei Lími ordenou a seus guardas que não mais amarrassem Amon e seus irmãos, mas fez com que fossem à colina que se achava ao norte de Silom e trouxessem seus irmãos para a cidade, a fim de comerem e beberem e descansarem dos labores de sua jornada; porque haviam sofrido muitas coisas; haviam sofrido fome, sede e cansaço.
  17 E aconteceu que no dia seguinte o rei Lími enviou uma proclamação a todo o povo, para que todos se reunissem no templo e ouvissem as palavras que lhes iria dizer.
  18 E aconteceu que quando estavam reunidos, falou-lhes desta maneira, dizendo: Ó vós, povo meu, levantai a cabeça e sede confortados; porque eis que o tempo está próximo, ou melhor, não muito distante, em que não estaremos mais sujeitos a nossos inimigos, apesar de nossas muitas lutas, que têm sido em vão; contudo acredito que resta uma luta eficaz a ser travada.
  19 Portanto levantai a cabeça e regozijai-vos e ponde vossa confiança em Deus, naquele Deus que foi o Deus de Abraão e Isaque e Jacó; e também naquele Deus que tirou os filhos de Israel da terra do Egito e fez com que atravessassem o Mar Vermelho em terra seca e alimentou-os com maná para que não perecessem no deserto; e muitas outras coisas fez por eles.
  20 E ainda mais, esse mesmo Deus tirou nossos pais da terra de Jerusalém e guardou e preservou seu povo até agora; e eis que foi por causa de nossas iniquidades e abominações que ele nos levou à escravidão.
  21 E vós todos sois testemunhas, neste dia, de que Zênife, que foi feito rei deste povo, estando extremamente ansioso para herdar a terra de seus pais, foi então enganado pela astúcia e estratagema do rei Lamã, que fez um tratado com o rei Zênife e deixou em suas mãos a posse de uma parte da terra, ou seja, a cidade de Leí-Néfi e a cidade de Silom e a terra dos arredores.
  22 E tudo isto ele fez com o único fim de subjugar, ou seja, de escravizar este povo. E eis que, presentemente, pagamos ao rei dos lamanitas tributo equivalente à metade de nosso milho e nossa cevada e mesmo de todos os nossos grãos de toda espécie; e a metade do acréscimo de nossos rebanhos e manadas; e mesmo a metade de tudo que temos ou que possuímos, o rei dos lamanitas exige de nós, ou nossa vida.
  23 E agora, não é doloroso ter de suportar isto? Não é grande esta nossa aflição? Ora, eis que grande é a razão que temos para lamentar-nos.
  24 Sim, digo-vos que grandes são as razões que temos para lamentar-nos; pois eis que quantos de nossos irmãos foram mortos e seu sangue derramado em vão; e tudo por causa de iniquidade.
  25 Porque se este povo não houvesse caído em transgressão, o Senhor não teria permitido que este grande mal lhes sobreviesse. Eis, porém, que não quiseram dar ouvidos a suas palavras; mas surgiram contendas entre eles, a ponto de derramarem sangue uns dos outros.
  26 E eles mataram um profeta do Senhor; sim, um homem escolhido de Deus, que lhes havia falado de suas iniquidades e abominações e profetizado muitas coisas que hão de acontecer, sim, até mesmo a vinda de Cristo.
  27 E porque ele lhes disse que Cristo era o Deus, o Pai de todas as coisas; e que tomaria sobre si a imagem de homem, que seria a imagem segundo a qual o homem fora criado no princípio; ou, em outras palavras, ele disse que o homem fora criado à imagem de Deus e que Deus desceria entre os filhos dos homens e tomaria sobre si carne e sangue e andaria sobre a face da Terra.
  28 E então, por ter dito isso, mataram-no; e muitas outras coisas fizeram que atraíram sobre si a ira de Deus. Portanto, quem se admira de que estejam em cativeiro e que sofram aflições?
  29 Porque eis que o Senhor disse: Não socorrerei meu povo no dia de sua transgressão, mas obstruirei seus caminhos para que não prosperem; e suas obras serão como pedra de tropeço diante deles.
  30 E novamente ele diz: Se meu povo semear imundície, colherá a palha no vendaval; e o seu efeito é veneno.
  31 E novamente ele diz: Se meu povo semear imundície, colherá o vento oriental, que traz destruição imediata.
  32 E agora eis que a promessa do Senhor foi cumprida e fostes feridos e afligidos.
  33 Se vos voltardes para o Senhor com todo o coração e colocardes vossa confiança nele e o servirdes com toda diligência de vossa mente, se assim fizerdes ele vos livrará do cativeiro, de acordo com a sua própria vontade e prazer.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 8
Amon ensina o povo de Lími—Toma conhecimento das vinte e quatro placas jareditas—Registros antigos podem ser traduzidos por videntes—Nenhum dom é maior do que a vidência. Aproximadamente 121 a.C.

  1 E aconteceu que o rei Lími, depois de haver acabado de falar a seu povo, pois disse-lhes muitas coisas, mas poucas são as que escrevi neste livro, tudo lhes contou sobre seus irmãos que estavam na terra de Zaraenla.
  2 E fez com que Amon se apresentasse diante da multidão e contasse tudo que havia acontecido a seus irmãos, desde a ocasião em que Zênife deixara aquela terra até a época em que ele próprio saíra de lá.
  3 E ele também repetiu as últimas palavras que o rei Benjamim lhes dirigira e explicou-as ao povo do rei Lími, para que entendessem todas as palavras que ele dissera.
  4 E aconteceu que depois de haver feito tudo isto, o rei Lími despediu a multidão e fez com que cada um voltasse para sua própria casa.
  5 E aconteceu que fez com que as placas que continham o registro de seu povo, desde o tempo em que haviam deixado a terra de Zaraenla, fossem levadas a Amon para que ele as lesse.
  6 Ora, assim que Amon leu o registro, perguntou-lhe o rei se podia interpretar línguas; e Amon disse-lhe que não.
  7 E disse-lhe o rei: Estando pesaroso com as aflições de meu povo, fiz com que quarenta e três homens de meu povo saíssem pelo deserto para procurar a terra de Zaraenla, a fim de rogar a nossos irmãos que nos livrassem do cativeiro.
  8 E ficaram perdidos no deserto pelo espaço de muitos dias; e apesar de sua diligência não encontraram a terra de Zaraenla, mas voltaram para cá depois de terem viajado por uma região entre muitas águas e descoberto uma terra coberta de ossos de homens e de animais e também coberta de ruínas de edifícios de todo tipo, tendo descoberto uma terra que havia sido habitada por um povo tão numeroso quanto as hostes de Israel.
  9 E como testemunho de que as coisas que disseram são verdadeiras, trouxeram vinte e quatro placas cobertas de gravações; e elas são de ouro puro.
  10 E eis que também trouxeram couraças de grande tamanho; são de latão e cobre e encontram-se em perfeito estado.
  11 E ainda trouxeram espadas, cujos punhos se haviam estragado e cujas lâminas estavam corroídas de ferrugem; e não há na terra alguém capaz de interpretar a língua, isto é, as gravações que estão nas placas. Foi por isso que te perguntei: Podes traduzir?
  12 E torno a perguntar-te: Sabes de alguém que possa traduzir? Porque desejo que estes registros sejam traduzidos para a nossa língua; pois talvez nos possam dar informações sobre os remanescentes do povo que foi destruído, do qual vieram estes registros; ou talvez nos dêem informações sobre o próprio povo que foi destruído; e desejo saber a causa de sua destruição.
  13 Ora, Amon disse-lhe: Posso indicar-te com segurança, ó rei, um homem capaz de traduzir os registros; porque possui algo com que pode olhar e traduzir todos os registros da antiguidade; e é um dom de Deus. E esses objetos são chamados intérpretes e nenhum homem os pode olhar, a menos que lhe seja ordenado, para que não procure o que não deve e pereça. E quem quer que receba ordem para olhá-los é chamado vidente.
  14 E eis que o rei do povo que está na terra de Zaraenla é o homem que recebeu ordem para fazer estas coisas e que possui este grande dom de Deus.
  15 E o rei disse que um vidente é maior que um profeta.
  16 E Amon disse que um vidente é também profeta; e que não há dom maior que um homem possa ter, a não ser que possuísse o poder de Deus, que ninguém pode possuir; contudo, o homem pode receber grande poder de Deus.
  17 Um vidente, porém, pode saber tanto de coisas passadas como de coisas futuras; e por meio deles todas as coisas serão divulgadas, ou seja, coisas secretas serão manifestadas e coisas ocultas virão à luz; e darão a conhecer coisas que não são conhecidas; e também manifestarão coisas que, de outra maneira, não poderiam ser conhecidas.
  18 Assim, Deus providenciou um meio para que o homem, pela fé, pudesse operar grandes milagres; portanto ele se torna um grande benefício para seus semelhantes.
  19 E então, quando Amon terminou de dizer essas palavras, o rei alegrou-se imensamente e rendeu graças a Deus, dizendo: Sem dúvida estas placas contêm um grande mistério e estes intérpretes foram, sem dúvida, preparados com o fim de mostrar todos esses mistérios aos filhos dos homens.
  20 Oh! Quão maravilhosas são as obras do Senhor e por quanto tempo ele é tolerante com seu povo! Sim, e quão cego e impenetrável é o entendimento dos filhos dos homens, porque não procuram sabedoria nem desejam que ela os governe!
  21 Sim, eles são como um rebanho selvagem que foge do pastor e se dispersa; e é perseguido e devorado pelas feras da floresta.

LIVRO DE MOSIAS
Registro de Zênife—Um relato sobre seu povo, desde a ocasião em que deixaram a terra de Zaraenla até a época em que foram libertados das mãos dos lamanitas.
Abrange os capítulos 9 a 22.

CAPÍTULO 9
Zênife conduz um grupo de Zaraenla para ocupar a terra de Leí-Néfi—O rei lamanita permite-lhes tomar posse da terra—Há guerra entre os lamanitas e o povo de Zênife. Aproximadamente 200–187 a.C.

  1 Eu, Zênife, havendo sido ensinado em todo o idioma dos nefitas e tendo tido conhecimento da terra de Néfi, ou seja, da terra da primeira herança de nossos pais; e havendo sido enviado como espião entre os lamanitas, a fim de espionar suas forças para que nosso exército pudesse cair sobre eles e destruí-los; quando vi, porém, o que havia de bom entre eles, não mais desejei a sua destruição.
  2 Portanto discuti com meus irmãos no deserto, porque desejava que nosso chefe fizesse um tratado com eles; sendo ele, porém, um homem rigoroso e sanguinário, ordenou que eu fosse morto; mas fui salvo com derramamento de muito sangue; porque pai lutou contra pai e irmão contra irmão, até que a maior parte de nosso exército foi destruída no deserto; e nós, os que escapamos, voltamos à terra de Zaraenla para contar a suas esposas e filhos o que sucedera.
  3 Contudo, estando eu extremamente ansioso para herdar a terra de nossos pais, reuni todos os que desejavam subir para ocupar a terra e reiniciamos nossa jornada pelo deserto, para subirmos à terra; mas fomos atingidos pela fome e por duras aflições, porque éramos vagarosos para lembrar-nos do Senhor nosso Deus.
  4 Não obstante, depois de havermos vagado por muitos dias no deserto, armamos nossas tendas no lugar em que nossos irmãos haviam sido mortos, que ficava perto da terra de nossos pais.
  5 E aconteceu que retornei à cidade com quatro de meus homens para ver o rei, a fim de conhecer a disposição do rei e saber se poderia ir com meu povo tomar posse da terra em paz.
  6 E fui ver o rei e ele fez um acordo comigo para que eu ocupasse a terra de Leí-Néfi e a terra de Silom.
  7 E também ordenou que seu povo saísse da terra; e eu e meu povo nela entramos para ocupá-la.
  8 E começamos a construir edifícios e a reparar os muros da cidade, sim, os muros da cidade de Leí-Néfi e da cidade de Silom.
  9 E começamos a cultivar o solo, sim, com toda espécie de sementes: com sementes de milho e de trigo e de cevada e com neas e com seum e com sementes de toda espécie de frutas; e começamos a multiplicar-nos e a prosperar na terra.
  10 Ora, foi por astúcia e malícia, a fim de levar meu povo ao cativeiro, que o rei Lamã cedeu a terra para que a ocupássemos.
  11 Portanto aconteceu que depois de havermos habitado a terra pelo espaço de doze anos, o rei Lamã começou a ficar inquieto, temendo que meu povo de algum modo se tornasse forte na terra, não podendo mais ser dominado nem escravizado.
  12 Ora, eles eram um povo preguiçoso e idólatra; portanto desejavam escravizar-nos, para poderem fartar-se com o trabalho de nossas mãos; sim, para poderem banquetear-se com os rebanhos de nossos campos.
  13 Portanto aconteceu que o rei Lamã começou a instigar o seu povo a lutar contra o meu povo; portanto começou a haver guerras e contendas naquela terra.
  14 Pois no décimo terceiro ano de meu reinado na terra de Néfi, ao sul da terra de Silom, estando os de meu povo a dar de beber e a apascentar seus rebanhos e a cultivar suas terras, uma numerosa hoste de lamanitas caiu sobre eles e começou a matá-los e a levar seus rebanhos e o milho de seus campos.
  15 Sim, e aconteceu que todos os que não foram apanhados fugiram para a cidade de Néfi e pediram minha proteção.
  16 E aconteceu que eu os armei com arcos e com flechas, com espadas e com cimitarras e com clavas e com fundas e com toda espécie de armas que nos foi possível inventar; e eu e meu povo saímos para batalhar contra os lamanitas.
  17 Sim, com a força do Senhor saímos para batalhar contra os lamanitas; porque eu e meu povo clamamos fervorosamente ao Senhor para que nos livrasse das mãos de nossos inimigos, porque nos veio à lembrança a libertação de nossos pais.
  18 E Deus ouviu nossos clamores e respondeu a nossas orações; e avançamos com a sua força; sim, avançamos contra os lamanitas e, em um dia e uma noite, matamos três mil e quarenta e três; matamo-los até expulsá-los de nossa terra.
  19 E eu mesmo, com minhas próprias mãos, ajudei a enterrar seus mortos. E eis que, para nossa grande tristeza e lamentação, duzentos e setenta e nove de nossos irmãos foram mortos.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 10
Morre o rei Lamã—Seu povo é selvagem e feroz e crê em falsas tradições—Zênife e seu povo prevalecem contra eles. Aproximadamente 187–160 a.C.

  1 E aconteceu que novamente começamos a organizar o reino e novamente começamos a habitar aquela terra em paz. E fiz com que se fabricassem armas de guerra de toda espécie, para que assim eu tivesse armas para o meu povo quando os lamanitas subissem novamente para guerrear meu povo.
  2 E coloquei guardas em vários pontos da região, para que os lamanitas não voltassem a nos surpreender e destruíssem-nos; e assim protegi meu povo e meus rebanhos e evitei que caíssem nas mãos de nossos inimigos.
  3 E aconteceu que habitamos a terra de nossos pais por muitos anos, sim, pelo espaço de vinte e dois anos.
  4 E fiz com que os homens cultivassem o solo e plantassem toda espécie de grãos e frutas de todo tipo.
  5 E fiz com que as mulheres fiassem e labutassem e trabalhassem e tecessem toda espécie de linho fino; sim, e atecidos de toda espécie para cobrir nossa nudez; e assim prosperamos na terra, assim tivemos paz contínua na terra pelo espaço de vinte e dois anos.
  6 E aconteceu que morreu o rei Lamã e seu filho começou a reinar em seu lugar. E ele começou a incitar seu povo a rebelar-se contra meu povo; portanto começaram a se preparar para a guerra e para lutar contra meu povo.
  7 Mas eu enviara meus espias a vários lugares da terra de Senlon, para descobrir seus preparativos e assim poder proteger-me deles, a fim de que não caíssem sobre meu povo e destruíssem-no.
  8 E aconteceu que eles vieram pelo norte da terra de Silom com suas numerosas hostes, homens armados com arcos e com flechas e com espadas e com cimitarras e com pedras e com fundas; e tinham a cabeça rapada, de modo que se mostravam desnudas; e estavam cingidos com um cinturão de couro ao redor dos lombos.
  9 E aconteceu que fiz com que as mulheres e crianças de meu povo se escondessem no deserto; e fiz também com que todos os meus homens idosos que pudessem pegar em armas e também todos os meus jovens que pudessem pegar em armas se reunissem para batalhar contra os lamanitas; e coloquei-os em suas fileiras, cada homem segundo sua idade.
  10 E aconteceu que subimos para batalhar contra os lamanitas; e eu, até eu, apesar da minha avançada idade, fui batalhar contra os lamanitas. E aconteceu que, com a força do Senhor, subimos para batalhar.
  11 Ora, os lamanitas nada sabiam a respeito do Senhor nem da força do Senhor; confiavam portanto em sua própria força. Contudo, eram um povo forte quanto à força dos homens.
  12 Eram um povo selvagem, feroz e sanguinário, acreditando na tradição de seus pais, que é esta: Acreditavam que haviam sido expulsos da terra de Jerusalém por causa da iniquidade de seus pais e que haviam sido injustiçados por seus irmãos no deserto; e que também haviam sido injustiçados enquanto atravessavam o mar;
  13 E também que haviam sido injustiçados na terra de sua primeira herança, depois de haverem atravessado o mar; e tudo isto porque Néfi havia sido mais fiel na obediência aos mandamentos do Senhor. Portanto ele foi favorecido pelo Senhor, pois o Senhor ouviu suas orações e atendeu-as; e ele tomou o comando da jornada no deserto.
  14 E seus irmãos enfureceram-se com ele porque não compreendiam a maneira de proceder do Senhor; também se enfureceram com ele sobre as águas, porque endureceram o coração contra o Senhor.
  15 E também se enfureceram com ele quando chegaram à terra da promissão, porque diziam que ele tirara de suas mãos o governo do povo; e procuraram matá-lo.
  16 E também se enfureceram com ele porque partiu para o deserto, como o Senhor lhe ordenara, e levou os registros que estavam gravados nas placas de latão; porque diziam que ele os havia roubado.
  17 E assim ensinaram a seus filhos que deveriam odiá-los e que deveriam assassiná-los e que deveriam roubá-los e saqueá-los, fazendo todo o possível para destruí-los; eles têm, portanto, um ódio eterno contra os filhos de Néfi.
  18 Por este motivo o rei Lamã, com sua astúcia e malícia enganadora e suas belas promessas, enganou-me para que eu subisse com meu povo a esta terra, a fim de que eles o destruíssem; sim, e temos sofrido todos estes anos na terra.
  19 E agora eu, Zênife, depois de dizer aos de meu povo todas estas coisas a respeito dos lamanitas, estimulei-os a batalhar com todas as suas forças, confiando no Senhor; portanto lutamos com eles corpo a corpo.
  20 E aconteceu que tornamos a expulsá-los de nossa terra e matamo-los numa grande carnificina, tantos que não os contamos.
  21 E aconteceu que voltamos para nossa própria terra e meu povo começou novamente a cuidar de seus rebanhos e a cultivar suas terras.
  22 E agora eu, estando velho, conferi o reino a um de meus filhos; portanto nada mais digo. E que o Senhor abençoe o meu povo. Amém.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 11
O rei Noé governa iniquamente—Deleita-se numa vida devassa com suas esposas e concubinas—Abinádi profetiza que o povo cairá em cativeiro—O rei Noé procura tirar-lhe a vida. Aproximadamente 160–150 a.C.

  1 E então aconteceu que Zênife conferiu o reino a Noé, um de seus filhos; portanto Noé começou a reinar em seu lugar; e ele não seguiu os caminhos de seu pai.
  2 Pois eis que não guardou os mandamentos de Deus, mas seguiu os desejos de seu próprio coração. E teve muitas esposas e concubinas. E levou o seu povo a cometer pecados e a fazer o que era abominável aos olhos do Senhor. Sim, e cometeram clibertinagens e todo tipo de iniquidade.
  3 E estabeleceu um imposto de um quinto de tudo quanto possuíam; a quinta parte de seu ouro e de sua prata e a quinta parte de seu zife e de seu cobre e de seu latão e de seu ferro; e a quinta parte de seus rebanhos; e também a quinta parte de todos os seus grãos.
  4 E tomava tudo isto para sustentar a si mesmo e a suas esposas e suas concubinas; e também seus sacerdotes, as esposas e as concubinas deles; assim, havia modificado os negócios do reino.
  5 Pois destituiu todos os sacerdotes que haviam sido consagrados por seu pai e em seu lugar consagrou novos, os quais tinham o coração cheio de orgulho.
  6 Sim, e desta maneira eram sustentados, em sua indolência e em sua idolatria e em suas libertinagens, pelos tributos que o rei Noé impusera a seu povo; assim, o povo trabalhava muito para sustentar a iniquidade.
  7 Sim, e eles também se tornaram idólatras, porque foram enganados pelas palavras vãs e lisonjeiras do rei e dos sacerdotes; pois diziam-lhes coisas lisonjeiras.
  8 E aconteceu que o rei Noé construiu muitos edifícios elegantes e espaçosos; e ornamentou-os com belos trabalhos de madeira e com toda espécie de coisas preciosas de ouro e de prata e de ferro e de latão e de zife e de cobre;
  9 E também construiu para si mesmo um espaçoso palácio com um trono no centro, tudo feito de madeira nobre e ornamentado com ouro e prata e coisas preciosas.
  10 E também fez com que seus artífices executassem toda espécie de obras finas, de madeira fina e de cobre e de latão, dentro das paredes do templo.
  11 E os assentos reservados aos sumos sacerdotes, que ficavam acima de todos os outros assentos, ele ornamentou com ouro puro; e fez construir um parapeito a sua frente, para que pudessem descansar o corpo e os braços enquanto falavam a seu povo palavras falsas e vãs.
  12 E aconteceu que ele construiu uma torre perto do templo; sim, uma torre muito alta, tão alta que ele, do seu topo, podia ver a terra de Silom e também a terra de Senlon, que estava em poder dos lamanitas; e podia ver até mesmo toda a região circunvizinha.
  13 E aconteceu que mandou construir muitos edifícios na terra de Silom; e fez com que se construísse uma grande torre na colina que ficava ao norte da terra de Silom, onde os filhos de Néfi se haviam refugiado na ocasião em que fugiram da terra; e isso fez com as riquezas que obteve com os impostos de seu povo.
  14 E aconteceu que entregou o coração a suas riquezas e passava o tempo numa vida devassa com suas esposas e suas concubinas; e também seus sacerdotes passavam seu tempo com meretrizes.
  15 E aconteceu que plantou vinhas pela terra; e construiu lagares e fez vinho em abundância; e tornou-se, portanto, um bebedor de vinho, assim como seu povo.
  16 E aconteceu que os lamanitas começaram a investir contra o seu povo, atacando pequenos grupos, e a matá-los em seus campos e enquanto cuidavam de seus rebanhos.
  17 E o rei Noé espalhou guardas pela terra, para contê-los; não enviou, porém, um número suficiente, e os lamanitas caíram sobre eles e mataram-nos e levaram muitos de seus rebanhos para fora da terra; assim os lamanitas começaram a destruí-los e a exercer seu ódio contra eles.
  18 E aconteceu que o rei Noé enviou seus exércitos contra eles e eles foram rechaçados, ou melhor, fizeram com que retrocedessem por algum tempo; voltaram, portanto, regozijando-se por seus despojos.
  19 E então, por causa desta grande vitória, encheram o coração de orgulho; vangloriaram-se da própria força, dizendo que cinqüenta dos seus podiam com milhares de lamanitas; e assim se vangloriavam e deleitavam-se com sangue e com o derramamento do sangue de seus irmãos; e isto por causa da iniquidade de seu rei e de seus sacerdotes.
  20 E aconteceu que existia entre eles um homem cujo nome era Abinádi; e ele começou a profetizar no meio deles, dizendo: Eis que assim diz o Senhor e assim me ordenou, dizendo: Vai e dize a este povo: Assim diz o Senhor: Ai deste povo! Porque vi suas abominações e sua iniquidade e suas fornicações; e a não ser que se arrependam, visitá-los-ei com minha ira.
  21 E a menos que se arrependam e voltem-se para o Senhor seu Deus, eis que eu os entregarei nas mãos de seus inimigos; sim, e cairão em cativeiro; e serão afligidos pela mão de seus inimigos.
  22 E acontecerá que saberão que eu sou o Senhor seu Deus e sou um Deus zeloso, castigando as iniquidades de meu povo.
  23 E acontecerá que se este povo não se arrepender e não se voltar para o Senhor seu Deus, cairá em cativeiro; e ninguém os livrará, a não ser o Senhor, o Deus Todo-Poderoso.
  24 Sim, e acontecerá que quando clamarem a mim, serei vagaroso em ouvir seus clamores; sim, e permitirei que sejam feridos por seus inimigos.
  25 E a menos que se arrependam com saco e cinzas e clamem veementemente ao Senhor seu Deus, não ouvirei suas orações nem os livrarei de suas aflições; e assim diz o Senhor e assim me ordenou.
  26 Ora, aconteceu que quando Abinádi lhes disse estas palavras, enfureceram-se com ele e procuraram tirar-lhe a vida; mas o Senhor livrou-o das mãos deles.
  27 Ora, quando o rei Noé soube das palavras que Abinádi dissera ao povo, também ficou irado; e disse: Quem é Abinádi, para que eu e meu povo sejamos julgados por ele, ou quem é o Senhor, para trazer sobre o meu povo tão grande aflição?
  28 Ordeno-vos trazer-me Abinádi para que eu o mate, porque disse estas coisas para incitar meu povo à ira, uns contra os outros, e para causar contendas entre meu povo; portanto eu o matarei.
  29 Ora, os olhos do povo estavam cegos; portanto endureceram o coração contra as palavras de Abinádi e, a partir daquele momento, procuraram prendê-lo. E o rei Noé endureceu o coração contra a palavra do Senhor e não se arrependeu de suas más obras.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 12
Abinádi é aprisionado por profetizar a destruição do povo e a morte do rei Noé—Os falsos sacerdotes citam as escrituras e alegam guardar a lei de Moisés—Abinádi começa a ensinar-lhes os Dez Mandamentos. Aproximadamente 148 a.C.

  1 E aconteceu que, passados dois anos, Abinádi voltou para o meio deles disfarçado, de modo que não o reconheceram, e começou a profetizar entre eles, dizendo: Assim me ordenou o Senhor, dizendo: Abinádi, vai e profetiza a este meu povo, porque endureceram o coração contra minhas palavras; eles não se arrependeram de suas más obras; portanto, visitá-los-ei com minha ira, sim, com minha furiosa ira visitá-los-ei em suas iniquidades e abominações.
  2 Sim, ai desta geração! E o Senhor disse-me: Estende a mão e profetiza, dizendo: Assim diz o Senhor: Acontecerá que esta geração, por causa de suas iniquidades, cairá em cativeiro e será ferida na face; sim, e será rechaçada pelos homens e será morta; e os abutres do ar e os cães, sim, e os animais selvagens devorar-lhe-ão a carne.
  3 E acontecerá que a vida do rei Noé valerá tanto quanto uma vestimenta numa fornalha quente; pois ele saberá que eu sou o Senhor.
  4 E acontecerá que ferirei este meu povo com grandes aflições, sim, com fome e com peste; e farei com que uive o dia inteiro.
  5 Sim, e farei com que cargas pesadas sejam amarradas sobre seus lombos; e eles serão conduzidos como um jumento mudo.
  6 E acontecerá que enviarei granizo entre eles, que os ferirá; e também serão feridos com o vento oriental; e insetos também infestarão suas terras e devorarão seus grãos.
  7 E serão feridos com uma grande peste, e tudo isto farei por causa de suas iniquidades e abominações.
  8 E acontecerá que, a menos que se arrependam, eu os varrerei completamente da face da Terra; contudo, deixarão um registro atrás de si, o qual preservarei para outras nações que vierem a ocupar a terra; sim, e até isto eu farei para mostrar a outras nações as iniquidades deste povo. E muitas coisas profetizou Abinádi contra esse povo.
  9 E aconteceu que se zangaram com ele; e prenderam-no e levaram-no amarrado perante o rei e disseram ao rei: Eis que te trouxemos um homem que profetizou infortúnios concernentes a teu povo e disse que Deus o destruirá.
  10 E ele também profetiza infortúnios concernentes a tua vida e diz que tua vida será semelhante a uma vestimenta numa fornalha de fogo.
  11 E diz ainda que serás como um talo, como um talo seco do campo, que é pisado pelos animais e calcado com os pés.
  12 E acrescentou que tu serás como a flor do cardo que, quando está plenamente desabrochada, se o vento sopra, é levada pela face da terra. E alega que o Senhor o disse. E afirma que tudo isso recairá sobre ti, a menos que te arrependas; e isto por causa de tua iniquidade.
  13 E agora, ó rei, que grande mal fizeste ou que grandes pecados cometeu o teu povo, para que sejamos condenados por Deus ou julgados por este homem?
  14 E agora, ó rei, eis que somos inocentes e tu, ó rei, não pecaste; portanto este homem mentiu a teu respeito e profetizou em vão.
  15 E eis que somos fortes e não seremos escravizados nem seremos aprisionados por nossos inimigos; sim, e prosperaste nesta terra e continuarás a prosperar.
  16 Eis que aqui está o homem; nós o entregamos em tuas mãos; podes fazer com ele o que bem entenderes.
  17 E aconteceu que o rei Noé mandou que pusessem Abinádi na prisão; e ordenou aos sacerdotes que se reunissem para formarem com ele um conselho e resolverem o que fazer com ele.
  18 E aconteceu que disseram ao rei: Traze-o aqui, para que o interroguemos; e o rei ordenou que o levassem à presença deles.
  19 E começaram a interrogá-lo, com o fim de fazê-lo cair em contradição, para assim terem de que acusá-lo; ele, porém, respondeu-lhes arrojadamente e fez frente a todas as suas perguntas, sim para espanto deles; pois fez frente a eles em todas as suas perguntas e confundiu-os em todas as suas palavras.
  20 E aconteceu que um deles lhe disse: Que significam as palavras que foram escritas e ensinadas por nossos pais e que dizem:
  21 Quão belos são sobre os montes os pés do que anuncia boas novas, que proclama a paz, que anuncia o bem, que proclama a salvação; que diz a Sião: O teu Deus reina!
  22 Tuas sentinelas levantarão a voz; em uníssono cantarão; porque verão olho a olho quando o Senhor trouxer novamente Sião;
  23 Exultai de alegria! Cantai em coro, ó lugares desolados de Jerusalém! Pois o Senhor confortou seu povo, ele redimiu Jerusalém;
  24 O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações e todos os confins da Terra verão a salvação de nosso Deus?
  25 Disse-lhes então Abinádi: Sois vós sacerdotes e alegais ensinar este povo e entender o espírito de profecia e, não obstante, desejais que eu vos explique o que significam estas coisas?
  26 Digo-vos: Ai de vós por perverterdes os caminhos do Senhor! Pois, se entendeis estas coisas, não as haveis ensinado; portanto haveis pervertido os caminhos do Senhor.
  27 Não haveis aplicado vosso coração para compreender; portanto não haveis sido sábios. O que, pois, ensinais a este povo?
  28 E eles disseram: Ensinamos a lei de Moisés.
  29 E ele tornou a dizer-lhes: Se ensinais a lei de Moisés, por que não a guardais? Por que pondes vosso coração nas riquezas? Por que cometeis libertinagens e gastais vossa energia com meretrizes, sim, e fazeis com que este povo cometa pecados, dando motivo ao Senhor para enviar-me, a fim de profetizar contra este povo, sim, um grande mal contra este povo?
  30 Não sabeis que digo a verdade? Sim, sabeis que digo a verdade e deveríeis tremer diante de Deus.
  31 E acontecerá que sereis feridos por vossas iniquidades, pois haveis dito que ensinais a lei de Moisés. E que sabeis vós sobre a lei de Moisés? Traz a lei de Moisés a salvação? Que dizeis vós?
  32 E responderam-lhe, dizendo que a salvação era obtida pela lei de Moisés.
  33 Abinádi, porém, disse-lhes: Sei que, se guardardes os mandamentos de Deus, sereis salvos; sim, se guardardes os mandamentos que o Senhor entregou a Moisés no monte Sinai, dizendo:
  34 Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
  35 Não terás outro Deus diante de mim.
  36 Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus nem embaixo na Terra.
  37 E disse-lhes Abinádi: Haveis vós feito tudo isto? Digo-vos que não, não haveis. E haveis ensinado a este povo que deve fazer todas estas coisas? Digo-vos que não, não haveis.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 13
Abinádi é protegido pelo poder divino—Ele ensina os Dez Mandamentos—Não se alcança a salvação apenas pela lei de Moisés—O próprio Deus fará uma expiação e redimirá seu povo. Aproximadamente 148 a.C.

  1 E então, quando o rei ouviu estas palavras, disse a seus sacerdotes: Tirai este homem daqui e matai-o, pois o que temos nós a ver com ele? Ele é louco!
  2 E eles avançaram e procuraram deitar-lhe as mãos; mas ele resistiu, dizendo:
  3 Não me toqueis, pois Deus ferir-vos-á se deitardes as mãos em mim, porque ainda não transmiti a mensagem que o Senhor me ordenou que transmitisse; nem tampouco vos disse aquilo que apedistes que vos dissesse; portanto Deus não permitirá que eu seja destruído neste momento.
  4 Devo, porém, cumprir os mandamentos que Deus me deu; e por eu ter dito a verdade, estais irados contra mim. E também, por ter transmitido a palavra de Deus, julgais que sou louco.
  5 Ora, aconteceu que depois de Abinádi haver pronunciado estas palavras, o povo do rei Noé não se atreveu a deitar-lhe as mãos, porque a força do Senhor estava sobre ele; e seu rosto resplandecia com extraordinário brilho, como o de Moisés no monte Sinai enquanto falava com o Senhor.
  6 E falou com o poder e a autoridade de Deus; e continuou suas palavras, dizendo:
  7 Vedes que não tendes poder para matar-me, portanto termino minha mensagem. Sim, e percebo que ela vos atinge profundamente, porque vos digo a verdade sobre vossas iniquidades.
  8 Sim, e minhas palavras enchem-vos de admiração e de espanto e de ira.
  9 Termino, porém, a minha mensagem; e agora não importa aonde eu vá, contanto que eu seja salvo.
  10 Mas isto vos digo: O que fizerdes comigo, depois disto, será como um símbolo e uma representação de coisas que estão para vir.
  11 E agora vos lerei o restante dos mandamentos de Deus, pois percebo que não estão escritos em vosso coração; percebo que haveis estudado e ensinado iniquidade durante a maior parte de vossa vida.
  12 E agora, lembrai-vos de que eu vos disse: Não farás para ti imagem de escultura nem alguma semelhança do que há em cima nos céus nem embaixo na Terra nem nas águas debaixo da terra.
  13 E também: Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem;
  14 E faço misericórdia a milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.
  15 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
  16 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.
  17 Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra;
  18 Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu nem teu filho nem tua filha nem o teu servo nem a tua serva nem o teu animal nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas;
  19 Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra e o mar e tudo o que neles há; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado e santificou-o.
  20 Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.
  21 Não matarás.
  22 Não cometerás adultério. Não furtarás.
  23 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
  24 Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo nem o seu servo nem a sua serva nem o seu boi nem o seu jumento nem coisa alguma do teu próximo.
  25 E aconteceu que depois de Abinádi dizer estas coisas, perguntou-lhes: Haveis ensinado a este povo que deve procurar fazer todas estas coisas, a fim de guardar estes mandamentos?
  26 Digo-vos que não, pois, se o houvésseis feito, o Senhor não me haveria enviado para profetizar infortúnios concernentes a este povo.
  27 E agora, dissestes que a salvação se alcança pela lei de Moisés. Digo-vos que ainda é preciso que guardeis a lei de Moisés; mas digo-vos que chegará o tempo em que não mais será necessário guardar a lei de Moisés.
  28 E digo-vos mais ainda, que a salvação não se alcança somente pela lei; e se não fosse pela expiação que o próprio Deus fará pelos pecados e iniquidades dos de seu povo, eles inevitavelmente pereceriam, apesar da lei de Moisés.
  29 E agora vos digo que foi necessário dar uma lei aos filhos de Israel, sim, uma lei muito severa; porque eram um povo obstinado, rápido para cometer iniquidade e vagaroso para lembrar-se do Senhor seu Deus.
  30 Portanto uma lei lhes foi dada, sim, uma lei de ritos e de ordenanças, uma lei que deveriam observar rigorosamente, dia a dia, para conservarem viva a lembrança de Deus e de seu dever para com ele.
  31 Mas eis que vos digo que todas essas coisas eram símbolos de coisas futuras.
  32 Ora, entendiam eles a lei? Digo-vos que não; nem todos entendiam a lei; e isso por causa da dureza de seu coração; porque não compreendiam que ninguém poderia ser salvo, a não ser pela redenção de Deus.
  33 Pois eis que não lhes profetizou Moisés acerca da vinda do Messias e que Deus redimiria o seu povo? Sim, e mesmo todos os profetas que profetizaram desde o princípio do mundo, não falaram eles mais ou menos a respeito destas coisas?
  34 Não disseram eles que o próprio Deus desceria entre os filhos dos homens e tomaria a forma de homem e andaria com grande poder sobre a face da Terra?
  35 Sim, e não disseram também que ele proporcionaria a ressurreição aos mortos e que ele próprio seria oprimido e afligido?

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 14
Isaías fala sobre o Messias—Menciona-se a humilhação e os sofrimentos do Messias—Ele faz de sua alma uma oferta pelo pecado e intercede pelos transgressores—Comparar com Isaías 53. Aproximadamente 148 a.C.

  1 Sim, e não diz Isaías: Quem acreditou em nossas palavras e a quem se manifestou o braço do Senhor?
  2 Porque crescerá diante dele como uma planta tenra e como uma raiz de terra seca; não há nele forma nem formosura; e quando o virmos, não acharemos nele beleza para que o desejemos.
  3 Ele é desprezado e rejeitado pelos homens; varão de dores e experimentado em padecimentos; e foi como se escondêssemos dele nosso rosto; foi desprezado e não fizemos caso dele.
  4 Certamente ele tomou sobre si nossas dores e carregou nossos pesares; no entanto, reputamo-lo por aflito, ferido por Deus e oprimido.
  5 Mas foi ferido pelas nossas transgressões, moído pelas nossas iniquidades; o castigo de nossa paz estava sobre ele e pelas suas feridas somos curados.
  6 Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviou por seu próprio caminho; e o Senhor pôs sobre ele as iniquidades de todos nós.
  7 Ele foi oprimido e ele foi afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro e, como a ovelha permanece muda perante seus tosquiadores, também ele não abriu a boca.
  8 Da prisão e do julgamento foi tirado; e quem declarará sua geração? Porque foi arrancado da terra dos viventes; pelas transgressões de meu povo foi ferido.
  9 E ele fez a sua sepultura com o ímpio e com o rico na sua morte; porquanto nunca fez bmal nem houve engano na sua boca.
  10 Todavia ao Senhor agradou feri-lo; fê-lo sofrer; quando tu fizeres de sua alma uma oferta pelo pecado ele verá sua semente, ele prolongará seus dias e o prazer do Senhor prosperará em sua mão.
  11 Verá a agonia de sua alma e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento o meu servo justo a muitos justificará, porque tomará sobre si as iniquidades deles.
  12 Portanto, dar-lhe-ei uma porção com os grandes e com os poderosos ele repartirá os despojos; porquanto derramou sua alma até a morte e foi contado com os transgressores; tomou sobre si os pecados de muitos e intercedeu pelos transgressores.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 15
Como Cristo é tanto o Pai como o Filho—Ele intercederá por seu povo e tomará sobre si as transgressões deles—Eles e todos os profetas são sua semente—Ele efetua a Ressurreição—As criancinhas têm vida eterna. Aproximadamente 148 a.C.

  1 E então Abinádi lhes disse: Quisera que compreendêsseis que o próprio Deus descerá entre os filhos dos homens e redimirá seu povo.
  2 E porque ele habita na carne, será chamado o Filho de Deus; e havendo sujeitado a carne à vontade do Pai, sendo o Pai e o Filho.
  3 O Pai, porque foi concebido pelo poder de Deus; e o Filho, por causa da carne; tornando-se assim o Pai e o Filho.
  4 E eles são um Deus, sim, o próprio Pai Eterno do céu e da Terra.
  5 E assim a carne, tornando-se sujeita ao espírito, ou o Filho ao Pai, sendo um Deus, sofre tentações e não cede a elas, mas sujeita-se a ser escarnecido e açoitado e expulso e rejeitado por seu povo.
  6 E depois de tudo isso, após haver realizado grandes milagres entre os filhos dos homens, será conduzido, sim, segundo disse Isaías: Como a ovelha permanece muda perante seus tosquiadores, também ele não abriu a boca.
  7 Sim, desse modo será conduzido, crucificado e morto, a carne sujeitando-se à morte, a vontade do Filho sendo absorvida pela vontade do Pai.
  8 E assim rompe Deus as ligaduras da morte, havendo conquistado a vitória sobre a morte; dando ao Filho o poder de interceder pelos filhos dos homens.
  9 Havendo ascendido ao céu, tendo as entranhas cheias de misericórdia; estando cheio de compaixão pelos filhos dos homens; interpondo-se entre eles e a justiça; havendo rompido as ligaduras da morte, tomado sobre si as iniquidades e transgressões deles, havendo-os redimido e satisfeito as exigências da justiça.
  10 E agora vos pergunto: Quem declarará sua geração? Eis que vos digo que quando sua alma servir de oferta pelo pecado, ele verá a sua semente. E que dizeis agora? E quem será a sua semente?
  11 Eis que vos digo que quem tenha ouvido as palavras dos profetas, sim, de todos os profetas que profetizaram sobre a vinda do Senhor, digo-vos que todos aqueles que tenham escutado suas palavras e acreditado que o Senhor redimiria seu povo e hajam esperado ansiosamente pelo dia da remissão de seus pecados, eu vos digo que estes são a sua semente, ou seja, os herdeiros do reino de Deus.
  12 Porque estes são aqueles cujos pecados ele tomou sobre si; estes são aqueles por quem ele morreu, para redimi-los de suas transgressões. E agora, não são eles sua semente?
  13 Sim, e não o são também os profetas, cada um que abriu a boca para profetizar, que não caiu em transgressão, quero dizer, todos os profetas desde o começo do mundo? Digo-vos que eles são sua semente.
  14 Estes são os que proclamaram a paz, que anunciaram o bem, que proclamaram a salvação e que disseram a Sião: O teu Deus reina!
  15 E oh! quão belos foram os seus pés sobre os montes!
  16 E novamente, quão belos são sobre os montes os pés dos que ainda estão proclamando a paz!
  17 E novamente, quão belos são sobre os montes os pés dos que, daqui em diante, proclamarão a paz, sim, de agora em diante e para sempre!
  18 E eis que vos digo que isto não é tudo. Pois, oh! quão belos são sobre os montes os pés do que anuncia boas novas, que é o fundador da paz, sim, o Senhor que redimiu seu povo; sim, aquele que concedeu salvação a seu povo!
  19 Porque, não fora pela redenção que fez por seu povo, a qual foi preparada desde a fundação do mundo, eu vos digo que, não fora por isso, toda a humanidade teria perecido.
  20 Mas eis que as ligaduras da morte serão rompidas; e o Filho reina e tem poder sobre os mortos; portanto ele efetua a ressurreição dos mortos.
  21 E haverá uma ressurreição, sim, uma primeira ressurreição; sim, uma ressurreição daqueles que existiram e que existem e que existirão até a ressurreição de Cristo, porque assim será ele chamado.
  22 Ora, a ressurreição de todos os profetas e de todos os que acreditaram em suas palavras, ou seja, de todos os que guardaram os mandamentos de Deus, dar-se-á na primeira ressurreição; eles são, portanto, a primeira ressurreição.
  23 São levantados para viver com Deus, que os redimiu; assim, eles têm vida eterna por meio de Cristo, que rompeu as ligaduras da morte.
  24 E esses são os que tomam parte na primeira ressurreição; e esses são os que morreram antes da vinda de Cristo, em ignorância, não lhes havendo sido declarada a salvação. E assim o Senhor efetua a restauração destes; e tomam parte na primeira ressurreição, ou seja, têm vida eterna, sendo redimidos pelo Senhor.
  25 E as criancinhas também têm vida eterna.
  26 Atentai, porém, e temei e tremei diante de Deus, porque deveis tremer; porque o Senhor não redime os que se rebelam contra ele e morrem em seus pecados; sim, todos os que pereceram em seus pecados desde o princípio do mundo, que voluntariamente se rebelaram contra Deus; que conheciam os mandamentos de Deus e não os quiseram guardar; estes são os que não tomam parte na primeira ressurreição.
  27 Não deveis, pois, tremer? Porque nenhum destes alcança a salvação, porquanto o Senhor a nenhum deles redimiu; sim, nem pode o Senhor redimi-los; porque ele não pode contradizer-se; porque ele não pode negar à justiça os seus direitos.
  28 E agora vos digo que tempo virá em que a salvação do Senhor será anunciada a toda nação, tribo, língua e povo.
  29 Sim, tuas sentinelas, Senhor, levantarão a voz! Cantarão em uníssono porque verão olho a olho quando o Senhor trouxer novamente Sião.
  30 Exultai de alegria, cantai em coro, vós, lugares desolados de Jerusalém; porque o Senhor confortou seu povo; ele redimiu Jerusalém.
  31 O Senhor desnudou seu braço santo aos olhos de todas as nações e todos os confins da Terra verão a salvação de nosso Deus.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 16
Deus redime os homens de seu estado de perdição e queda—Aqueles que são carnais permanecem como se não houvesse redenção—Cristo efetua a ressurreição para a vida eterna ou para a condenação eterna. Aproximadamente 148 a.C.

  1 E então aconteceu que após Abinádi ter dito estas palavras, estendeu a mão e disse: Tempo virá em que todos verão a salvação do Senhor; em que toda nação, tribo, língua e povo verá olho a olho e confessará, diante de Deus, que seus julgamentos são justos.
  2 E então os ímpios serão expulsos e terão motivo para uivar e chorar e lamentar-se e ranger os dentes; e isto porque não deram ouvidos à voz do Senhor; portanto o Senhor não os redime.
  3 Porque eles são carnais e diabólicos e o diabo tem poder sobre eles; sim, aquela velha serpente que enganou nossos primeiros pais, que foi a causa de sua queda; que fez com que toda a humanidade se tornasse carnal, sensual, diabólica, distinguindo o mal do bem, sujeitando-se ao diabo.
  4 Assim, toda a humanidade estava perdida; e eis que estaria para sempre perdida se Deus não houvesse redimido seu povo do estado de perdição e queda.
  5 Lembrai-vos, porém, de que aquele que persiste em sua própria natureza carnal e segue os caminhos do pecado e da rebelião contra Deus, permanece em seu estado decaído e o diabo tem todo poder sobre ele. Portanto permanece como se não tivesse havido redenção, sendo inimigo de Deus; e também o diabo é inimigo de Deus.
  6 E agora, falando-se de coisas futuras como se elas já houvessem acontecido, se Cristo não tivesse vindo ao mundo, não poderia ter havido redenção.
  7 E se Cristo não houvesse ressuscitado dos mortos nem rompido as ligaduras da morte, para que a sepultura não tivesse vitória nem aguilhão tivesse a morte, não poderia ter havido ressurreição.
  8 Há, porém, uma ressurreição; portanto a sepultura não tem vitória e o aguilhão da morte é desfeito em Cristo.
  9 Ele é a luz e a vida do mundo; sim, uma luz sem fim, que nunca poderá ser obscurecida; sim, e também uma vida que é infinita, de modo que não pode mais haver morte.
  10 Isto que é mortal se revestirá de imortalidade e isto que é corrupção se revestirá de incorruptibilidade; e serão levados diante do tribunal de Deus, a fim de serem julgados por ele de acordo com as suas obras, sejam elas boas ou sejam elas más.
  11 Se forem boas, para a ressurreição da vida eterna e felicidade; e se forem más, para a ressurreição da condenação eterna, sendo entregues ao diabo que os dominou, o que é condenação.
  12 Havendo seguido suas próprias vontades e desejos carnais; não havendo nunca procurado o Senhor enquanto os braços de misericórdia lhes estavam estendidos, porque os braços de misericórdia lhes foram estendidos e não os aceitaram; havendo sido admoestados de suas iniquidades, ainda assim não quiseram afastar-se delas; e foi-lhes ordenado que se arrependessem e, contudo, não se arrependeram.
  13 E agora, não deveis tremer e arrepender-vos de vossos pecados e lembrar-vos de que somente em Cristo e por meio dele podereis ser salvos?
  14 Portanto, se ensinais a lei de Moisés, ensinai também que ela é uma prefiguração das coisas que estão para vir.
  15 Ensinai-lhes que a redenção é alcançada por meio de Cristo, o Senhor, que é o próprio Pai Eterno. Amém.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 17
Alma crê nas palavras de Abinádi e escreve-as—Abinádi morre queimado—Ele profetiza enfermidades e morte por fogo para seus assassinos. Aproximadamente 148 a.C.

  1 E então aconteceu que quando Abinádi havia terminado estas palavras, o rei ordenou a seus sacerdotes que o levassem e fizessem com que fosse morto.
  2 Mas havia entre eles um cujo nome era Alma, sendo ele também descendente de Néfi. E era jovem e acreditou nas palavras que Abinádi dissera, pois tinha conhecimento da iniquidade da qual Abinádi os acusara; portanto começou a suplicar ao rei que ele não se irasse contra Abinádi, mas que o deixasse partir em paz.
  3 O rei, porém, enfureceu-se ainda mais e fez com que Alma fosse expulso do meio deles; e enviou seus servos atrás dele para que o matassem.
  4 Mas ele fugiu e escondeu-se, de modo que não o acharam. E tendo ficado escondido durante muitos dias, escreveu todas as palavras que Abinádi dissera.
  5 E aconteceu que o rei ordenou a seus guardas que cercassem Abinádi e prendessem-no; e amarraram-no e jogaram-no na prisão.
  6 E depois de três dias, havendo-se aconselhado com seus sacerdotes, fez com que o levassem novamente a sua presença.
  7 E disse-lhe: Abinádi, temos uma acusação contra ti e mereces a morte.
  8 Pois disseste que o próprio Deus descerá entre os filhos dos homens; e agora, por causa disto serás morto, salvo se te retratares de todas as palavras que disseste de mal, concernentes a mim e a meu povo.
  9 Então Abinádi respondeu-lhe: Digo-vos que não me retratarei das palavras que disse concernentes a este povo, pois são verdadeiras; e para que saibais que são verdadeiras, consenti em cair em vossas mãos.
  10 Sim, e padecerei até mesmo a morte, porém não me retratarei de minhas palavras; e elas servirão de testemunho contra vós. E se me matardes, derramareis sangue inocente; e isto também servirá de testemunho contra vós no último dia.
  11 E então o rei Noé estava a ponto de soltá-lo, porque temia suas palavras; porque temia que os julgamentos de Deus caíssem sobre ele.
  12 Mas os sacerdotes levantaram suas vozes contra ele e começaram a acusá-lo, dizendo: Injuriou o rei! Portanto, o rei encheu-se de cólera contra ele e entregou-o para que o matassem.
  13 E aconteceu que o levaram e amarraram-no e flagelaram-lhe a pele com tochas, sim, até a morte.
  14 E então, quando as chamas começaram a queimá-lo, clamou a eles, dizendo:
  15 Eis que, assim como haveis feito comigo, acontecerá que a vossa posteridade fará com que muitos sofram as dores que eu sofro, sim, as dores da morte pelo fogo; e isto porque eles acreditam na salvação do Senhor seu Deus.
  16 E acontecerá que sereis afligidos por toda espécie de moléstias, por causa de vossas iniquidades.
  17 Sim, e sereis feridos por todos os lados; e sereis acossados e dispersos aqui e acolá, assim como um rebanho selvagem é acossado por animais selvagens e ferozes.
  18 E naquele dia sereis caçados e sereis presos por vossos inimigos e então sofrereis, como eu sofro, as penas da morte pelo fogo.
  19 Assim executa Deus vingança contra aqueles que destroem seu povo. Ó Deus, recebe a minha alma!
  20 E então, havendo Abinádi pronunciado estas palavras, ele caiu, tendo sofrido a morte pelo fogo; sim, tendo sido morto por não querer negar os mandamentos de Deus, tendo selado a verdade de suas palavras com a morte.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 18
Alma prega secretamente—Expõe o convênio do batismo e batiza nas águas de Mórmon—Organiza a Igreja de Cristo e ordena sacerdotes—Eles trabalham para seu próprio sustento e ensinam o povo—Alma e seu povo fogem do rei Noé, indo para o deserto. Aproximadamente 147–145 a.C.

  1 E então aconteceu que Alma, que havia fugido dos servos do rei Noé, arrependeu-se de seus pecados e iniquidades; e andando secretamente entre o povo, começou a ensinar as palavras de Abinádi;
  2 Sim, a respeito do que estava por acontecer e também da ressurreição dos mortos e da redenção do povo, que se realizariam pelo poder e sofrimentos e morte de Cristo e sua ressurreição e ascensão ao céu.
  3 E ensinava a todos os que desejavam ouvir suas palavras. E instruía-os secretamente, para que isso não chegasse ao conhecimento do rei. E muitos acreditaram em suas palavras.
  4 E aconteceu que todos os que creram nele se dirigiram para um lugar chamado Mórmon, nome que fora dado pelo rei, ficando nas fronteiras da terra que, em certas épocas ou estações, era infestada por animais selvagens.
  5 Ora, existia em Mórmon uma fonte de água pura, onde Alma se refugiava; e, próximo à água, havia um bosque de pequenas árvores, onde se escondia ele, durante o dia, das buscas do rei.
  6 E aconteceu que todos os que acreditavam nele para ali se dirigiam a fim de ouvir suas palavras.
  7 E aconteceu que, passados muitos dias, um grande número havia-se reunido nas paragens de Mórmon para ouvir as palavras de Alma. Sim, todos os que acreditavam em suas palavras estavam reunidos para ouvi-lo. E ele ensinou-os e pregou-lhes arrependimento e redenção e fé no Senhor.
  8 E aconteceu que ele lhes disse: Eis aqui as águas de Mórmon (pois assim eram chamadas); e agora, sendo que desejais entrar no rebanho de Deus e ser chamados seu povo; e sendo que estais dispostos a carregar os fardos uns dos outros, para que fiquem leves;
  9 Sim, e estais dispostos a chorar com os que choram; sim, e consolar os que necessitam de consolo e servir de testemunhas de Deus em todos os momentos e em todas as coisas e em todos os lugares em que vos encontreis, mesmo até a morte; para que sejais redimidos por Deus e contados com os da primeira ressurreição, para que tenhais a vida eterna.
  10 Agora vos digo que, se for este o desejo de vosso coração, o que vos impede de serdes batizados em nome do Senhor, como testemunha, perante ele, de que haveis feito convênio com ele de servi-lo e guardar seus mandamentos, para que ele possa derramar seu espírito com mais abundância sobre vós?
  11 E quando ouviram estas palavras, bateram palmas de alegria e exclamaram: Este é o desejo de nosso coração.
  12 E então aconteceu que Alma tomou a Helã, que era um dos primeiros, entrou na água e clamou, dizendo: Ó Senhor, derrama o teu espírito sobre o teu servo, para que possa fazer este trabalho com santidade de coração!
  13 E havendo dito estas palavras, o espírito do Senhor desceu sobre ele e ele disse: Helã, tendo autoridade do Deus Todo-Poderoso, eu te batizo como testemunho de que fizeste convênio de servi-lo até que estejas morto quanto ao corpo mortal; e que a força do Senhor se derrame sobre ti; e que te conceda a vida eterna, por meio da redenção de Cristo, a quem ele preparou desde a fundação do mundo.
  14 E havendo Alma pronunciado estas palavras, ambos, Alma e Helã, foram sepultados na água; e levantaram-se e saíram da água regozijando-se, estando cheios do espírito.
  15 E outra vez tomou Alma um outro, entrou pela segunda vez na água e batizou-o, como havia feito com o primeiro, só que não sepultou a si mesmo outra vez na água.
  16 E desse modo batizou todos os que haviam ido às paragens de Mórmon; e eram cerca de duzentas e quatro almas: sim, e foram batizados nas águas de Mórmon e encheram-se da graça de Deus.
  17 E foram chamados Igreja de Deus, ou seja, Igreja de Cristo, daquele tempo em diante. E aconteceu que todos os que eram batizados pelo poder e autoridade de Deus eram somados a sua Igreja.
  18 E aconteceu que Alma, tendo autoridade de Deus, ordenou sacerdotes; sim, um sacerdote para cada cinqüenta pessoas ordenou ele, para pregar-lhes e ensinar-lhes sobre as coisas pertencentes ao reino de Deus.
  19 E mandou que não ensinassem senão as coisas que ele ensinara, as quais haviam sido declaradas pela boca dos profetas.
  20 Sim, mandou-lhes que não pregassem senão arrependimento e fé no Senhor, que redimira seu povo.
  21 E mandou-lhes que não contendessem entre si, mas que olhassem para a frente com um único fito, tendo uma fé e um batismo, tendo os corações entrelaçados em unidade e amor uns para com os outros.
  22 Deste modo mandou que eles pregassem. E tornaram-se, assim, filhos de Deus.
  23 E mandou-lhes que observassem o dia do sábado, que o santificassem e que, também, todos os dias rendessem graças ao Senhor seu Deus.
  24 E também mandou que os sacerdotes que ele ordenara trabalhassem com as próprias mãos para o seu sustento.
  25 E designou-se um dia de cada semana no qual deveriam reunir-se para ensinar o povo e adorar ao Senhor seu Deus; e deveriam também reunir-se tantas vezes quantas lhes fosse possível.
  26 E os sacerdotes não deveriam depender do povo para o seu sustento; mas, pelo seu trabalho, receberiam a graça de Deus, a fim de fortalecer-se no espírito, tendo conhecimento de Deus para ensinar com poder e autoridade de Deus.
  27 E novamente mandou Alma que o povo da Igreja partilhasse seus bens, cada um de acordo com o que tivesse; quem tivesse com mais abundância deveria partilhar com mais abundância; daquele que tivesse pouco, pouco seria requerido; e quem nada tivesse, a esse seria dado.
  28 E assim, de sua livre vontade e devido a seus bons desejos em relação a Deus, deveriam partilhar seus bens com os sacerdotes necessitados, sim, e com toda alma necessitada e nua.
  29 E isso lhes disse ele, por ordem de Deus; e andaram retamente diante de Deus, ajudando-se uns aos outros, tanto material como espiritualmente, de acordo com suas necessidades e carências.
  30 E aconteceu que tudo isto se passou em Mórmon, sim, junto às águas de Mórmon, no bosque que existia perto das águas de Mórmon; sim, as paragens de Mórmon, as águas de Mórmon, o bosque de Mórmon, quão belos são eles aos olhos dos que ali vieram a ter conhecimento de seu Redentor; sim, e quão abençoados são eles, porque lhe cantarão louvores para sempre!
  31 E estas coisas foram feitas nas fronteiras daquela terra, para que não chegassem ao conhecimento do rei.
  32 Mas eis que o rei, havendo descoberto um movimento entre os de seu povo, enviou seus servos para vigiá-los. Por conseguinte, no dia em que se estavam reunindo para ouvir a palavra do Senhor, foram denunciados ao rei.
  33 E o rei disse que Alma estava incitando as pessoas a rebelarem-se contra ele; portanto enviou seu exército para destruí-los.
  34 E aconteceu que Alma e o povo do Senhor foram avisados da vinda do exército do rei; portanto tomaram suas tendas e suas famílias e partiram para o deserto.
  35 E eram aproximadamente quatrocentas e cinqüenta almas.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 19
Gideão procura matar o rei Noé—Os lamanitas invadem aquela terra—O rei Noé morre queimado—Lími governa como monarca tributário. Aproximadamente 145–121 a.C.

  1 E aconteceu que o exército do rei voltou, tendo procurado inutilmente pelo povo do Senhor.
  2 Ora, eis que as forças do rei eram pequenas, tendo sido reduzidas; e começou a haver uma divisão entre o restante do povo.
  3 E a parte menos numerosa começou a fazer ameaças ao rei e iniciou-se uma grande contenda entre eles.
  4 E havia entre eles um homem cujo nome era Gideão, que, sendo muito forte e inimigo do rei, desembainhou sua espada e jurou, em sua ira, que haveria de matar o rei.
  5 E aconteceu que lutou com o rei; e quando viu que estava para ser subjugado por ele, o rei fugiu e correu e subiu à torre que ficava perto do templo.
  6 E Gideão perseguiu-o e estava para subir à torre, a fim de matar o rei; e o rei lançou os olhos na direção da terra de Senlon e eis que o exército dos lamanitas estava dentro das fronteiras da terra.
  7 E então o rei clamou com toda a angústia de sua alma, dizendo: Gideão, poupa-me, porque os lamanitas estão sobre nós e destruir-nos-ão; sim, destruirão o meu povo.
  8 Ora, o rei não estava tão preocupado com o seu povo como com a própria vida; não obstante, Gideão poupou-lhe a vida.
  9 E o rei ordenou ao povo que fugisse dos lamanitas e ele próprio saiu à frente deles; e fugiram para o deserto com suas mulheres e seus filhos.
  10 E aconteceu que os lamanitas os perseguiram e alcançaram-nos e começaram a matá-los.
  11 Ora, aconteceu que o rei ordenou a todos os homens que abandonassem as esposas e filhos e fugissem dos lamanitas.
  12 Muitos, porém, não quiseram abandoná-los, preferindo ficar e morrer com eles. E os outros deixaram as esposas e filhos e fugiram.
  13 E aconteceu que os que ficaram com as esposas e filhos fizeram com que suas belas filhas saíssem ao encontro dos lamanitas e intercedessem por eles, para que não os matassem.
  14 E aconteceu que os lamanitas tiveram compaixão deles, porque a beleza das mulheres os cativou.
  15 Portanto os lamanitas lhes pouparam a vida e levaram-nos cativos de volta para a terra de Néfi, permitindo-lhes ocupar a terra com a condição de entregarem o rei Noé nas mãos dos lamanitas, bem como as propriedades deles e até mesmo a metade de tudo que possuíam, a metade de seu ouro e de sua prata e de todas as suas coisas preciosas, como tributo a ser pago ao rei dos lamanitas de ano em ano.
  16 E um dos filhos do rei estava entre os que foram aprisionados; e seu nome era Lími.
  17 E Lími desejava que seu pai não fosse morto; não obstante, sendo um homem justo, Lími não ignorava as iniquidades de seu pai.
  18 E aconteceu que Gideão enviou homens ao deserto, secretamente, para procurarem o rei e os que estavam com ele. E aconteceu que encontraram o povo no deserto, com exceção do rei e seus sacerdotes.
  19 Ora, eles haviam jurado em seu coração que voltariam à terra de Néfi e que, se suas mulheres e filhos houvessem sido mortos, assim como os homens que com eles haviam ficado, se vingariam e também pereceriam com eles.
  20 E o rei ordenou-lhes que não voltassem; e iraram-se contra o rei e fizeram-no padecer a morte pelo fogo.
  21 E estavam também para prender os sacerdotes e tirar-lhes a vida, mas estes fugiram deles.
  22 E aconteceu que estavam para voltar à terra de Néfi quando encontraram os homens de Gideão. E os homens de Gideão contaram-lhes tudo o que havia acontecido a suas esposas e filhos; e que os lamanitas lhes haviam permitido ocupar a terra se pagassem, como tributo aos lamanitas, metade de tudo quanto possuíssem.
  23 E os do povo contaram aos homens de Gideão que haviam matado o rei e que seus sacerdotes haviam fugido deles, deserto adentro.
  24 E aconteceu que depois de haverem terminado a cerimônia, voltaram para a terra de Néfi, regozijando-se porque suas mulheres e filhos não haviam sido mortos; e contaram a Gideão o que haviam feito ao rei.
  25 E aconteceu que o rei dos lamanitas lhes fez um juramento de que seu povo não os mataria.
  26 E também Lími, sendo filho do rei e tendo-lhe sido conferido o reinado pelo povo, fez juramento ao rei dos lamanitas de que seu povo lhe pagaria tributo, sim, a metade de tudo quanto possuísse.
  27 E aconteceu que Lími começou a estabelecer o reino e a estabelecer a paz entre seu povo.
  28 E o rei dos lamanitas espalhou guardas pela terra, para nela manter o povo de Lími e evitar que partissem para o deserto; e sustentava seus guardas com o tributo que recebia dos nefitas.
  29 Ora, o rei Lími gozou de paz contínua em seu reino pelo espaço de dois anos, sendo que os lamanitas não os molestaram nem procuraram destruí-los.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 20
Filhas dos lamanitas são raptadas pelos sacerdotes de Noé—Os lamanitas fazem guerra contra Lími e seu povo—Eles são repelidos e pacificados. Aproximadamente 145–123 a.C.

  1 Ora, havia um lugar em Senlon onde as filhas dos lamanitas se reuniam para cantar e dançar e divertir-se.
  2 E aconteceu que, certo dia, um pequeno número delas reuniu-se para cantar e dançar.
  3 E os sacerdotes do rei Noé, tendo vergonha de voltar à cidade de Néfi, sim, e também temendo que o povo os matasse, não se atreviam a voltar para junto das esposas e filhos.
  4 E tendo permanecido no deserto e descoberto as filhas dos lamanitas, ocultaram-se para observá-las.
  5 E quando havia somente algumas delas reunidas para dançar, saíram de seus esconderijos e arrebataram-nas e levaram-nas para o deserto; sim, vinte e quatro das filhas dos lamanitas foram carregadas para o deserto.
  6 E aconteceu que quando os lamanitas deram pela falta de suas filhas, iraram-se contra o povo de Lími, porque pensaram que fora o povo de Lími.
  7 Portanto enviaram seus exércitos contra eles; sim, o próprio rei marchou à frente de seu povo; e subiram à terra de Néfi para destruir o povo de Lími.
  8 Ora, Lími descobrira-os, do alto da torre, sim, descobrira todos os seus preparativos para a guerra. Portanto reuniu os de seu povo e esperaram-nos emboscados nos campos e nos bosques.
  9 E aconteceu que quando os lamanitas chegaram, o povo de Lími, saindo de seus esconderijos, atacou-os e começou a matá-los.
  10 E aconteceu que a batalha se tornou muito violenta, porque lutavam como leões por sua presa.
  11 E aconteceu que o povo de Lími começou a repelir os lamanitas, apesar de seu número não chegar à metade do deles. Mas lutavam pela vida e por suas esposas e filhos; portanto empregaram todos os seus esforços e combateram como dragões.
  12 E aconteceu que encontraram o rei dos lamanitas entre os mortos; ele, porém, não estava morto, havendo sido ferido e deixado no chão, tão rápida fora a fuga de seu povo.
  13 E recolheram-no e cuidaram de seus ferimentos e levaram-no à presença de Lími, dizendo: Eis aqui o rei dos lamanitas que, havendo sido ferido, caiu entre os mortos e eles o deixaram; e eis que o trouxemos a tua presença; e agora, matemo-lo.
  14 Lími, porém, disse-lhes: Não o mateis, mas trazei-o aqui para que eu o veja. E eles levaram-no. E perguntou-lhe Lími: Que motivo tendes para vir batalhar contra meu povo? Eis que meu povo não quebrou o juramento que eu vos fiz; portanto, por que razão quebrastes o juramento que fizestes a meu povo?
  15 E o rei respondeu: Eu quebrei o juramento porque teu povo levou as filhas de meu povo; portanto na minha ira fiz com que meu povo viesse lutar contra o teu povo.
  16 Ora, Lími nada ouvira sobre esse assunto; conseqüentemente disse: Procurarei entre meu povo e aquele que houver feito isso perecerá. Mandou, portanto, que se efetuasse uma busca entre o povo.
  17 E quando Gideão, que era capitão do rei, ouviu estas coisas, dirigiu-se ao rei e disse: Rogo-te que te detenhas e não procedas a uma busca entre este povo nem faças contra ele esta acusação.
  18 Pois não te lembras dos sacerdotes de teu pai, a quem este povo procurou destruir? E não estão eles no deserto? Não seriam eles os que roubaram as filhas dos lamanitas?
  19 E agora vai e dize ao rei estas coisas, para que ele as repita aos de seu povo e tranqüilize-os; pois eis que já se estão preparando para vir contra nós; e eis, também, que somos poucos.
  20 E eis que eles vêm com suas numerosas hostes; e a menos que o rei consiga apaziguá-los, pereceremos.
  21 Pois não se estarão cumprindo as palavras que Abinádi profetizou contra nós, e tudo isso porque não quisemos ouvir as palavras do Senhor nem abandonar nossas iniquidades?
  22 E agora tranqüilizemos o rei e cumpramos o juramento que lhe fizemos, pois é melhor estar em cativeiro do que perder a vida; portanto cessemos o derramamento de tanto sangue.
  23 E então Lími contou ao rei todas as coisas concernentes a seu pai e aos sacerdotes que haviam fugido para o deserto, atribuindo a estes o rapto das filhas dos lamanitas.
  24 E aconteceu que o rei se tranqüilizou em relação ao povo e disse-lhes: Vamos ao encontro de meu povo, sem armas; garanto-vos, sob juramento, que meu povo não vos matará.
  25 E aconteceu que seguiram o rei e, sem armas, foram ao encontro dos lamanitas. E aconteceu que encontraram os lamanitas; e o rei dos lamanitas curvou-se diante deles e intercedeu pelo povo de Lími.
  26 E quando os lamanitas viram que os homens de Lími estavam desarmados, tiveram compaixão deles e tranqüilizaram-se em relação a eles e voltaram com o rei, em paz, para sua própria terra.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 21
O povo de Lími é ferido e derrotado pelos lamanitas—Eles encontram Amon e são convertidos—Falam a Amon sobre as vinte e quatro placas jareditas. Aproximadamente 122–121 a.C.

  1 E aconteceu que Lími e seu povo voltaram para a cidade de Néfi e começaram a viver novamente em paz na terra.
  2 E aconteceu que, passados muitos dias, os lamanitas começaram a irar-se novamente contra os nefitas e a atravessar as fronteiras da terra circunvizinha.
  3 Ora, não se atreviam a matá-los por causa do juramento que seu rei havia feito a Lími; no entanto, batiam-lhes nas faces e exerciam autoridade sobre eles; e começaram a pôr pesados fardos sobre seus lombos e a conduzi-los como a um jumento mudo.
  4 Sim, tudo isso aconteceu para que se cumprisse a palavra do Senhor.
  5 Ora, as aflições dos nefitas eram grandes e não havia meio de se livrarem das mãos dos lamanitas, pois haviam sido cercados por eles de todos os lados.
  6 E aconteceu que os do povo começaram a queixar-se ao rei por causa de suas aflições e principiaram a ter desejo de fazer guerra aos lamanitas. E muito aborreceram o rei com suas queixas; portanto ele permitiu que procedessem de acordo com seus desejos.
  7 E reuniram-se novamente e vestiram suas armaduras e saíram contra os lamanitas para expulsá-los de sua terra.
  8 E aconteceu que os lamanitas os venceram e rechaçaram e mataram muitos deles.
  9 E houve muito pranto e lamentações entre o povo de Lími, chorando a viúva por seu marido, o filho e a filha por seu pai e os irmãos por seus irmãos.
  10 Ora, havia muitas viúvas na terra e elas choravam muito, dia após dia, porque se havia apoderado delas um grande temor dos lamanitas.
  11 E aconteceu que seus contínuos lamentos incitaram o restante dos súditos de Lími contra os lamanitas; e voltaram a guerrear, mas foram rechaçados novamente, sofrendo grandes perdas.
  12 Sim, e ainda voltaram a guerrear uma terceira vez, sofrendo da mesma forma; e os que não pereceram voltaram para a cidade de Néfi.
  13 E humilharam-se até o pó, sujeitando-se ao jugo do cativeiro, sendo espancados e levados de um lado para outro e sobrecarregados, de acordo com os desejos de seus inimigos.
  14 E humilharam-se com a mais profunda humildade e clamaram fervorosamente a Deus; sim, clamavam todo o dia a seu Deus, para que os livrasse de suas aflições.
  15 E o Senhor mostrava-se vagaroso em ouvir-lhes as lamentações, por causa de suas iniquidades; não obstante, o Senhor ouviu-lhes os lamentos e começou a abrandar o coração dos lamanitas, de modo que principiaram a aliviar-lhes a carga; contudo o Senhor não julgou oportuno livrá-los do cativeiro.
  16 E aconteceu que começaram, aos poucos, a prosperar na terra; e começaram a cultivar grãos em maior abundância e a criar rebanhos e manadas para não sofrerem fome.
  17 Ora, havia um número muito maior de mulheres que de homens; portanto o rei Lími ordenou a cada homem que dividisse o seu sustento com as viúvas e seus filhos, para que não perecessem de fome; e isto fizeram por causa do grande número de homens que haviam sido mortos.
  18 Ora, o povo de Lími conservou-se o mais unido possível, num só grupo, e protegeu seus grãos e seus rebanhos.
  19 E o próprio rei não ousava sair das muralhas da cidade, a não ser acompanhado de seus guardas, temendo cair, de alguma forma, nas mãos dos lamanitas.
  20 E fez com que vigiassem a terra ao redor para ver se, de algum modo, conseguiriam prender aqueles sacerdotes que haviam fugido para o deserto, que haviam raptado as filhas dos lamanitas e feito cair sobre eles tão grande destruição.
  21 Pois desejavam prendê-los para castigá-los; porque haviam penetrado na terra de Néfi durante a noite e carregado seus grãos e muitos de seus pertences preciosos; ficaram, portanto, à espreita.
  22 E aconteceu que não houve mais distúrbios entre os lamanitas e o povo de Lími, até a época em que Amon e seus irmãos chegaram à terra.
  23 E o rei, achando-se fora das portas da cidade com sua guarda, descobriu Amon e seus irmãos. E supondo que fossem os sacerdotes de Noé, mandou prendê-los e amarrá-los e jogá-los na prisão. E houvessem eles sido os sacerdotes de Noé, ele teria mandado matá-los.
  24 Contudo, quando descobriu que não eram, mas que eram seus irmãos e tinham vindo da terra de Zaraenla, encheu-se de grande alegria.
  25 Ora, antes da chegada de Amon o rei Lími enviara um pequeno número de homens à procura da terra de Zaraenla; mas não a puderam encontrar e perderam-se no deserto.
  26 Não obstante, encontraram uma terra que havia sido habitada; sim, uma terra que estava coberta de ossos secos; sim, uma terra que havia sido habitada e destruída; e tendo suposto que fosse a terra de Zaraenla, voltaram para a terra de Néfi, havendo chegado a suas fronteiras alguns dias antes da chegada de Amon;
  27 E levaram consigo um registro, o registro do povo cujos ossos haviam encontrado; e estava gravado em placas de metal.
  28 E então Lími novamente se encheu de alegria ao saber, pela boca de Amon, que o rei Mosias tinha um dom de Deus, mediante o qual podia interpretar tais gravações; sim, e Amon também se regozijou.
  29 Não obstante, Amon e os irmãos encheram-se de tristeza por haverem sido mortos tantos de seus irmãos.
  30 E também por terem, o rei Noé e seus sacerdotes, feito com que o povo cometesse tantos pecados e iniquidades contra Deus; e também lamentaram a morte de Abinádi, assim como a partida de Alma e dos que o haviam acompanhado, os quais haviam formado uma igreja de Deus pela força e poder de Deus e fé nas palavras que haviam sido proferidas por Abinádi.
  31 Sim, lamentaram sua partida, porque não sabiam para onde haviam fugido; e de bom grado se teriam unido a eles, pois também haviam feito um convênio com Deus de servi-lo e guardar seus mandamentos.
  32 Ora, desde a chegada de Amon o rei Lími e muitos de seu povo também haviam feito convênio com Deus de servi-lo e guardar seus mandamentos.
  33 E aconteceu que o rei Lími e muitos de seu povo desejavam ser batizados; mas ninguém havia na terra que tivesse autoridade de Deus. E Amon recusou-se a batizá-los, por considerar-se um servo indigno.
  34 Portanto naquela época eles não formaram uma igreja, esperando pela força do Senhor. E desejavam tornar-se como Alma e seus irmãos, que haviam fugido para o deserto.
  35 Desejavam ser batizados, como prova e testemunho de que estavam dispostos a servir a Deus de todo o coração; não obstante, adiaram o momento; e um relato de seu batismo será feito mais adiante.
  36 Ora, toda a preocupação de Amon e de seu povo e do rei Lími e de seu povo era livrarem-se das mãos dos lamanitas e do cativeiro.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 22
Feitos planos para o povo escapar do cativeiro lamanita—Os lamanitas são embebedados—O povo escapa, volta a Zaraenla e submete-se ao rei Mosias. Aproximadamente 121–120 a.C.

  1 Ora, aconteceu que Amon e o rei Lími começaram a consultar o povo sobre como poderiam livrar-se do cativeiro; e fizeram com que todo o povo se reunisse; e fizeram isso para ouvir a voz do povo acerca do assunto.
  2 E aconteceu que não conseguiam descobrir um meio para livrarem-se do cativeiro, a não ser que tomassem suas mulheres e filhos e seus rebanhos e suas manadas e suas tendas e partissem para o deserto; porque, sendo os lamanitas tão numerosos, era impossível ao povo de Lími lutar com eles, na esperança de poderem livrar-se do cativeiro pela espada.
  3 Ora, aconteceu que Gideão se apresentou ao rei e disse-lhe: Ó rei, até agora muitas vezes deste ouvidos a minhas palavras, quando combatíamos nossos irmãos, os lamanitas.
  4 E agora, ó rei, se achas que não sou um servo inútil, ou melhor, se até aqui de alguma forma deste ouvidos a minhas palavras e elas foram de utilidade para ti, desejo também que escutes minhas palavras nesta ocasião; e serei teu servo e livrarei este povo do cativeiro.
  5 E o rei deu-lhe licença para falar. E Gideão disse-lhe:
  6 Eis que há uma passagem na parte posterior da muralha, atrás da cidade. Os lamanitas, ou seja, os guardas dos lamanitas, embebedam-se à noite; enviemos, portanto, uma proclamação a todo este povo, para que reúna seus rebanhos e manadas, a fim de conduzi-los ao deserto durante a noite.
  7 E eu irei, de acordo com tua ordem, pagar o último tributo de vinho aos lamanitas e eles ficarão embriagados; e sairemos pela passagem secreta, à esquerda de seu acampamento, quando estiverem bêbados e adormecidos.
  8 Assim partiremos com nossas mulheres e filhos, nossos rebanhos e manadas para o deserto; e viajaremos contornando a terra de Silom.
  9 E aconteceu que o rei deu ouvidos às palavras de Gideão.
  10 E o rei Lími fez com que o povo reunisse seus rebanhos e enviou o tributo de vinho aos lamanitas; e também lhes enviou mais vinho, como presente; e beberam abundantemente do vinho que o rei Lími lhes havia enviado.
  11 E aconteceu que os súditos do rei Lími partiram durante a noite para o deserto com seus rebanhos e suas manadas; e eles contornaram a terra de Silom no deserto e tomaram a direção da terra de Zaraenla, sendo guiados por Amon e seus irmãos.
  12 E levaram consigo para o deserto todo o seu ouro e prata e seus pertences preciosos que podiam transportar e também suas provisões; e continuaram a viagem.
  13 E depois de muitos dias no deserto, chegaram à terra de Zaraenla e juntaram-se ao povo de Mosias e tornaram-se seus súditos.
  14 E aconteceu que Mosias os recebeu com alegria; e também recebeu seus registros, assim como os registros que haviam sido encontrados pelo povo de Lími.
  15 E então aconteceu que quando os lamanitas descobriram que o povo de Lími haviam partido durante a noite, enviaram um exército ao deserto para persegui-los;
  16 E depois de tê-los perseguido durante dois dias, já não puderam seguir-lhes os rastros; portanto, perderam-se no deserto.

LIVRO DE MOSIAS
Relato de Alma e do povo do Senhor, que foram impelidos para o deserto pelo povo do rei Noé.
Abrange os capítulos 23 e 24.

CAPÍTULO 23
Alma recusa-se a ser rei—Ele serve como sumo sacerdote—O Senhor castiga seu povo e os lamanitas conquistam a terra de Helã—Amulon, chefe dos iníquos sacerdotes do rei Noé, governa sujeito ao monarca lamanita. Aproximadamente 145–121 a.C.

  1 Ora, Alma, tendo sido avisado pelo Senhor de que os exércitos do rei Noé cairiam sobre eles, avisou seu povo; portanto reuniram seus rebanhos e recolheram seus cereais e partiram para o deserto, adiante dos exércitos do rei Noé.
  2 E o Senhor fortaleceu-os, de modo que o povo do rei Noé não conseguiu alcançá-los para destruí-los.
  3 E fugiram durante oito dias, deserto adentro.
  4 E chegaram a uma terra, sim, uma terra muito bela e agradável, uma terra de águas puras.
  5 E armaram suas tendas e começaram a cultivar o solo e a construir edifícios; sim, eram industriosos e trabalhavam muito.
  6 E o povo desejava que Alma fosse rei, porque era amado por seu povo.
  7 Mas ele disse-lhes: Eis que não é aconselhável que tenhamos um rei, pois assim diz o Senhor: Não apreciareis uma carne mais que outra, ou seja, nenhum homem se considerará melhor que outro; digo-vos, portanto, que não é aconselhável que tenhais um rei.
  8 Não obstante, se fosse possível ter sempre homens justos como reis, seria bom que tivésseis um rei.
  9 Mas lembrai-vos das iniquidades do rei Noé e seus sacerdotes; e eu mesmo caí numa armadilha e fiz muitas coisas abomináveis aos olhos do Senhor, o que me causou penoso arrependimento.
  10 Não obstante, depois de muitas tribulações o Senhor ouviu meus clamores e respondeu a minhas orações e fez de mim um instrumento em suas mãos, para levar tantos de vós a conhecerdes sua verdade.
  11 Não obstante, não me vanglorio disso, porque sou indigno de vangloriar-me.
  12 E agora vos digo que haveis sido oprimidos pelo rei Noé e haveis sido escravizados por ele e seus sacerdotes; e eles vos conduziram à iniquidade; fostes, portanto, amarrados com os laços da iniquidade.
  13 E agora, assim como haveis sido libertados desses laços pelo poder de Deus, sim, das mãos do rei Noé e seu povo e também dos laços da iniquidade, assim também desejo que vos conserveis firmes nesta liberdade que vos fez livres; e que em ninguém confieis para ser vosso rei.
  14 E também, que em ninguém confieis para ser vosso mestre ou ministro, a não ser que seja um homem de Deus, que ande em seus caminhos e guarde os mandamentos.
  15 Assim Alma ensinou seu povo, a fim de que cada um amasse o próximo como a si mesmo, para que não houvesse disputas entre eles.
  16 E Alma foi o seu sumo sacerdote, tendo sido ele o fundador da igreja deles.
  17 E aconteceu que ninguém recebia autoridade para pregar ou ensinar, a não ser de Deus, por intermédio de Alma. Ele, portanto, consagrava todos os sacerdotes e todos os mestres; e ninguém era consagrado a não ser que fosse um homem justo.
  18 Portanto zelavam por seu povo e edificavam-no com coisas pertinentes à retidão.
  19 E aconteceu que começaram a prosperar muito na terra; e chamaram à terra Helã.
  20 E aconteceu que se multiplicaram e prosperaram grandemente na terra de Helã; e construíram uma cidade que chamaram cidade de Helã.
  21 Não obstante, o Senhor julga conveniente castigar seu povo; sim, ele prova sua paciência e sua fé.
  22 Entretanto, quem nele confia será elevado no último dia. E assim foi com este povo.
  23 Pois eis que vos mostrarei que eles foram reduzidos ao cativeiro e ninguém poderia salvá-los, exceto o Senhor seu Deus, sim, o Deus de Abraão e Isaque e de Jacó.
  24 E aconteceu que ele os libertou e mostrou-lhes o seu grande poder; e grande foi a sua alegria.
  25 Pois eis que aconteceu que, enquanto estavam na terra de Helã, sim, na cidade de Helã, cultivando a terra dos arredores, eis que um exército dos lamanitas se encontrava nas fronteiras da terra.
  26 E aconteceu que os irmãos de Alma fugiram de seus campos e reuniram-se na cidade de Helã; e ficaram muito atemorizados com a chegada dos lamanitas.
  27 Alma, porém, adiantou-se e exortou-os a não temerem, mas a lembrarem-se do Senhor seu Deus e ele libertá-los-ia.
  28 Portanto reprimiram os seus temores e começaram a clamar ao Senhor para que abrandasse o coração dos lamanitas, a fim de que eles os poupasssem e a suas mulheres e filhos.
  29 E aconteceu que o Senhor abrandou o coração dos lamanitas. E Alma e seus irmãos foram ao encontro deles e entregaram-se em suas mãos; e os lamanitas tomaram posse da terra de Helã.
  30 Ora, os exércitos dos lamanitas, que haviam perseguido o povo do rei Lími, haviam ficado perdidos no deserto durante muitos dias.
  31 E eis que haviam encontrado aqueles sacerdotes do rei Noé, num lugar a que deram o nome de Amulon; e eles haviam começado a ocupar a terra de Amulon e a cultivar o solo.
  32 Ora, o nome do chefe desses sacerdotes era Amulon.
  33 E aconteceu que Amulon fez um apelo aos lamanitas; e enviou também suas mulheres, que eram filhas dos lamanitas, para implorarem a seus irmãos que não matassem seus maridos.
  34 E os lamanitas tiveram compaixão de Amulon e de seus irmãos e não os mataram, por causa de suas mulheres.
  35 E Amulon e seus irmãos uniram-se aos lamanitas e estavam viajando pelo deserto, à procura da terra de Néfi, quando descobriram a terra de Helã, ocupada por Alma e seus irmãos.
  36 E aconteceu que os lamanitas prometeram a Alma e seus irmãos que, se lhes indicassem o caminho para a terra de Néfi, conceder-lhes-iam a vida e a liberdade.
  37 Depois que Alma lhes mostrou o caminho para a terra de Néfi, entretanto, os lamanitas não cumpriram a promessa, mas espalharam guardas pela terra de Helã, com autoridade sobre Alma e seus irmãos.
  38 E os demais foram para a terra de Néfi; e uma parte deles voltou para a terra de Helã, levando consigo as esposas e filhos dos guardas que haviam sido deixados na terra.
  39 E o rei dos lamanitas permitiu a Amulon que fosse rei e governante de seu povo, que estava na terra de Helã; não teria, porém, o poder de fazer coisa alguma contrária à vontade do rei dos lamanitas.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 24
Amulon persegue Alma e seu povo—Se orarem, deverão ser mortos— O Senhor faz com que seus fardos pareçam leves—Livra-os do cativeiro e eles voltam para Zaraenla. Aproximadamente 145–120 a.C.

  1 E aconteceu que Amulon caiu nas graças do rei dos lamanitas; portanto o rei dos lamanitas permitiu que ele e seus irmãos fossem nomeados mestres de seu povo, sim, do povo que se achava na terra de Senlon e na terra de Silom e na terra de Amulon.
  2 Porque os lamanitas haviam tomado posse de todas essas terras; portanto o rei dos lamanitas nomeara reis para todas essas terras.
  3 Ora, o nome do rei dos lamanitas era Lamã, sendo chamado pelo nome de seu pai; e, portanto, era chamado rei Lamã. E era rei de um povo numeroso.
  4 E nomeou mestres, dentre os irmãos de Amulon, em cada terra ocupada por seu povo; e assim o idioma de Néfi começou a ser ensinado entre todos os lamanitas.
  5 E eram amistosos uns com os outros; não obstante, não conheciam a Deus; e os irmãos de Amulon nada lhes ensinaram concernente ao Senhor seu Deus nem à lei de Moisés; tampouco lhes ensinaram as palavras de Abinádi.
  6 Ensinaram-lhes, porém, que deveriam escrever sua história e que poderiam escrever uns aos outros.
  7 E assim os lamanitas começaram a enriquecer e começaram a negociar uns com os outros e a tornarem-se poderosos; e começaram a ser um povo astuto e sábio quanto à sabedoria do mundo; sim, um povo muito astuto, que se deleitava com toda espécie de iniquidades e pilhagens, exceto entre seus próprios irmãos.
  8 E então aconteceu que Amulon começou a exercer autoridade sobre Alma e seus irmãos e começou a persegui-lo e a fazer com que seus filhos perseguissem os filhos deles.
  9 Porque Amulon conhecia Alma e sabia que ele havia sido um dos sacerdotes do rei; e que fora ele que acreditara nas palavras de Abinádi e fora expulso da presença do rei; estava, portanto, irado com ele; pois, embora sujeito ao rei Lamã, exercia autoridade sobre eles e impunha-lhes trabalhos e colocava capatazes sobre eles.
  10 E aconteceu que suas aflições eram tão grandes que começaram a clamar fervorosamente a Deus.
  11 E Amulon ordenou-lhes que parassem com seus clamores; e pôs guardas a vigiá-los, para que fosse morto quem quer que encontrassem clamando a Deus.
  12 E Alma e seu povo não levantaram as vozes ao Senhor seu Deus, mas a ele abriram o coração; e ele conhecia seus pensamentos.
  13 E aconteceu que a voz do Senhor lhes falou em suas aflições, dizendo: Levantai a cabeça e tende bom ânimo, porque sei do convênio que fizestes comigo; e farei um convênio com o meu povo e libertá-lo-ei do cativeiro.
  14 E também aliviarei as cargas que são colocadas sobre vossos ombros, de modo que não as podereis sentir sobre vossas costas enquanto estiverdes no cativeiro; e isso eu farei para que sejais minhas testemunhas no futuro e para que tenhais plena certeza de que eu, o Senhor Deus, visito meu povo nas suas aflições.
  15 E aconteceu que as cargas impostas a Alma e seus irmãos se tornaram leves; sim, o Senhor fortaleceu-os para que pudessem carregar seus fardos com facilidade; e submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor.
  16 E aconteceu que tão grande era a sua fé e paciência, que a voz do Senhor tornou a falar-lhes, dizendo: Tende bom ânimo, porque amanhã vos libertarei do cativeiro.
  17 E ele disse a Alma: Irás à frente deste povo e eu irei contigo e libertarei este povo do cativeiro.
  18 Ora, aconteceu que Alma e seu povo reuniram os seus rebanhos e também seus cereais durante a noite; sim, levaram a noite toda reunindo seus rebanhos.
  19 E na manhã seguinte o Senhor fez com que os lamanitas caíssem num profundo sono; sim, e todos os seus capatazes permaneceram profundamente adormecidos.
  20 E Alma e seu povo partiram para o deserto; e tendo viajado durante o dia inteiro, armaram suas tendas num vale ao qual chamaram vale de Alma, porque ele os havia conduzido pelo deserto.
  21 Sim, e no vale de Alma renderam graças a Deus porque fora misericordioso para com eles e aliviara suas cargas e libertara-os do cativeiro; porque estavam no cativeiro e ninguém os poderia libertar, exceto o Senhor seu Deus.
  22 E renderam graças a Deus; sim, todos os homens e todas as mulheres e todas as crianças que podiam falar levantaram as vozes em louvor a seu Deus.
  23 E então o Senhor disse a Alma: Apressa-te e sai com teu povo desta terra, porque os lamanitas acordaram e perseguem-te; portanto sai desta terra e eu deterei os lamanitas neste vale para que não mais persigam este povo.
  24 E aconteceu que saíram do vale e reiniciaram sua jornada pelo deserto.
  25 E depois de haverem estado doze dias no deserto, chegaram à terra de Zaraenla; e o rei Mosias também os recebeu com alegria.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 25
Os do povo de Zaraenla (os mulequitas) tornam-se nefitas—Eles tomam conhecimento do povo de Alma e de Zênife—Alma batiza Lími e todo o seu povo—Mosias autoriza Alma a organizar a Igreja de Deus. Aproximadamente 120 a.C.

  1 E então o rei Mosias fez com que todo o povo se reunisse.
  2 Ora, não havia tantos dos filhos de Néfi, ou seja, tantos dos descendentes de Néfi quantos havia do povo de Zaraenla, que era descendente de Muleque, e dos que com ele haviam ido para o deserto.
  3 E não havia tantos do povo de Néfi nem do povo de Zaraenla como havia dos lamanitas; sim, não eram nem a metade em número.
  4 E todo o povo de Néfi estava reunido, assim como todo o povo de Zaraenla; e achavam-se congregados em dois grupos.
  5 E aconteceu que Mosias leu e fez com que fossem lidos os registros de Zênife a seu povo; sim, ele leu os registros do povo de Zênife, desde o tempo em que haviam deixado a terra de Zaraenla até quando retornaram.
  6 E também leu o relato de Alma e seus irmãos e de todas as suas aflições, desde o tempo em que haviam deixado a terra de Zaraenla até quando retornaram.
  7 E quando Mosias terminou a leitura dos registros, os de seu povo, que haviam permanecido na terra, ficaram assombrados e atônitos.
  8 Pois não sabiam o que pensar, porque, quando viram os que haviam sido libertados do cativeiro, encheram-se de grande alegria.
  9 E também, quando pensaram em seus irmãos que haviam sido mortos pelos lamanitas, encheram-se de tristeza e até mesmo derramaram lágrimas de dor.
  10 E também, quando pensaram na solícita bondade de Deus e no seu poder para libertar Alma e seus irmãos das mãos dos lamanitas e do cativeiro, elevaram as vozes e renderam graças a Deus.
  11 E novamente, quando pensaram nos lamanitas, que eram seus irmãos, e no estado de corrupção e pecado em que viviam, encheram-se de dor e angústia em relação ao bem-estar de suas almas.
  12 E aconteceu que aqueles que eram filhos de Amulon e seus irmãos, que haviam tomado as filhas dos lamanitas para esposas, ficaram desgostosos com o procedimento de seus pais e não quiseram mais levar o nome deles; conseqüentemente, adotaram o nome de Néfi, para que pudessem ser chamados filhos de Néfi e contados com os que eram chamados nefitas.
  13 E assim, todo o povo de Zaraenla foi contado com os nefitas; e isto porque o reino havia sido conferido somente aos descendentes de Néfi.
  14 E aconteceu que quando acabou de falar e ler para o povo, Mosias pediu a Alma que também falasse.
  15 E Alma falou, estando o povo reunido em grandes grupos; e ele foi de grupo em grupo, pregando ao povo arrependimento e fé no Senhor.
  16 E exortou o povo de Lími e seus irmãos, todos os que haviam sido libertados do cativeiro, a lembrarem-se de que havia sido o Senhor quem os libertara.
  17 E aconteceu que depois de Alma haver ensinado muitas coisas ao povo e acabado de falar-lhes, o rei Lími desejou ser batizado; e também todo o seu povo desejou ser batizado.
  18 Portanto Alma entrou na água e batizou-os; sim, batizou-os da mesma forma que batizara seus irmãos nas águas de Mórmon; sim, e todos os que batizou passaram a pertencer à igreja de Deus; e isso por causa de sua crença nas palavras de Alma.
  19 E aconteceu que o rei Mosias permitiu que Alma organizasse igrejas por toda a terra de Zaraenla; e deu-lhe poder para ordenar sacerdotes e mestres em cada igreja.
  20 Ora, isso foi feito porque havia tanta gente, que não podiam todos ser governados por um só mestre; nem podiam todos ouvir a palavra de Deus numa só assembléia.
  21 Portanto, reuniam-se em diversos grupos, chamados igrejas, tendo cada igreja seus sacerdotes e mestres; e cada sacerdote pregando a palavra segundo lhe era comunicada pela boca de Alma.
  22 E assim, não obstante existirem muitas igrejas, elas eram todas uma só igreja, sim, a igreja de Deus; porque nada se pregava em qualquer delas além de arrependimento e fé em Deus.
  23 E existiam então sete igrejas na terra de Zaraenla. E aconteceu que todos aqueles que desejavam tomar sobre si o nome de Cristo, ou seja, de Deus, uniam-se às igrejas de Deus.
  24 E eram chamados povo de Deus. E o Senhor derramou seu espírito sobre eles e foram abençoados e prosperaram na terra.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 26
Muitos membros da Igreja são guiados ao pecado por incrédulos—Alma recebe a promessa de vida eterna—Aqueles que se arrependem e são batizados recebem perdão—Membros da Igreja, em pecado, que se arrependerem e se confessarem a Alma e ao Senhor, serão perdoados; do contrário, serão excomungados. Aproximadamente 120–100 a.C.

  1 Ora, aconteceu que havia muitos da nova geração que não podiam compreender as palavras do rei Benjamim, pois eram criancinhas na época em que ele falara a seu povo; e não acreditavam na tradição de seus pais.
  2 Não acreditavam no que fora dito sobre a ressurreição dos mortos nem acreditavam no que se referia à vinda de Cristo.
  3 Ora, por causa de sua incredulidade não podiam compreender a palavra de Deus; e seu coração estava endurecido.
  4 E não queriam ser batizados nem desejavam unir-se à igreja. E formavam um povo à parte, quanto a sua fé, e assim permaneceram para sempre; sim, em seu estado carnal e pecaminoso, porque não queriam invocar o Senhor seu Deus.
  5 Ora, no reinado de Mosias não chegavam, em número, à metade do povo de Deus; mas, devido às dissensões entre os irmãos, tornaram-se mais numerosos.
  6 Porque aconteceu que enganaram, com suas palavras lisonjeiras, a muitos dos que pertenciam à igreja e fizeram com que cometessem muitos pecados; tornou-se necessário, portanto, que aqueles que cometiam pecados e que pertenciam à igreja fossem admoestados pela igreja.
  7 E aconteceu que eram levados à presença dos sacerdotes e entregues aos sacerdotes pelos mestres, sendo levados pelos sacerdotes à presença de Alma, que era o sumo sacerdote.
  8 Ora, o rei Mosias dera a Alma autoridade sobre a igreja.
  9 E aconteceu que Alma nada sabia sobre eles; mas muitas testemunhas havia contra eles; sim, muita gente se apresentava e testemunhava a respeito de suas iniquidades.
  10 Ora, nunca antes havia acontecido coisa semelhante na igreja; portanto, o espírito de Alma perturbou-se e ele fez com que os levassem à presença do rei.
  11 E ele disse ao rei: Eis aqui muitos que trouxemos a tua presença, que são acusados por seus irmãos; sim, e foram apanhados cometendo várias iniquidades. E eles não se arrependem de suas iniquidades; portanto, trouxemo-los a tua presença, para que os julgues de acordo com seus crimes.
  12 Mas o rei Mosias disse a Alma: Eis que não os julgarei; entrego-os, portanto, em tuas mãos para serem julgados.
  13 E então o espírito de Alma tornou a perturbar-se. E dirigindo-se ao Senhor, perguntou-lhe o que deveria fazer a respeito do assunto, porque temia proceder mal aos olhos do Senhor.
  14 E aconteceu que depois de haver derramado toda a sua alma a Deus, ouviu a voz do Senhor, dizendo:
  15 Abençoado és tu, Alma, e abençoados são os que foram batizados nas águas de Mórmon. Abençoado és por causa de tua grande tão-somente nas palavras de meu servo Abinádi.
  16 E abençoados são eles por causa de sua grande fé tão-somente nas palavras que tu lhes disseste.
  17 E abençoado és tu por haveres organizado uma igreja entre este povo; e eles serão estabelecidos e eles serão o meu povo.
  18 Sim, abençoado é este povo que deseja tomar sobre si o meu nome; porque em meu nome serão chamados; e eles são meus.
  19 E por me haveres inquirido sobre os transgressores, és abençoado.
  20 Tu és meu servo; e faço convênio contigo de que terás vida eterna; e servir-me-ás e irás em meu nome e reunirás minhas ovelhas.
  21 E aquele que escutar a minha voz será minha ovelha; e a ele receberás na igreja e a ele também eu receberei.
  22 Pois eis que esta é a minha igreja; quem quer que seja batizado, será batizado para o arrependimento. E quem quer que recebas, acreditará em meu nome; e a esse eu perdoarei liberalmente.
  23 Porque sou eu que tomo sobre mim os pecados do mundo; porque fui eu que criei o homem; e sou eu que concedo, ao que acredita até o fim, um lugar a minha mão direita.
  24 Pois eis que em meu nome eles são chamados; e, se me conhecerem, levantar-se-ão e terão um lugar a minha mão direita, eternamente.
  25 E acontecerá que quando soar a segunda trombeta, então aqueles que nunca me conheceram se levantarão e ficarão na minha presença.
  26 E aí saberão que eu sou o Senhor seu Deus, que sou o seu Redentor; mas eles não quiseram ser redimidos.
  27 E, então, declarar-lhes-ei que nunca os conheci; e partirão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.
  28 Digo-te, portanto, que aquele que não ouvir a minha voz, esse não receberás na minha igreja, porque eu não o receberei no último dia.
  29 Digo-te, portanto: Vai; e o que transgredir contra mim, julgarás de acordo com os pecados que houver cometido; e se confessar seus pecados diante de ti e de mim e arrepender-se com sinceridade de coração, tu o perdoarás e eu também o perdoarei.
  30 Sim, e tantas vezes quantas o meu povo se arrepender, perdoá-lo-ei de suas ofensas contra mim.
  31 E também vos perdoareis uns aos outros vossas ofensas, pois em verdade vos digo que aquele que não perdoar as ofensas de seu próximo, quando este se confessar arrependido, trará sobre si condenação.
  32 Digo-te agora: Vai; e aquele que não se arrepender de seus pecados não será contado com o meu povo; e isto será observado de agora em diante.
  33 E aconteceu que Alma, quando ouviu estas palavras, escreveu-as a fim de conservá-las e de poder julgar o povo daquela igreja de acordo com os mandamentos de Deus.
  34 E aconteceu que Alma julgou, de acordo com a palavra do Senhor, os que haviam sido apanhados cometendo iniquidades.
  35 E aqueles que se arrependeram de seus pecados e os confessaram, ele contou-os com o povo da igreja;
  36 E os que não quiseram confessar seus pecados e arrepender-se de suas iniquidades, não foram contados com o povo da igreja; e seus nomes foram riscados.
  37 E aconteceu que Alma pôs em ordem todos os assuntos da igreja; e começaram novamente a ter paz e a prosperar muito nos assuntos da igreja, andando circunspectamente diante de Deus, recebendo muitos e batizando muitos.
  38 Ora, todas estas coisas foram feitas por Alma e seus companheiros, que dirigiam a igreja agindo com toda a diligência, ensinando a palavra de Deus em todas as coisas, sofrendo toda espécie de aflições, sendo perseguidos por todos os que não pertenciam à igreja de Deus.
  39 E admoestavam seus irmãos; e eram também admoestados, cada um pela palavra de Deus, de acordo com os seus pecados, ou seja, com os pecados que havia cometido, tendo recebido mandamento de Deus para orar sem cessar e render graças por todas as coisas.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 27
Mosias proíbe a perseguição e ordena a igualdade—Alma, o filho, e os quatro filhos de Mosias procuram destruir a igreja—Um anjo aparece e ordena-lhes que abandonem o mau caminho—Alma perde a fala—Toda a humanidade deve nascer de novo para obter salvação—Alma e os filhos de Mosias declaram boas novas. Aproximadamente 100–92 a.C.

  1 E então aconteceu que as perseguições que eram infligidas à igreja pelos incrédulos tornaram-se tão grandes que a igreja começou a murmurar e a queixar-se, aos que os dirigiam, a respeito do assunto; e queixaram-se a Alma. E Alma expôs o caso diante do rei Mosias e Mosias consultou seus sacerdotes.
  2 E aconteceu que o rei Mosias enviou uma proclamação por toda a terra, proibindo os incrédulos de perseguirem os que pertenciam à igreja de Deus.
  3 E havia em todas as igrejas um severo mandamento para que não houvesse perseguições entre eles, para que houvesse igualdade entre todos os homens;
  4 Para que não permitissem que o orgulho e a vaidade perturbassem-lhes a paz; para que todo homem estimasse o próximo como a si mesmo e trabalhasse com as próprias mãos para o seu sustento.
  5 Sim, e para que todos os seus sacerdotes e mestres trabalhassem com as próprias mãos para prover o seu sustento em todas as circunstâncias, a não ser em caso de doença ou de grande necessidade; e assim fazendo, receberam a graça de Deus copiosamente.
  6 E começou a haver muita paz outra vez na terra; e o povo começou a ficar muito numeroso e começou a espalhar-se pela face da terra; sim, no norte e no sul, no leste e no oeste, construindo grandes cidades e povoações em todos os quadrantes da terra.
  7 E o Senhor visitou-os e fê-los prosperar; e tornaram-se um povo numeroso e rico.
  8 Ora, os filhos de Mosias incluíam-se entre os incrédulos; e também um dos filhos de Alma estava incluído entre eles e chamava-se Alma, como seu pai; não obstante, tornou-se um homem muito iníquo e idólatra. E era um homem de muitas palavras e lisonjeava muito o povo; portanto fez com que muitos do povo agissem segundo suas iniquidades.
  9 E tornou-se um grande obstáculo à prosperidade da Igreja de Deus, atraindo o coração do povo, causando muita dissensão entre o povo, dando oportunidade ao inimigo de Deus de exercer seu poder sobre eles.
  10 E então aconteceu que enquanto andava procurando destruir a Igreja de Deus, pois andava secretamente com os filhos de Mosias procurando destruir a igreja e desviar o povo do Senhor, contrariando os mandamentos de Deus e os do próprio rei.
  11 E, como vos disse, enquanto se rebelavam contra Deus, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhes; e desceu como se fosse numa nuvem; e falou como se fosse com voz de trovão, fazendo com que tremesse o solo onde estavam.
  12 E tão grande foi o seu assombro que caíram por terra e não entenderam as palavras que ele lhes disse.
  13 Não obstante, ele clamou outra vez, dizendo: Alma, levanta-te e aproxima-te, pois por que persegues a igreja de Deus? Porquanto o Senhor disse: Esta é a minha igreja e eu a estabelecerei; e nada a destruirá, a não ser a transgressão do meu povo.
  14 E disse mais o anjo: Eis que o Senhor ouviu as orações de seu povo e também as orações de seu servo Alma, que é teu pai; porque ele tem orado com muita fé a teu respeito, para que tu sejas levado a conhecer a verdade; portanto vim com o propósito de convencer-te do poder e autoridade de Deus, para que as orações de seus servos possam ser respondidas de acordo com sua fé.
  15 E agora, eis que podes duvidar do poder de Deus? Pois eis que minha voz não faz tremer a terra? E não me podes também ver na tua frente? E sou enviado de Deus.
  16 Agora te digo: Vai e lembra-te do cativeiro de teus pais na terra de Helã e na terra de Néfi; e recorda-te de que grandes foram as coisas que Deus fez por eles; pois estavam em cativeiro e ele libertou-os. E agora te digo, Alma: Segue teu caminho e não procures mais destruir a igreja, para que as orações deles sejam respondidas; e isto ainda que tu mesmo prefiras ser lançado fora.
  17 Ora, aconteceu que estas foram as últimas palavras que o anjo disse a Alma; e partiu.
  18 E então Alma e os que estavam com ele caíram novamente por terra, pois grande foi o seu espanto; porque haviam visto com seus próprios olhos um anjo; e sua voz era como trovão, que fazia tremer a terra; e eles sabiam que nada, a não ser o poder de Deus, poderia sacudir a terra e fazê-la tremer como se fosse fender-se.
  19 Ora, o assombro de Alma foi tão grande que ficou mudo e não podia abrir a boca; sim, e ficou tão fraco que não podia mover as mãos; foi, portanto, carregado pelos que com ele estavam e levado inerte e colocado diante de seu pai.
  20 E contaram a seu pai tudo o que lhes havia acontecido; e o pai regozijou-se, porque sabia que era o poder de Deus.
  21 E fez reunir uma multidão, para que presenciasse o que o Senhor havia feito por seu filho e também por aqueles que com ele estavam.
  22 E fez reunir os sacerdotes; e eles começaram a jejuar e a orar ao Senhor seu Deus, a fim de que abrisse a boca de Alma para que pudesse falar; e também, para que seus membros recuperassem as forças, a fim de que os olhos do povo se abrissem para ver e saber da bondade e da glória de Deus.
  23 E aconteceu que depois de haverem jejuado e orado pelo espaço de dois dias e duas noites, os membros de Alma recobraram as forças e ele levantou-se e começou a falar-lhes, dizendo-lhes que tivessem bom ânimo.
  24 Pois, disse ele, arrependi-me de meus pecados e o Senhor redimiu-me; eis que nasci do espírito.
  25 E o Senhor disse-me: Não te admires de que toda a humanidade, sim, homens e mulheres, toda nação, tribo, língua e povo tenham de nascer de novo; sim, nascer de Deus, serem mudados de seu estado carnal e decaído para um estado de retidão, sendo redimidos por Deus, tornando-se seus filhos e filhas;
  26 E tornam-se, assim, novas criaturas; e a menos que façam isto, não poderão de modo algum herdar o reino de Deus.
  27 Digo-vos que, a não ser que assim façam, serão lançados fora; e isto sei, porque eu mesmo estava para ser lançado fora.
  28 Não obstante, depois de haver passado por muitas tribulações e de haver-me arrependido quase até a morte, o Senhor, em sua misericórdia, julgou que me deveria tirar de um fogo eterno; e nasci de Deus.
  29 Minha alma foi redimida do fel da amargura e dos laços da iniquidade. Achava-me no mais escuro abismo, mas vejo agora a maravilhosa luz de Deus. Minha alma estava atormentada com um suplício eterno, mas fui resgatado; e minha alma já não sofre.
  30 Rejeitei meu Redentor e neguei o que nossos pais haviam dito; mas agora, para que possam prever que ele virá e que se lembra de toda criatura que criou, a todos se manifestará.
  31 Sim, todo joelho se dobrará e toda língua confessará diante dele. Sim, mesmo no último dia, quando todos os homens se apresentarem para serem julgados por ele, confessarão que ele é Deus; então os que vivem sem Deus no mundo confessarão que o julgamento de um castigo eterno sobre eles é justo; e estremecerão e tremerão e encolher-se-ão sob seu olhar que tudo penetra.
  32 E então aconteceu que, daí em diante, Alma e aqueles que com ele estavam quando o anjo lhes apareceu, começaram a ensinar o povo, viajando por toda a terra, proclamando a todo o povo as coisas que haviam ouvido e visto e pregando a palavra de Deus em meio a muita tribulação, sendo grandemente perseguidos pelos incrédulos e feridos por muitos deles.
  33 Não obstante tudo isso, porém, transmitiam muito conforto aos da igreja, fortalecendo-lhes a fé e exortando-os com paciência e muito esforço a guardarem os mandamentos de Deus.
  34 E quatro deles eram filhos de Mosias; e chamavam-se Amon e Aarão e Ômner e Hímni; eram esses os nomes dos filhos de Mosias.
  35 E viajaram por toda a terra de Zaraenla e entre todo o povo que estava sob o reinado do rei Mosias, procurando zelosamente reparar todos os danos que haviam causado à igreja, confessando todos os seus pecados e proclamando todas as coisas que haviam visto; e explicando as profecias e as escrituras a todos os que desejassem ouvi-los.
  36 E assim, foram instrumentos nas mãos de Deus para levar a muitos o conhecimento da verdade, sim, o conhecimento de seu Redentor.
  37 E quão abençoados são eles! Porque proclamaram a paz; anunciaram boas novas; e declararam ao povo que o Senhor reina.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 28
Os filhos de Mosias vão pregar aos lamanitas—Usando as duas pedras de vidente, Mosias traduz as placas jareditas. Aproximadamente 92 a.C.

  1 Ora, aconteceu que depois que os filhos de Mosias fizeram todas estas coisas, reuniram um pequeno grupo e voltaram para junto de seu pai, o rei; e pediram-lhe que lhes concedesse licença para subirem, juntamente com os que haviam escolhido, à terra de Néfi, para pregarem as coisas que haviam ouvido e comunicarem a palavra de Deus a seus irmãos, os lamanitas.
  2 Para que talvez pudessem levar-lhes o conhecimento do Senhor seu Deus e convencê-los das iniquidades de seus pais; e para que talvez aplacassem seu ódio para com os nefitas, a fim de que também fossem levados a regozijar-se no Senhor seu Deus, se tornassem amigáveis uns com os outros e não houvesse mais contendas em toda a terra que o Senhor seu Deus lhes dera.
  3 Ora, eles desejavam que a salvação fosse declarada a toda criatura, porque não podiam suportar que qualquer alma humana se perdesse; e até mesmo a idéia de que alguma alma tivesse de sofrer o tormento eterno fazia-os tremer e estremecer.
  4 E assim agia a força do Senhor sobre eles, porque eram os mais vis pecadores. E o Senhor, na sua infinita misericórdia, julgou prudente poupá-los; não obstante, eles padeceram muita angústia por causa de suas iniquidades, sofrendo muito e temendo que viessem a ser lançados fora para sempre.
  5 E aconteceu que suplicaram durante muitos dias a seu pai que os deixasse subir à terra de Néfi.
  6 E o rei Mosias foi e inquiriu ao Senhor se deveria deixar seus filhos subirem para pregar a palavra entre os lamanitas.
  7 E o Senhor disse a Mosias: Deixa-os subir, pois muitos acreditarão em suas palavras e eles terão vida eterna; e livrarei teus filhos das mãos dos lamanitas.
  8 E aconteceu que Mosias lhes deu permissão para irem e fazerem de acordo com o seu pedido.
  9 E eles empreenderam viagem pelo deserto, para subirem e pregarem a palavra entre os lamanitas. Farei, mais adiante, um relato de seus feitos.
  10 Ora, o rei Mosias não tinha a quem deixar o reino, porque nenhum de seus filhos queria aceitá-lo.
  11 Portanto tomou ele os registros que estavam gravados nas placas de latão e também as placas de Néfi e todas as coisas que guardara e preservara de acordo com os mandamentos de Deus, depois de haver traduzido e ordenado que fossem escritos os registros contidos nas placas de ouro encontradas pelo povo de Lími, as quais lhes haviam sido entregues pelas mãos de Lími;
  12 E ele assim fez por causa da grande ansiedade de seu povo; porque tinham grande desejo de saber acerca daquele povo que havia sido destruído.
  13 E então ele as traduziu por meio daquelas duas pedras que estavam presas nos dois aros de um arco.
  14 Ora, essas coisas haviam sido preparadas desde o princípio e transmitidas de geração em geração, com o fim de interpretar idiomas;
  15 E foram guardadas e preservadas pela mão do Senhor, para que ele pudesse mostrar a toda criatura que ocupasse a terra as iniquidades e abominações de seu povo;
  16 E todo aquele que tem estas coisas é chamado vidente, segundo o costume da antiguidade.
  17 Ora, depois de Mosias haver terminado a tradução desses registros, eis que continham a história do povo que fora destruído, desde a época de sua destruição e remontando à construção da grande torre, quando o Senhor confundiu a língua do povo e este foi disperso sobre a face de toda a terra; sim, e também desde aquela época até a criação de Adão.
  18 Ora, esse relato levou os do povo de Mosias a lamentarem-se em extremo, sim, encheram-se de tristeza; não obstante, proporcionou-lhes muitos conhecimentos, com os quais se regozijaram.
  19 E esse relato será escrito mais adiante; porque eis que é necessário que todo o povo saiba das coisas que estão escritas nesse relato.
  20 E então, como vos disse, depois de o rei Mosias haver feito essas coisas, tomou as placas de latão e todas as coisas que havia guardado e entregou-as a Alma, que era filho de Alma; sim, entregou-lhe todos os registros e também os intérpretes e ordenou-lhe que os guardasse e preservasse; e que também fizesse um registro do povo; e que os transmitisse de geração em geração, assim como haviam sido transmitidos desde a época em que Leí deixara Jerusalém.

LIVRO DE MOSIAS

CAPÍTULO 29
Mosias propõe que sejam escolhidos juízes em lugar de um rei—Reis injustos levam o povo ao pecado—Alma, o filho, é escolhido como juiz supremo pela voz do povo—Ele também é o sumo sacerdote da igreja—Alma, o pai, e Mosias morrem. Aproximadamente 92–91 a.C.

  1 Ora, tendo Mosias feito isto, mandou averiguar por toda a terra, entre todo o povo, qual a sua vontade concernente a quem deveria ser o rei.
  2 E aconteceu que esta foi a voz do povo: Desejamos que teu filho Aarão seja nosso rei e nosso governante.
  3 Ora, Aarão havia subido para a terra de Néfi, de modo que o rei não podia conferir-lhe o reino; nem Aarão desejava assumir o reino; nem tampouco qualquer um dos outros filhos de Mosias estava disposto a assumir o reino.
  4 Portanto o rei Mosias tornou a comunicar-se com o povo; sim, enviou-lhe uma mensagem escrita. E estas foram as palavras que ele escreveu, dizendo:
  5 Eis que, ó meu povo, ou meus irmãos, pois assim vos considero, desejo que mediteis sobre o assunto a respeito do qual sois chamados a pronunciar-vos, porque desejais ter um rei.
  6 Ora, declaro-vos que aquele a quem o reino pertence de direito não o aceitou e não assumirá o reino.
  7 E agora, se outro for nomeado em seu lugar, eis que temo que surjam discórdias entre vós. E quem sabe se meu filho, a quem o reino pertence, não se zangaria, levando uma parte deste povo atrás de si, o que provocaria guerras e contendas entre vós, fazendo assim correr muito sangue e pervertendo o caminho do Senhor, sim, e destruindo a alma de muitos.
  8 Agora vos digo: Sejamos prudentes e consideremos estas coisas, porque não temos o direito de destruir meu filho nem temos qualquer direito de destruir outro que seja nomeado em seu lugar.
  9 E se meu filho se voltasse novamente para seu orgulho e para as coisas vãs, retiraria o que dissera e reclamaria seu direito ao reino, o que faria com que ele e também este povo cometessem muitos pecados.
  10 E agora sejamos prudentes; e prevendo estas coisas, façamos aquilo que assegure a paz deste povo.
  11 Serei, portanto, vosso rei pelo resto de meus dias; não obstante, nomeemos juízes para julgarem este povo de acordo com a nossa lei; e reorganizaremos os negócios deste povo, porque nomearemos como juízes homens sábios, que julgarão este povo de acordo com os mandamentos de Deus.
  12 Ora, é preferível que um homem seja julgado por Deus do que pelo homem, porque os julgamentos de Deus são sempre justos, mas os julgamentos do homem nem sempre são justos.
  13 Portanto, se fosse possível terdes como reis homens justos, que estabelecessem as leis de Deus e julgassem este povo de acordo com os seus mandamentos, sim, se fosse possível terdes como reis homens que procedessem como meu pai Benjamim procedeu para com este povo, eu vos digo que, se este fosse sempre o caso, seria então conveniente que sempre tivésseis reis para vos governar.
  14 E eu próprio trabalhei com todo o poder e faculdades que possuía para ensinar-vos os mandamentos de Deus e estabelecer a paz por toda a terra, para que não houvesse nem guerras nem discórdias nem roubos nem pilhagens nem assassínios nem qualquer outro tipo de iniquidade;
  15 E todo aquele que cometeu iniquidade, eu o castiguei de acordo com o crime que cometeu, segundo a lei que nos foi dada por nossos pais.
  16 Agora vos digo que, por não serem todos os homens justos, não é aconselhável que tenhais um rei ou reis que vos governem.
  17 Pois eis que quanta iniquidade um rei iníquo faz com que se cometa; sim, e que grandes destruições!
  18 Sim, lembrai-vos do rei Noé, de suas iniquidades e abominações e também das iniquidades e abominações de seu povo. Vede que grande destruição lhes adveio; e também, devido a suas iniquidades, foram levados ao cativeiro.
  19 E se não fosse pela interferência de seu sábio Criador e por causa do arrependimento sincero deles, teriam inevitavelmente permanecido em cativeiro até agora.
  20 Mas eis que ele os libertou, porque se humilharam perante ele; e porque o invocaram fervorosamente, libertou-os do cativeiro; e deste modo age o Senhor com seu poder em todos os casos entre os filhos dos homens, estendendo o braço de misericórdia aos que nele confiam.
  21 E eis que agora vos digo que não podeis destronar um rei iníquo, a não ser com muitas lutas e derramamento de muito sangue.
  22 Pois eis que ele tem companheiros de iniquidade e conserva-se rodeado de seus guardas; e anula as leis dos que reinaram com justiça antes dele e pisoteia os mandamentos de Deus;
  23 E decreta leis e envia-as ao povo, sim, leis segundo sua própria iniquidade; e quem a elas não obedece ele faz com que seja destruído; e, contra os que se rebelam, envia seus exércitos para guerreá-los; e, se pode, destrói-os; e assim, um rei injusto perverte os caminhos de toda retidão.
  24 E agora eis que vos digo que não é conveniente que tais abominações recaiam sobre vós.
  25 Portanto escolhei juízes pela voz deste povo, para que sejais julgados de acordo com as leis que vos foram dadas por nossos pais, as quais são corretas e foram dadas a eles pela mão do Senhor.
  26 Ora, não é comum a voz do povo desejar algo contrário ao que é direito; mas é comum a minoria do povo desejar o que não é direito; portanto observareis e tereis isto por lei: resolver vossos negócios de acordo com a voz do povo.
  27 E se chegar o tempo em que a voz do povo escolher iniquidade, então os julgamentos de Deus recairão sobre vós; sim, então será o tempo em que ele vos visitará com grande destruição, assim como tem, até aqui, visitado esta terra.
  28 E agora, se tendes juízes e eles não vos julgam de acordo com a lei que foi dada, podeis fazer com que eles sejam julgados por um juiz superior.
  29 Se vossos juízes superiores não julgarem justamente, fareis reunir um pequeno número de juízes menores e eles julgarão vossos juízes superiores de acordo com a voz do povo.
  30 E eu vos ordeno que façais estas coisas no temor do Senhor; e ordeno-vos que façais estas coisas e que não tenhais rei; de modo que, se este povo cometer pecados e iniquidades, recairão sobre sua própria cabeça.
  31 Pois eis que vos digo que os pecados de muitos foram causados pelas iniquidades de seus reis; portanto suas iniquidades recaem sobre a cabeça de seus reis.
  32 E agora desejo que esta desigualdade não exista mais nesta terra, especialmente entre meu povo; mas desejo que esta seja uma terra de liberdade e que todos os homens gozem igualmente de seus direitos e privilégios, enquanto o Senhor julgar conveniente que vivamos e herdemos a terra; sim, enquanto qualquer de nossos descendentes permanecer sobre a face desta terra.
  33 E muitas coisas mais escreveu-lhes o rei Mosias, explicando-lhes todas as provações e tribulações de um rei justo; sim, todas as angústias de sua alma por seu povo e também todas as queixas do povo ao rei; e explicou-lhes tudo isso.
  34 E disse-lhes que tais coisas não deveriam existir, mas que a carga devia ser repartida entre todo o povo, a fim de que cada homem carregasse sua parte.
  35 E explicou-lhes também todas as desvantagens a que estariam sujeitos se fossem governados por um rei injusto.
  36 Sim, todas as suas iniquidades e abominações e todas as guerras e contendas e derramamento de sangue; e os roubos e as pilhagens e as libertinagens e todo tipo de iniquidades que não podem ser enumeradas, dizendo-lhes que essas coisas não deveriam existir, que eram expressamente contrárias aos mandamentos de Deus.
  37 E então aconteceu que depois de haver o rei Mosias enviado estas palavras ao povo, o povo ficou convencido da veracidade de suas palavras.
  38 Abandonaram, portanto, o desejo de ter um rei e ficaram muito ansiosos para que cada um tivesse oportunidades iguais em toda a terra; sim, e cada homem expressou a vontade de responder por seus próprios pecados.
  39 Portanto aconteceu que se reuniram em grupos por toda a terra, para expressarem-se a respeito dos que deveriam ser seus juízes, a fim de julgá-los de acordo com a lei que lhes fora dada; e muito se alegraram com a liberdade que lhes havia sido concedida.
  40 E fortaleceu-se o amor que tinham por Mosias; sim, estimaram-no mais do que a qualquer outro homem, porque não o consideravam como um tirano que estivesse em busca de ganhos, sim, aquele lucro que corrompe a alma; porque não lhes havia exigido riquezas nem se havia alegrado com derramamento de sangue; mas estabelecera a paz na terra e permitira que seu povo se livrasse de todo tipo de escravidão; portanto o estimavam, sim, muito, no mais alto grau.
  41 E aconteceu que nomearam juízes para governá-los, ou seja, para julgá-los de acordo com a lei; e fizeram isso por toda a terra.
  42 E aconteceu que Alma foi escolhido para ser o primeiro juiz supremo, sendo também o sumo sacerdote, porque seu pai lhe havia conferido o ofício e encarregado de todos os negócios da igreja.
  43 E então aconteceu que Alma seguiu os caminhos do Senhor e guardou seus mandamentos e julgou com justiça; e houve paz contínua por toda aquela terra.
  44 E assim começou o reinado dos juízes por toda a terra de Zaraenla, entre todo o povo que era chamado nefita; e Alma foi o primeiro juiz supremo.
  45 E aconteceu então que seu pai morreu aos oitenta e dois anos de idade, tendo vivido para cumprir os mandamentos de Deus.
  46 E aconteceu que Mosias também morreu, no trigésimo terceiro ano de seu reinado, aos sessenta e três anos de idade, totalizando assim quinhentos e nove anos desde a época em que Leí havia deixado Jerusalém.
  47 E assim terminou o reinado dos reis sobre o povo de Néfi; e assim terminaram os dias de Alma, que foi o fundador da igreja deles.

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