Livro de Helamã

Relato sobre os nefitas. Suas guerras, contendas e dissensões. E também as profecias de muitos profetas antes da vinda de Cristo, segundo os registros de Helamã, que era filho de Helamã, e também segundo os registros de seus filhos até a vinda de Cristo. Muitos lamanitas são convertidos. Relato de sua conversão. Relato da retidão dos lamanitas e das iniquidades e abominações dos nefitas, segundo o registro de Helamã e seus filhos, até a vinda de Cristo, relato esse chamado Livro de Helamã.

CAPÍTULO 1
Paorã II torna-se juiz supremo e é assassinado por Quiscúmen—Pacumêni ocupa a cadeira de juiz—Coriântumr lidera os exércitos lamanitas, toma Zaraenla e mata Pacumêni—Moronia derrota os lamanitas e recupera Zaraenla; Coriântumr é morto. Aproximadamente 52–50 a.C.

  1 E ENTÃO, eis que aconteceu que no começo do quadragésimo ano em que os juízes governaram o povo de Néfi, surgiu uma séria dificuldade entre o povo nefita.
  2 Pois eis que Paorã havia morrido, trilhando o caminho de toda a Terra; por essa razão surgiu uma séria contenda sobre qual dos irmãos, filhos de Paorã, ocuparia a cadeira de juiz.
  3 Ora, estes são os nomes dos que disputaram a cadeira de juiz e que também causaram contendas entre o povo: Paorã, Paânqui e Pacumêni.
  4 Ora, estes não são todos os filhos de Paorã (porque ele tinha muitos), mas são os que disputaram a cadeira de juiz; portanto causaram três divisões entre o povo.
  5 Não obstante, aconteceu que Paorã foi eleito, pela voz do povo, juiz supremo e governador do povo de Néfi.
  6 E aconteceu que Pacumêni, vendo que não podia obter a cadeira de juiz, uniu-se à voz do povo.
  7 Mas eis que Paânqui e aqueles que o queriam como governador ficaram muito irados; por isso ele estava a ponto de, por meio de lisonjas, persuadir o povo a rebelar-se contra seus irmãos.
  8 E aconteceu que quando estava prestes a fazer isso, eis que foi aprisionado e julgado de acordo com a voz do povo, tendo sido condenado à morte porque se rebelara e procurara destruir a liberdade do povo.
  9 Ora, quando aqueles que desejavam que ele fosse seu governador viram que havia sido condenado à morte, ficaram encolerizados e eis que mandaram um certo Quiscúmen até a cadeira de juiz de Paorã; e ele assassinou Paorã quando este se achava sentado na cadeira de juiz.
  10 E Quiscúmen foi perseguido pelos servos de Paorã, mas eis que tão rápida foi a sua fuga, que ninguém conseguiu alcançá-lo.
  11 E ele reuniu-se com os que o haviam enviado e todos eles fizeram um convênio, sim, jurando por seu eterno Criador que a ninguém diriam que Quiscúmen assassinara Paorã.
  12 Portanto Quiscúmen não foi reconhecido pelo povo de Néfi, porque estava disfarçado quando matou Paorã. E Quiscúmen e seu bando que fizera convênio com ele misturaram-se com o povo, de maneira que não puderam encontrar todos; porém todos os que foram encontrados foram condenados à morte.
  13 E então, eis que Pacumêni foi eleito, pela voz do povo, juiz superior e governador do povo, para governar em lugar de seu irmão, Paorã; e isto segundo seu direito. E tudo isso se passou no quadragésimo ano do governo dos juízes; e assim terminou.
  14 E aconteceu que no quadragésimo primeiro ano do governo dos juízes, os lamanitas reuniram um inumerável exército de homens e armaram-nos com espadas e com cimitarras e com arcos e com flechas; e com capacetes e com couraças e com todo tipo de escudos de toda espécie.
  15 E desceram outra vez para batalhar contra os nefitas; e eram guiados por um homem que se chamava Coriântumr, descendente de Zaraenla e dissidente dos nefitas; e ele era um homem grande e forte.
  16 Assim, o rei dos lamanitas, cujo nome era Tubalote, que era filho de Amoron, supondo que Coriântumr, sendo um homem forte, poderia fazer frente aos nefitas com sua força e também com sua grande sabedoria, de maneira que, enviando-o, dominaria os nefitas.
  17 Incitou-os portanto à cólera e reuniu seus exércitos e nomeou Coriântumr como líder; e fez com que eles descessem à terra de Zaraenla para combater os nefitas.
  18 E aconteceu que, por causa de tantas contendas e tantas dificuldades no governo, os nefitas não mantiveram número suficiente de guardas na terra de Zaraenla; porque pensaram que os lamanitas não ousariam invadir o coração de suas terras para atacar a grande cidade de Zaraenla.
  19 Mas aconteceu que Coriântumr marchou à frente de seu numeroso exército e atacou os habitantes da cidade; e sua marcha foi tão rápida que os nefitas não tiveram tempo de reunir seus exércitos.
  20 Portanto Coriântumr matou a guarda que se achava às portas da cidade e avançou com todo o seu exército para dentro da cidade, matando todos os que se lhes opuseram, de modo que tomaram toda a cidade.
  21 E aconteceu que Pacumêni, que era o juiz supremo, fugiu de Coriântumr até as muralhas da cidade. E aconteceu que Coriântumr o golpeou contra a muralha, de modo que ele morreu; e assim terminaram os dias de Pacumêni.
  22 Ora, quando Coriântumr viu que se havia apoderado da cidade de Zaraenla e viu que os nefitas haviam fugido deles e haviam sido mortos e postos em cativeiro e aprisionados; e que havia tomado a praça mais forte de toda a terra, seu coração encheu-se de coragem, de modo que estava pronto para atacar toda a terra.
  23 E então ele não se deteve na terra de Zaraenla, mas marchou com um grande exército em direção à cidade de Abundância; porque estava determinado a avançar e abrir caminho à espada, a fim de conquistar a parte norte da terra.
  24 E supondo que as forças principais deles se achassem na parte central da terra, marchou contra eles, não lhes dando tempo de reunir-se, a não ser em pequenos grupos; e desta forma caiu sobre eles, matando-os.
  25 Eis, porém, que esta marcha de Coriântumr pela parte central da terra ofereceu grande vantagem a Moronia, apesar de ser grande o número de nefitas que haviam sido mortos.
  26 Pois eis que Moronia supôs que os lamanitas não ousariam invadir a parte central da terra, mas que atacariam as cidades fronteiriças, como haviam feito até então. Por essa razão Moronia fizera com que seus fortes exércitos defendessem aquelas partes próximas às fronteiras.
  27 Eis, porém, que os lamanitas não se atemorizaram como ele desejava, mas haviam invadido a parte central da terra e tomado a capital, que era a cidade de Zaraenla; e estavam marchando pelas partes principais da terra, matando o povo numa grande carnificina, tanto homens como mulheres e crianças, ocupando muitas cidades e muitas fortalezas.
  28 Mas quando Moronia descobriu isso, imediatamente mandou Leí com um exército para detê-los antes que atingissem a terra de Abundância.
  29 E ele assim fez; e deteve-os antes que chegassem à terra de Abundância e atacou-os, de modo que eles começaram a retroceder em direção à terra de Zaraenla.
  30 E aconteceu que Moronia cortou a sua retirada e travou combate com eles; e o combate tornou-se extremamente sangrento; sim, muitos foram mortos e, entre os que foram mortos, estava também Coriântumr.
  31 E então eis que os lamanitas não podiam retroceder nem pelo norte nem pelo sul, nem pelo leste nem pelo oeste, porquanto se achavam cercados de todos os lados pelos nefitas.
  32 E assim Coriântumr havia atirado os lamanitas no meio dos nefitas, de modo que ficaram em poder dos nefitas; e ele próprio foi morto; e os lamanitas entregaram-se nas mãos dos nefitas.
  33 E aconteceu que Moronia novamente tomou posse da cidade de Zaraenla e ordenou que os lamanitas que haviam sido aprisionados partissem da terra em paz.
  34 E assim terminou o quadragésimo primeiro ano do governo dos juízes.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 2
Helamã, filho de Helamã, torna-se juiz supremo—Gadiânton lidera o bando de Quiscúmen—O servo de Helamã mata Quiscúmen e o bando de Gadiânton foge para o deserto. Aproximadamente 50–49 a.C.

  1 E aconteceu que no quadragésimo segundo ano do governo dos juízes, depois de Moronia haver restabelecido a paz entre os nefitas e lamanitas, eis que ninguém havia para ocupar a cadeira de juiz; portanto o povo começou novamente a contender a respeito de quem deveria ocupar a cadeira de juiz.
  2 E aconteceu que Helamã, que era filho de Helamã, foi escolhido pela voz do povo para ocupar a cadeira de juiz.
  3 Mas eis que Quiscúmen, que assassinara Paorã, pôs-se à espreita, para também destruir Helamã; e ele foi apoiado por seu bando, que havia feito um pacto para que ninguém ficasse sabendo de suas iniquidades.
  4 Pois havia um certo Gadiânton, que era sobremaneira hábil no falar e também muito astuto para levar a efeito planos secretos de assassinatos e pilhagens; portanto se tornou o chefe do bando de Quiscúmen.
  5 Por conseguinte, lisonjeando-os e também lisonjeando Quiscúmen, prometera conceder àqueles que pertenciam ao seu bando poder e autoridade sobre o povo, se eles o colocassem na cadeira de juiz; portanto Quiscúmen procurou destruir Helamã.
  6 E aconteceu que quando se dirigia para a cadeira de juiz a fim de destruir Helamã, eis que um dos servos de Helamã, que havia saído durante a noite e obtido, por meio de um disfarce, conhecimento dos planos que haviam sido forjados pelo bando para destruir Helamã.
  7 E aconteceu que ele encontrou Quiscúmen e deu-lhe um sinal; portanto Quiscúmen lhe mostrou seu objetivo, pedindo-lhe que o conduzisse à cadeira do juiz, a fim de que ele assassinasse Helamã.
  8 E quando o servo de Helamã se inteirou das intenções de Quiscúmen e de que seu objetivo era matar; e de que o objetivo dos que pertenciam ao seu bando era matar e roubar e obter poder (e eram estes seus planos secretos e suas combinações), o servo de Helamã disse a Quiscúmen: Vamos até a cadeira do juiz.
  9 Ora, isto agradou consideravelmente a Quiscúmen, pois supôs que poderia executar seus desígnios; mas eis que, ao se encaminharem para a cadeira de juiz, o servo de Helamã apunhalou Quiscúmen no coração, de modo que ele caiu morto sem um gemido. E ele correu para contar a Helamã tudo o que tinha visto, ouvido e feito.
  10 E aconteceu que Helamã ordenou que prendessem esse bando de ladrões e assassinos secretos, a fim de que fossem executados de acordo com a lei.
  11 Eis, porém, que ao perceber que Quiscúmen não voltava, Gadiânton ficou com medo de ser destruído; conseqüentemente, fez com que seu bando o seguisse. E fugiram da terra para o deserto por um caminho secreto, de modo que quando Helamã os mandou prender, não foram encontrados em lugar algum.
  12 E mais sobre esse Gadiânton será exposto adiante. E assim terminou o quadragésimo segundo ano em que os juízes governaram o povo de Néfi.
  13 E eis que no fim deste livro vereis que esse mesmo Gadiânton veio a ser a causa da ruína, sim, da destruição quase completa do povo de Néfi.
  14 Eis que não me refiro ao fim do livro de Helamã, mas refiro-me ao fim do livro de Néfi, do qual tirei todo o relato que escrevi.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 3
Muitos nefitas emigram para a terra do norte—Eles constroem casas de cimento e fazem muitos registros—Dezenas de milhares de pessoas são convertidas e batizadas—A palavra de Deus leva os homens à salvação—Néfi, o filho de Helamã, ocupa a cadeira de juiz. Aproximadamente 49–39 a.C.

  1 E então aconteceu que no quadragésimo terceiro ano do governo dos juízes não houve contendas entre o povo de Néfi, com exceção de algumas demonstrações de orgulho verificadas na igreja, as quais causaram pequenas dissensões entre o povo e foram resolvidas no fim do quadragésimo terceiro ano.
  2 E não houve contendas entre o povo no quadragésimo quarto ano; tampouco houve muitas contendas no quadragésimo quinto ano.
  3 E aconteceu que no quadragésimo sexto ano houve muitas contendas e muitas dissensões, em virtude das quais muitos deixaram a terra de Zaraenla e foram para a terra do norte, a fim de herdar a terra.
  4 E viajaram para muito longe, chegando a grandes extensões de água e muitos rios.
  5 Sim, e espalharam-se por todas as partes da terra, por todas as partes que não estavam desoladas e sem árvores devido aos muitos habitantes que haviam vivido naquela terra anteriormente.
  6 Ora, nenhuma parte da terra estava desolada, salvo no tocante a árvores; mas em virtude da grande destruição do povo que antes habitara a terra, chamaram-na desolada.
  7 E como eram escassas as árvores na terra, o povo que para lá seguiu se tornou perito em trabalhos de cimento; portanto construíram casas de cimento, nas quais passaram a habitar.
  8 E aconteceu que se multiplicaram e espalharam-se e foram da terra do sul para a terra do norte; e espalharam-se de tal forma que começaram a cobrir a face de toda a terra, desde o mar do sul até o mar do norte, do mar do oeste até o mar do leste.
  9 E o povo que estava na terra do norte vivia em tendas e em casas de cimento, deixando crescer todas as árvores que brotavam na face da terra, a fim de que mais tarde tivessem madeira para construir suas casas, sim, suas cidades e seus templos e suas sinagogas e seus santuários; e todo tipo de edifícios.
  10 E aconteceu que como a madeira era muito escassa na terra do norte, fizeram com que muita madeira lhes fosse enviada por barco.
  11 E assim tornaram possível que o povo da terra do norte construísse muitas cidades, tanto com madeira como com cimento.
  12 E aconteceu que havia entre o povo de Amon muitos que eram lamanitas de nascimento, que também foram para aquela terra.
  13 Ora, há muitos registros desses feitos, detalhados e extensos, escritos por muitos deste povo e relativos a eles.
  14 Mas eis que uma centésima parte dos feitos deste povo, sim, a história dos lamanitas e dos nefitas e suas guerras e contendas e dissensões; e de suas pregações e de suas profecias; e de suas viagens marítimas e construção de barcos; e construção de templos e de sinagogas e seus santuários; e de sua retidão e suas iniquidades e seus assassinatos e seus roubos e suas pilhagens e todo tipo de abominações e libertinagens, não pode ser incluída nesta obra.
  15 Mas eis que há muitos livros e muitos registros de toda espécie que foram escritos principalmente pelos nefitas.
  16 E eles foram transmitidos de uma geração a outra pelos nefitas, até que eles caíram em transgressão e foram assassinados, roubados e perseguidos e expulsos e mortos e espalhados pela face da terra; e misturaram-se com os lamanitas até não serem mais chamados de nefitas, tornando-se iníquos e selvagens e ferozes, sim, até se transformarem em lamanitas.
  17 E agora retorno ao meu relato; portanto tudo que eu disse aconteceu após ter havido grandes contendas e distúrbios e guerras e dissensões entre o povo de Néfi.
  18 O quadragésimo sexto ano do reinado dos juízes terminou.
  19 E aconteceu que havia ainda muita contenda na terra, sim, no quadragésimo sétimo ano; e também no quadragésimo oitavo ano.
  20 Não obstante, Helamã ocupou a cadeira de juiz com retidão e equidade; sim, esforçou-se para observar os estatutos e os juízos e os mandamentos de Deus; e fez continuamente o que era reto aos olhos de Deus; e andou nos caminhos de seu pai, de modo que prosperou na terra.
  21 E aconteceu que teve dois filhos. Deu ao mais velho o nome de Néfi e, ao mais novo, o nome de Leí. E principiaram a crescer no Senhor.
  22 E aconteceu que no fim do quadragésimo oitavo ano em que os juízes governaram o povo de Néfi, começaram a cessar um pouco as dissensões e guerras entre o povo de Néfi.
  23 E aconteceu que no quadragésimo nono ano do governo dos juízes, houve paz contínua na terra, com exceção das combinações secretas que Gadiânton, o ladrão, estabelecera nas partes mais povoadas da terra e que, na época, não eram do conhecimento daqueles que estavam à frente do governo; portanto não haviam sido eliminadas daquela terra.
  24 E aconteceu que nesse mesmo ano houve grande progresso na igreja, o que fez com que milhares se unissem à igreja e fossem batizados para o arrependimento.
  25 E foi tanta a prosperidade da igreja e tão numerosas as bênçãos derramadas sobre o povo, que até os sumos sacerdotes e mestres ficaram sobremaneira admirados.
  26 E aconteceu que a obra do Senhor prosperou, batizando-se e unindo-se à igreja de Deus muitas almas, sim, dezenas de milhares.
  27 Assim podemos ver que o Senhor é misericordioso para com todos os que invocam seu santo nome com sinceridade de coração.
  28 Sim, vemos portanto que a porta do céu está aberta a todos, sim, a todos os que vierem a crer no nome de Jesus Cristo, que é o Filho de Deus.
  29 Sim, vemos que quem o desejar poderá aderir à palavra de Deus, que é viva e eficaz, que romperá ao meio todas as artimanhas e as armadilhas e os artifícios do diabo; e guiará o homem de Cristo por um caminho estreito e apertado, através daquele abismo eterno de miséria que foi preparado para tragar os iníquos.
  30 E depositar sua alma, sim, sua alma imortal, à mão direita de Deus no reino dos céus, para sentar-se com Abraão e Isaque e Jacó; e com todos os nossos justos pais, para não mais sair.
  31 E nesse ano houve regozijo contínuo na terra de Zaraenla e em todas as regiões vizinhas, sim, em toda a terra habitada pelos nefitas.
  32 E aconteceu que reinou paz e imensa alegria durante todo o resto do quadragésimo nono ano; sim, e também houve paz contínua e grande alegria no qüinquagésimo ano do governo dos juízes.
  33 E houve paz também no qüinquagésimo primeiro ano do reinado dos juízes, salvo pelo orgulho que começou a manifestar-se na igreja; não na igreja de Deus, mas no coração daqueles que professavam pertencer à igreja de Deus.
  34 E encheram-se de orgulho, a ponto de perseguirem muitos de seus irmãos. Ora, esse foi um grande mal que fez com que a parte mais humilde do povo padecesse grande perseguição e passasse por muitas aflições.
  35 Não obstante, jejuavam e oravam freqüentemente e tornavam-se cada vez mais fortes em sua humildade e cada vez mais firmes na fé em Cristo, enchendo a alma de alegria e consolo, sim, purificando e santificando o coração, santificação essa resultante da fentrega de seu coração a Deus.
  36 E aconteceu que o qüinquagésimo segundo ano também terminou em paz, salvo pelo excessivo orgulho que se apoderara do coração do povo; e isso devido a suas enormes riquezas e prosperidade na terra; e aumentava dia após dia.
  37 E aconteceu que no qüinquagésimo terceiro ano do governo dos juízes morreu Helamã; e Néfi, seu filho mais velho, começou a governar em seu lugar. E aconteceu que ele ocupou a cadeira de juiz com justiça e equidade; sim, ele guardou os mandamentos de Deus e andou nos caminhos de seu pai.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 4
Dissidentes nefitas e os lamanitas unem forças e tomam a terra de Zaraenla—As derrotas dos nefitas ocorrem por causa de sua iniquidade—A Igreja decai e o povo torna-se fraco, da mesma forma que os lamanitas. Aproximadamente 38–30 a.C.

  1 E aconteceu que no qüinquagésimo quarto ano houve muitas dissensões na igreja e houve também uma contenda entre o povo, de modo que muito sangue foi derramado.
  2 E os rebeldes foram mortos e expulsos da terra e uniram-se ao rei dos lamanitas.
  3 E aconteceu que fizeram o possível para incitar os lamanitas a lutarem contra os nefitas; mas eis que os lamanitas estavam de tal forma amedrontados que não deram ouvidos às palavras desses dissidentes.
  4 Mas aconteceu que no qüinquagésimo sexto ano do governo dos juízes houve dissidentes que se passaram dos nefitas para os lamanitas; e conseguiram, com os outros, incitá-los à ira contra os nefitas; e passaram todo aquele ano preparando-se para a guerra.
  5 E no qüinquagésimo sétimo ano desceram para atacar os nefitas, principiando assim a obra de morte; sim, de tal forma que no qüinquagésimo oitavo ano do governo dos juízes conseguiram apoderar-se da terra de Zaraenla; sim, e também de todas as terras, até a terra que ficava próxima à terra de Abundância.
  6 E os nefitas e os exércitos de Moronia foram rechaçados para a terra de Abundância.
  7 E aí se fortificaram contra os lamanitas, desde o mar do oeste até o leste; e essa linha que haviam fortificado e guarnecido de tropas para a defesa da região norte tinha a extensão de um dia de viagem para um nefita.
  8 E assim, aqueles dissidentes dos nefitas, com o auxílio de um numeroso exército de lamanitas, apoderaram-se de todos os territórios dos nefitas que ficavam na terra do sul. E tudo isso ocorreu no qüinquagésimo oitavo e no qüinquagésimo nono ano do governo dos juízes.
  9 E aconteceu, no sexagésimo ano do governo dos juízes, que Moronia conseguiu ocupar, com seus exércitos, muitas partes da terra; sim, eles reconquistaram muitas cidades que haviam caído nas mãos dos lamanitas.
  10 E aconteceu que no sexagésimo primeiro ano do governo dos juízes conseguiram reconquistar a metade de todas as suas terras.
  11 Ora, essa grande perda dos nefitas e a terrível carnificina havida entre eles não teriam acontecido se não fosse pelas iniquidades e abominações existentes em seu meio; sim, mesmo entre os que professavam pertencer à igreja de Deus.
  12 E foi pelo orgulho de seu coração, por causa de suas imensas riquezas, sim, em virtude de oprimirem os pobres, negando alimento aos que tinham fome e roupa aos que estavam nus, esbofeteando seus humildes irmãos, zombando de tudo quanto era sagrado, negando o espírito de profecia, assassinando, roubando, mentindo, furtando, cometendo adultério, levantando-se em grandes contendas e desertando para a terra de Néfi, entre os lamanitas.
  13 E por causa dessa sua grande iniquidade e vanglória pela própria força, foram abandonados a sua própria força; portanto não prosperaram, mas foram afligidos e perseguidos e expulsos pelos lamanitas até perderem quase todas as suas terras.
  14 Mas eis que Moronia pregou muitas coisas ao povo, por causa de sua iniquidade; e também Néfi e Leí, que eram os filhos de Helamã, pregaram muitas coisas ao povo, sim, e muitas coisas profetizaram-lhes, relativas a suas iniquidades e ao que lhes adviria se não se arrependessem de seus pecados.
  15 E aconteceu que se arrependeram e, à medida que se arrependeram, começaram a prosperar.
  16 Pois Moronia, ao ver que eles se haviam arrependido, aventurou-se a conduzi-los de lugar em lugar e de cidade em cidade até reconquistarem a metade de suas propriedades e a metade de suas terras.
  17 E assim terminou o sexagésimo primeiro ano do governo dos juízes.
  18 E aconteceu que no sexagésimo segundo ano do governo dos juízes, Moronia já não conseguiu tomar territórios dos lamanitas.
  19 Por essa razão desistiram do propósito de reconquistar o restante de suas terras, porque tão numerosos eram os lamanitas que se tornou impossível aos nefitas sobrepujá-los; portanto Moronia empregou todos os seus exércitos para conservar as partes que haviam retomado.
  20 E aconteceu que, devido ao grande número de lamanitas, os nefitas ficaram com muito medo de serem dominados e pisados e mortos e destruídos.
  21 Sim, começaram a lembrar-se das profecias de Alma, bem como das palavras de Mosias; e viram que tinham sido um povo obstinado e que haviam rejeitado os mandamentos de Deus.
  22 E que haviam alterado e menosprezado as leis de Mosias, ou seja, as que o Senhor o encarregara de dar ao povo; e viram que suas leis se haviam corrompido e que o povo se tornara iníquo, à semelhança dos lamanitas.
  23 E em virtude de sua iniquidade, a igreja começou a decair; e eles começaram a perder a crença no espírito de profecia; e defrontaram-se com os julgamentos de Deus.
  24 E viram que se haviam tornado fracos como seus irmãos, os lamanitas, e que o amor do Senhor não mais os preservava; sim, havia-se afastado deles, porque a força do Senhor não habita em templos impuros.
  25 Portanto o Senhor deixou de protegê-los com seu miraculoso e incomparável poder, porque haviam caído em um estado de descrença e terrível iniquidade; e viram que os lamanitas eram muito mais numerosos do que eles e que, a não ser que se apegassem ao Senhor seu Deus, inevitavelmente pereceriam.
  26 Pois eis que viram ser a força dos lamanitas tão grande quanto a sua, homem por homem. E assim haviam caído nessa grande transgressão; sim, dessa maneira em poucos anos haviam-se tornado fracos por causa de suas transgressões.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 5
Néfi e Leí dedicam-se a pregar—Seus nomes levam-nos a moldar a vida pela de seus antepassados—Cristo redime aqueles que se arrependem—Néfi e Leí convertem muitos e são aprisionados e fogo circunda-os—Uma nuvem de escuridão encobre trezentas pessoas—A terra treme e uma voz ordena aos homens que se arrependam—Néfi e Leí conversam com anjos e a multidão é circundada por fogo. Aproximadamente 30 a.C.

  1 E aconteceu que, nesse mesmo ano, eis que Néfi entregou a cadeira de juiz a um homem chamado Cezorã.
  2 Porque como suas leis e governos eram estabelecidos pela voz do povo e os que preferiam o mal eram mais numerosos do que os que preferiam o bem, estavam, portanto, amadurecendo para a destruição, porque as leis haviam sido corrompidas.
  3 Sim, e não apenas isso; eles eram um povo obstinado, de tal modo que não podiam ser governados pela lei nem pela justiça, a não ser para sua destruição.
  4 E aconteceu que Néfi se cansara da iniquidade deles; e renunciou à cadeira de juiz e dedicou-se a pregar a palavra de Deus pelo resto de seus dias, o mesmo fazendo seu irmão, Leí, pelo resto de seus dias.
  5 Porque se lembraram das palavras que Helamã, seu pai, lhes dissera. E são estas as palavras:
  6 Eis que, meus filhos, eu desejo que vos lembreis de guardar os mandamentos de Deus; e quisera que declarásseis ao povo estas palavras. Eis que eu vos dei os nomes de nossos primeiros pais, que vieram da terra de Jerusalém; e assim fiz para que, quando vos lembrardes de vossos nomes, vos lembreis deles; e quando vos lembrardes deles, vos lembreis de suas obras; e quando vos lembrardes de suas obras, saibais que foi dito e também escrito que elas foram boas.
  7 Portanto, meus filhos, desejo que pratiqueis o bem, a fim de que possa ser dito de vós e também escrito o mesmo que foi dito e escrito sobre eles.
  8 E agora, meus filhos, eis que desejo algo mais de vós; e esse desejo é que não façais estas coisas para vangloriar-vos, mas que façais estas coisas para ajuntar um tesouro no céu, sim, que é eterno e jamais desaparece; sim, para que tenhais o precioso dom da vida eterna, o qual, temos motivo para crer, foi concedido a nossos pais.
  9 Oh! Lembrai-vos, lembrai-vos, meus filhos, das palavras que o rei Benjamim disse a seu povo; sim, lembrai-vos de que nenhum outro caminho ou meio há pelo qual o homem possa ser salvo, a não ser por meio do sangue expiatório de Jesus Cristo, que virá; sim, lembrai-vos de que ele vem para redimir o mundo.
  10 E lembrai-vos também das palavras que Amuleque disse a Zeezrom, na cidade de Amonia; pois ele disse-lhe que o Senhor certamente viria para redimir seu povo; que não viria, porém, redimi-los em seus pecados, mas redimi-los de seus pecados.
  11 E ele tem poder, recebido do Pai, para redimi-los de seus pecados por causa do arrependimento; portanto enviou seus anjos para anunciarem as condições do arrependimento, que conduz ao poder do Redentor para a salvação de suas almas.
  12 E agora, meus filhos, lembrai-vos, lembrai-vos de que é sobre a rocha de nosso Redentor, que é Cristo, o Filho de Deus, que deveis construir os vossos alicerces; para que, quando o diabo lançar a fúria de seus ventos, sim, seus dardos no torvelinho, sim, quando todo o seu granizo e violenta tempestade vos açoitarem, isso não tenha poder para vos arrastar ao abismo da miséria e angústia sem fim, por causa da rocha sobre a qual estais edificados, que é um alicerce seguro; e se os homens edificarem sobre esse alicerce, não cairão.
  13 E aconteceu que estas foram as palavras que Helamã disse a seus filhos; sim, ensinou-lhes muitas coisas que não estão escritas e também muitas coisas que estão escritas.
  14 E eles lembraram-se de suas palavras; e por isso, guardando os mandamentos de Deus, foram pregar a palavra de Deus a todo o povo de Néfi, começando pela cidade de Abundância;
  15 E dali para a cidade de Gide; e da cidade de Gide para a de Muleque;
  16 E de uma cidade a outra, até haverem pregado a todo o povo de Néfi que se achava na terra do sul; e de lá foram para a terra de Zaraenla, entre os lamanitas.
  17 E aconteceu que pregaram com grande poder, confundindo muitos dos dissidentes que se haviam separado dos nefitas, tanto que eles se adiantaram, confessaram seus pecados e foram batizados para o arrependimento; e imediatamente voltaram para os nefitas, a fim de remediar os males que lhes haviam causado.
  18 E aconteceu que Néfi e Leí pregaram aos lamanitas com grande poder e autoridade, porque haviam recebido poder e autoridade para falar, sendo também inspirados quanto ao que deveriam dizer.
  19 Por conseguinte, falaram de tal maneira que encheram os lamanitas de assombro, convencendo-os de tal forma que oito mil lamanitas dos que se achavam na terra de Zaraenla e imediações receberam o batismo para o arrependimento e convenceram-se da iniquidade das tradições de seus pais.
  20 E aconteceu que Néfi e Leí saíram de lá para ir à terra de Néfi.
  21 E aconteceu que foram capturados por um exército dos lamanitas e atirados na prisão; sim, naquela mesma prisão em que Amon e seus irmãos haviam sido encarcerados pelos servos de Lími.
  22 E depois de haverem estado muitos dias na prisão, sem alimento, eis que lá entraram para tirá-los, a fim de matá-los.
  23 E aconteceu que Néfi e Leí foram envoltos como que por fogo, de modo que não se atreviam a deitar-lhes as mãos, com medo de ser queimados. Não obstante, Néfi e Leí não se queimavam; e achavam-se como se estivessem no meio do fogo e não se queimavam.
  24 E quando viram que estavam envoltos por um pilar de fogo e que não os queimava, seu coração encheu-se de coragem.
  25 Porque viram que os lamanitas não se atreviam a deitar-lhes as mãos; tampouco ousavam aproximar-se, permanecendo parados como se tivessem ficado mudos de espanto.
  26 E aconteceu que Néfi e Leí começaram a falar, dizendo: Não temais, pois eis que foi Deus quem vos manifestou esta maravilha, mostrando-vos assim que não podeis deitar-nos as mãos para matar-nos.
  27 E eis que quando disseram estas palavras, a terra tremeu fortemente e as paredes da prisão foram sacudidas, como se estivessem prestes a ruir por terra; mas eis que não caíram. E eis que os que se achavam na prisão eram lamanitas e dissidentes nefitas.
  28 E aconteceu que foram cobertos por uma nuvem de escuridão e apoderou-se deles um grande terror.
  29 E aconteceu que se ouviu uma voz que parecia vir de cima da nuvem de escuridão, dizendo: Arrependei-vos, arrependei-vos e não procureis mais destruir meus servos, os quais enviei para vos anunciar boas novas.
  30 E aconteceu que quando ouviram essa voz, notaram que não era uma voz de trovão nem uma voz de ruído tumultuoso, mas eis que era uma voz mansa, de perfeita suavidade, semelhante a um sussurro que penetrava até o âmago da alma.
  31 E apesar da suavidade da voz, eis que a terra tremeu fortemente e as paredes da prisão tornaram a tremer, como se estivessem prestes a ruir por terra; e eis que a nuvem de escuridão que os havia coberto não se dissipou.
  32 E eis que novamente a voz se fez ouvir, dizendo: Arrependei-vos, arrependei-vos, porque o reino dos céus se aproxima; e não procureis mais destruir meus servos. E aconteceu que a terra tornou a tremer e as paredes tornaram a estremecer.
  33 E de novo, pela terceira vez, a voz se fez ouvir e disse-lhes palavras maravilhosas que não podem ser proferidas pelo homem; e as paredes tornaram a estremecer e a terra tremeu como se estivesse prestes a fender-se.
  34 E aconteceu que os lamanitas não podiam fugir, em virtude da nuvem de escuridão que os cobrira; sim, e também ficaram imobilizados devido ao temor que deles se apoderara.
  35 Ora, havia entre eles um nefita de nascimento, que já pertencera à igreja de Deus, mas havia-se separado deles.
  36 E aconteceu que ele se voltou e eis que viu, através da nuvem de escuridão, os semblantes de Néfi e Leí; e eis que brilhavam intensamente, como semblantes de anjos. E viu que eles erguiam os olhos para o céu; e pareciam estar falando ou elevando a voz a algum ser que contemplavam.
  37 E aconteceu que esse homem bradou à multidão que se voltasse e olhasse. E eis que receberam força para voltar-se e olhar; e viram a face de Néfi e de Leí.
  38 E perguntaram ao homem: Ora, o que significa tudo isto e com quem conversam esses homens?
  39 Ora, o nome do homem era Aminadabe. E Aminadabe disse-lhes: Conversam com os anjos de Deus.
  40 E aconteceu que os lamanitas lhe perguntaram: aO que faremos para que esta nuvem de escuridão que nos cobre seja removida?
  41 E Aminadabe respondeu-lhes: Deveis arrepender-vos e clamar à voz até que tenhais em Cristo, sobre quem vos ensinaram Alma, Amuleque e Zeezrom; e quando fizerdes isso, a nuvem de escuridão que vos cobre será removida.
  42 E aconteceu que todos começaram a clamar à voz daquele que havia sacudido a terra; sim, clamaram até que a nuvem de escuridão se dissipou.
  43 E aconteceu que quando olharam ao redor e viram que a nuvem de escuridão que os cobria se dissipara, eis que perceberam estar envoltos, sim, cada alma, por um pilar de fogo.
  44 E Néfi e Leí achavam-se no meio deles; sim, estavam envoltos, sim, como se estivessem no meio de um fogo ardente; contudo não lhes causava dano nem incendiava as paredes da prisão; e encheram-se daquela alegria que é inexplicável e gloriosa.
  45 E eis que a paz de Deus penetrou-lhes o coração; e encheram-se, como que de fogo, e puderam dizer palavras maravilhosas.
  46 E aconteceu que ouviram uma voz, sim, uma voz agradável, semelhante a um sussurro, dizendo:
  47 Paz, paz seja convosco em virtude de vossa fé em meu Bem-Amado que era desde a fundação do mundo.
  48 E então, quando ouviram isto, levantaram os olhos, procurando descobrir de onde vinha a voz; e eis que viram os céus abertos; e anjos desceram dos céus e ministraram entre eles.
  49 E cerca de trezentas almas viram e ouviram essas coisas; e foi-lhes ordenado que se fossem e não se maravilhassem nem duvidassem.
  50 E aconteceu que saíram, pregando e anunciando por todas as regiões circunvizinhas todas as coisas que tinham ouvido e visto, fazendo com que a maior parte dos lamanitas se convencesse delas em virtude da grandeza das evidências que haviam recebido.
  51 E todos os que se convenceram abandonaram suas armas de guerra, bem como seu ódio e as tradições de seus pais.
  52 E aconteceu que devolveram aos nefitas as terras de sua herança.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 6
Os lamanitas justos pregam a nefitas iníquos—Ambos os povos prosperam durante uma era de paz e abundância—Lúcifer, o autor do pecado, incita o coração dos iníquos e dos ladrões de Gadiânton ao assassinato e à iniquidade—Os ladrões apoderam-se do governo nefita. Aproximadamente 29–23 a.C.

  1 E aconteceu que quando terminou o sexagésimo segundo ano do governo dos juízes, todas essas coisas haviam acontecido e os lamanitas tinham-se tornado, na maior parte, um povo justo, a tal ponto que sua retidão excedia à dos nefitas em virtude de sua firmeza e constância na fé.
  2 Porque eis que muitos nefitas se tornaram insensíveis, impenitentes e extremamente iníquos, a ponto de rejeitarem a palavra de Deus e todas as pregações e profecias que lhes foram feitas.
  3 Não obstante, o povo da igreja sentiu grande alegria em face da conversão dos lamanitas, sim, em virtude de a igreja de Deus haver sido organizada entre eles. E confraternizaram-se e juntos se regozijaram; e tiveram grande alegria.
  4 E aconteceu que muitos dos lamanitas desceram para a terra de Zaraenla e contaram ao povo nefita como se haviam convertido, exortando-os à fé e ao arrependimento.
  5 Sim, e muitos pregaram com tão grande poder e autoridade que levaram muitos a se humilharem profundamente, convertendo-se em humildes seguidores de Deus e do Cordeiro.
  6 E aconteceu que muitos dos lamanitas foram para a terra do norte; e Néfi e Leí também foram para a terra do norte a fim de pregar ao povo. E assim terminou o sexagésimo terceiro ano.
  7 E eis que houve paz em toda a terra, tanto que os nefitas iam a qualquer parte da terra que quisessem, fosse entre os nefitas ou entre os lamanitas.
  8 E aconteceu que os lamanitas também iam aonde desejavam, tanto entre os lamanitas como entre os nefitas; e, assim, havia livre intercâmbio entre eles para comprar, vender e obter lucro, segundo seus desejos.
  9 E aconteceu que se tornaram imensamente ricos, tanto os lamanitas quanto os nefitas; e havia grande abundância de ouro e de prata e de toda sorte de metais preciosos, tanto na terra do sul como na do norte.
  10 Ora, a terra do sul foi chamada Leí e a terra do norte foi chamada Muleque, segundo o filho de Zedequias; porque o Senhor havia conduzido Muleque para a terra do norte e Leí para a terra do sul.
  11 E eis que em ambas essas terras havia todo tipo de ouro e de prata e de minerais preciosos de toda espécie; e havia também hábeis artífices que trabalhavam e refinavam toda espécie de minério; e assim, tornaram-se ricos.
  12 Eles cultivaram cereais em abundância, tanto no norte como no sul; e prosperaram muito, tanto no norte como no sul. E multiplicaram-se e tornaram-se extremamente fortes na terra e criaram muitos rebanhos e manadas, sim, muitos animais cevados.
  13 Eis que suas mulheres trabalhavam e fiavam e faziam toda sorte de tecidos de linho fino; e tecidos de todo tipo para cobrir sua nudez. E assim transcorreu em paz o sexagésimo quarto ano.
  14 E no sexagésimo quinto ano tiveram também muita alegria e paz, sim, muita pregação e muitas profecias relativas ao que haveria de acontecer. E assim se passou o sexagésimo quinto ano.
  15 E aconteceu que no sexagésimo sexto ano do governo dos juízes, eis que Cezorã foi assassinado por mão desconhecida, quando sentado na cadeira de juiz. E aconteceu que no mesmo ano seu filho, que havia sido nomeado pelo povo para substituí-lo, foi também assassinado. E assim terminou o sexagésimo sexto ano.
  16 E no começo do sexagésimo sétimo ano o povo começou a ficar extremamente iníquo outra vez.
  17 Pois eis que o Senhor os havia abençoado com riquezas do mundo por tanto tempo, que não haviam sido instigados a irar-se nem a guerrear nem a derramar sangue; por conseguinte começaram a pôr o coração nas riquezas; sim, começaram a visar a lucros, para elevarem-se uns acima dos outros; portanto principiaram a cometer assassinatos secretos e a roubar e a saquear, a fim de obter lucros.
  18 E então eis que esses assassinos e saqueadores pertenciam a um grupo que havia sido formado por Quiscúmen e Gadiânton. E então aconteceu que havia muitos do bando de Gadiânton, mesmo entre os nefitas. Eis, porém, que eram mais numerosos entre a parte mais iníqua dos lamanitas; e eram conhecidos como os ladrões e assassinos de Gadiânton.
  19 E foram eles que assassinaram Cezorã, o juiz supremo, e seu filho, quando na cadeira de juiz; e eis que não foram encontrados.
  20 E então aconteceu que os lamanitas, quando descobriram que havia ladrões entre eles, afligiram-se muito; e usaram de todos os meios ao seu alcance para exterminá-los da face da terra.
  21 Eis, porém, que Satanás incitou de tal modo o coração da maioria dos nefitas que eles se uniram a esse bando de ladrões, participando de seus convênios e seus juramentos de que se protegeriam e preservariam mutuamente em quaisquer circunstâncias difíceis em que se encontrassem, para não serem castigados por seus assassinatos e suas pilhagens e seus roubos.
  22 E aconteceu que tinham seus sinais, sim, seus sinais secretos e suas palavras secretas; e isto para que pudessem reconhecer um irmão que tivesse entrado no convênio, para que, qualquer que fosse a iniquidade cometida por ele, não fosse prejudicado pelos irmãos nem por qualquer dos que pertencessem a seu bando e que tivessem feito esse convênio.
  23 E assim podiam matar e saquear e roubar e entregar-se à luxúria e a toda sorte de iniquidades contrárias às leis de seu país e também às leis de seu Deus.
  24 E quem quer que pertencesse a seu bando e revelasse ao mundo suas iniquidades e suas abominações seria julgado, não de acordo com as leis de seu país, mas segundo as leis de sua iniquidade, que haviam sido instituídas por Gadiânton e Quiscúmen.
  25 Ora, eis que foram esses os juramentos e convênios secretos que Alma ordenou a seu filho não mostrar ao mundo, para que não viessem a se tornar um meio de destruição do povo.
  26 Ora, eis que esses juramentos e convênios secretos não chegaram a Gadiânton por meio dos registros confiados a Helamã; mas eis que foram postos no coração de Gadiânton pelo mesmo ser que induziu nossos primeiros pais a comerem do fruto proibido.
  27 Sim, aquele mesmo ser que conspirou com Caim, dizendo-lhe que, se matasse seu irmão Abel, o mundo não o saberia. E conspirou com Caim e seus seguidores daí em diante.
  28 E foi também esse mesmo ser que pôs no coração do povo a idéia de construir uma torre tão alta que alcançasse o céu. E foi esse mesmo ser que enganou o povo que veio daquela torre para esta terra; que espalhou obras de trevas e abominações por toda a face da terra até arrastar este povo à mais completa destruição e ao inferno sem fim.
  29 Sim, o mesmo ser que inculcou no coração de Gadiânton a continuação de obras tenebrosas e assassinatos secretos; e tem-nas propagado desde o princípio do homem até agora.
  30 E eis que é ele o autor de todo pecado. E eis que leva avante suas obras de trevas e assassinatos secretos; e transmite suas conspirações e seus juramentos e seus convênios e seus planos de terrível iniquidade, de geração em geração, à medida que consegue apoderar-se do coração dos filhos dos homens.
  31 E agora, eis que ele havia conseguido grande poder sobre o coração dos nefitas; sim, de tal forma que se haviam tornado terrivelmente iníquos; sim, a maioria deles se haviam desviado do caminho da retidão; e espezinharam os mandamentos de Deus e seguiram seus próprios caminhos e construíram, com seu ouro e sua prata, ídolos para si próprios.
  32 E aconteceu que todas essas iniquidades ocorreram no espaço de não muitos anos, sendo que a maior parte delas começou entre eles no sexagésimo sétimo ano em que os juízes governaram o povo de Néfi.
  33 E suas iniquidades agravaram-se também no sexagésimo oitavo ano, para grande tristeza e lamentação dos justos.
  34 E assim vemos que os nefitas começaram a degenerar, caindo na incredulidade, e a aumentar suas iniquidades e abominações, ao passo que os lamanitas começaram a crescer extraordinariamente no conhecimento de seu Deus; sim, eles principiaram a observar seus estatutos e mandamentos e a andar em verdade e retidão perante ele.
  35 E assim vemos que a força do Senhor começou a afastar-se dos nefitas, em vista de suas iniquidades e da dureza de seu coração.
  36 E assim vemos que o Senhor começou a derramar seu amor sobre os lamanitas, em virtude da facilidade e empenho que mostravam em crer nas suas palavras.
  37 E aconteceu que os lamanitas perseguiram o bando de ladrões de Gadiânton; e pregaram a palavra de Deus aos mais iníquos dentre eles, de modo que esse bando de ladrões ficou inteiramente destruído entre os lamanitas.
  38 E aconteceu, por outro lado, que os nefitas ajudaram e apoiaram esses ladrões, começando pelos mais iníquos deles, até que eles se espalharam por toda a terra dos nefitas e seduziram a maior parte dos justos, que passaram a crer em suas obras e a participar de seus saques, associando-se a eles em seus homicídios e combinações secretas.
  39 E assim obtiveram total controle do governo, tanto que espezinharam e feriram e maltrataram e desprezaram os pobres e os mansos e os humildes seguidores de Deus.
  40 E assim vemos que se achavam num estado terrível, amadurecendo para uma destruição eterna.
  41 E assim terminou o sexagésimo oitavo ano em que os juízes governaram o povo de Néfi.

LIVRO DE HELAMÃ
Profecia de Néfi, filho de Helamã—Deus ameaça visitar o povo de Néfi em sua cólera, até sua inteira destruição, caso não se arrependa de suas iniquidades. Deus fere o povo de Néfi com uma pestilência; o povo arrepende-se e volta-se para ele. Samuel, um lamanita, profetiza aos nefitas.
Abrange os capítulos 7 a 16.

CAPÍTULO 7
Néfi é rejeitado no norte e volta para Zaraenla—Ele ora na torre de seu jardim e depois chama o povo ao arrependimento, para que não pereça. Aproximadamente 23–21 a.C.

  1 Eis que aconteceu, no sexagésimo nono ano em que os juízes governaram o povo nefita, que Néfi, filho de Helamã, retornou da terra do norte para a terra de Zaraenla.
  2 Pois ele havia estado com o povo que habitava a terra do norte e pregara-lhes a palavra de Deus; e profetizara-lhes muitas coisas;
  3 E rejeitaram todas as suas palavras, de modo que Néfi não pôde permanecer no meio deles e voltou para sua terra de origem.
  4 E vendo o povo naquele estado de tão terrível iniquidade e aqueles ladrões de Gadiânton ocupando as cadeiras dos juízes, tendo usurpado o poder e a autoridade da terra; desprezando os mandamentos de Deus e em nada sendo dignos perante ele; não fazendo justiça aos filhos dos homens;
  5 Condenando os justos, em virtude de sua retidão; deixando os culpados e iníquos impunes, por causa de seu dinheiro; e ainda mais, mantendo-os em altos cargos de governo para dirigirem e fazerem o que bem quisessem, a fim de enriquecerem e gozarem as glórias do mundo e, também, para mais facilmente poderem cometer adultério e roubar e matar e proceder de acordo com a própria vontade.
  6 Ora, esta grande iniquidade tomara conta dos nefitas no espaço de poucos anos; e quando Néfi viu isto, encheu-se-lhe o coração de mágoa dentro do peito; e exclamou, na agonia de sua alma:
  7 Oh! Se eu tivesse vivido nos dias em que meu pai Néfi saiu da terra de Jerusalém, para que eu me regozijasse com ele na terra da promissão! Então seu povo era fácil de persuadir, firme na obediência aos mandamentos de Deus, lento em ser induzido à prática de iniquidades; e era rápido em dar ouvidos às palavras do Senhor.
  8 Sim, se eu pudesse ter vivido naqueles dias, então minha alma se teria regozijado com a retidão de meus irmãos!
  9 Mas eis que me toca viver nestes dias e sentir a alma cheia de amargura por causa dessa iniquidade de meus irmãos.
  10 Ora, eis que isso aconteceu em uma torre que se achava no jardim de Néfi, que ficava perto da estrada que conduzia ao mercado principal da cidade de Zaraenla; e inclinou-se Néfi nessa torre que ficava em seu jardim, torre essa que também ficava perto do portão do jardim, que se abria para a estrada.
  11 E aconteceu que certos homens, passando por ali, viram Néfi que, na torre, elevava a alma a Deus; e correram e contaram ao povo o que haviam visto. E o povo reuniu-se em multidões para saber a causa de tão grande lamentação pela iniquidade do povo.
  12 E então, quando se levantou, viu Néfi as multidões que se haviam reunido.
  13 E aconteceu que abriu a boca e disse-lhes: Por que vos haveis reunido? Para que eu vos fale de vossas iniquidades?
  14 Sim, porque eu subi a minha torre para elevar a alma a Deus, devido à profunda tristeza de meu coração causada por vossas iniquidades!
  15 E por causa de meus clamores e lamentos vos haveis reunido e estais admirados; sim, tendes muito de que ficar admirados; sim, deveríeis estar admirados por haverdes permitido que o diabo tivesse tanto poder sobre vosso coração.
  16 Sim, como pudestes ser seduzidos por aquele que procura mergulhar-vos a alma em miséria sem fim e angústia interminável?
  17 Oh! Arrependei-vos, arrependei-vos! Por que desejais morrer? Voltai-vos, voltai-vos para o Senhor vosso Deus. Por que vos abandonou ele?
  18 Porque haveis endurecido o coração; sim, porque não quereis dar ouvidos à voz do Bom Pastor; sim, haveis provocado sua cólera contra vós.
  19 E a não ser que vos arrependais, eis que, ao invés de vos reunir, ele vos dispersará, para que vos torneis alimento de cães e feras.
  20 Oh! Como pudestes vos esquecer de vosso Deus, no próprio dia em que ele vos libertou?
  21 Mas eis que é para obterdes lucros, para serdes louvados pelos homens, sim, e para adquirirdes ouro e prata. E haveis colocado o coração nas riquezas e coisas vãs deste mundo; e por elas assassinais e saqueais e roubais e levantais falsos testemunhos contra o próximo, entregando-vos a toda sorte de iniquidades.
  22 E ai de vós por essa razão, a menos que vos arrependais. Pois se não vos arrependerdes, eis que esta grande cidade e também todas as grandes cidades circunvizinhas que ficam na terra de nossa possessão serão tomadas e não tereis lugar nelas; pois eis que o Senhor não vos concederá forças para resistirdes a vossos inimigos, como tem feito até agora.
  23 Pois eis que assim diz o Senhor: Não manifestarei minha força aos ímpios, a um mais do que a outro, a não ser aos que se arrependem de seus pecados e ouvem minhas palavras. Agora, meus irmãos, quisera que compreendêsseis que será melhor para os lamanitas do que para vós, a não ser que vos arrependais.
  24 Pois eis que eles são mais justos do que vós, porque não pecaram contra esse grande conhecimento que haveis recebido. Portanto o Senhor será misericordioso para com eles; sim, prolongará seus dias e aumentará sua posteridade, ao passo que sereis completamente destruídos, a não ser que vos arrependais.
  25 Sim, ai de vós por causa da grande abominação que se introduziu em vosso meio; e vos haveis unido a ela, sim, a esse bando secreto que foi organizado por Gadiânton!
  26 Sim, ai de vós por causa do orgulho que permitistes entrar em vosso coração e que vos engrandeceu além do que é devido por causa de vossas enormes riquezas!
  27 Sim, ai de vós por causa de vossas iniquidades e abominações!
  28 E a não ser que vos arrependais, perecereis; sim, até vossas terras vos serão tomadas e sereis varridos da face da Terra.
  29 Ora, eis que não digo por mim mesmo que estas coisas sucederão, porque não é por mim mesmo que sei estas coisas; mas eis que sei que estas coisas são verdadeiras porque o Senhor Deus mas deu a conhecer; portanto testifico que sucederão.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 8
Juízes corruptos procuram incitar o povo contra Néfi—Abraão, Moisés, Zenos, Zenoque, Ezias, Isaías, Jeremias, Leí e Néfi, todos testificaram a respeito de Cristo—Por inspiração, Néfi anuncia o assassinato do juiz supremo. Aproximadamente 23–21 a.C.
  
1 E então aconteceu que quando Néfi disse essas palavras, eis que havia homens que eram juízes e também pertenciam ao bando secreto de Gadiânton, os quais ficaram encolerizados e clamaram contra ele, dizendo ao povo: Por que não agarrais esse homem e não o trazeis para ser condenado de acordo com o crime que cometeu?
  2 Por que olhais para esse homem e ficais ouvindo-o ultrajar este povo e nossa lei?
  3 Porque eis que Néfi lhes falara a respeito da corrupção de suas leis; sim, e muitas coisas disse-lhes Néfi, que não podem ser escritas; e nada disse ele que fosse contrário aos mandamentos de Deus.
  4 E esses juízes encolerizaram-se com ele, porque lhes falou abertamente a respeito de suas obras de trevas; não obstante, não se atreviam a deitar-lhe as mãos, temendo que o povo se voltasse contra eles.
  5 Por conseguinte clamaram ao povo, dizendo: Por que permitis que este homem nos ultraje? Pois eis que ele condena todo este povo à destruição; sim, e diz também que nossas grandes cidades nos serão tomadas, de modo que nelas não teremos lugar.
  6 E no entanto sabemos que isso é impossível, pois eis que somos poderosos e grandes são as nossas cidades; portanto nossos inimigos não podem ter poder sobre nós.
  7 E aconteceu que dessa forma instigaram o povo à cólera contra Néfi e provocaram contendas entre eles; porque alguns clamaram: Deixai este homem em paz, porque é um bom homem; e as coisas que declara certamente acontecerão, a não ser que nos arrependamos;
  8 Sim, eis que todos os castigos que ele nos anunciou cairão sobre nós; porque sabemos que ele não disse senão a verdade sobre nossas iniquidades. E eis que são muitas; e ele sabe tão bem das coisas que nos acontecerão quanto de nossas iniquidades.
  9 Sim, e eis que se ele não fosse profeta, não poderia haver testificado a respeito dessas coisas.
  10 E aconteceu que as pessoas que desejavam destruir Néfi foram impedidas, por temor, de deitar-lhe as mãos; portanto, vendo que conquistara a simpatia de alguns, a tal ponto que os outros se atemorizaram, ele recomeçou a falar-lhes.
  11 Foi, portanto, compelido a falar-lhes mais, dizendo: Eis que, meus irmãos, não lestes que Deus deu poder a um homem, sim, Moisés, para ferir as águas do Mar Vermelho e elas dividiram-se para os dois lados, de modo que os israelitas, que eram nossos pais, atravessaram a pé enxuto e as águas fecharam-se sobre os exércitos dos egípcios e tragaram-nos?
  12 E agora, eis que se Deus atribuiu a esse homem tal poder, por que discordais entre vós e dizeis que ele não me concedeu poder para saber dos castigos que vos sobrevirão, caso não vos arrependais?
  13 Mas eis que não somente negais minhas palavras, como também negais todas as palavras que foram proferidas por nossos pais; e também as palavras que foram proferidas por esse homem, Moisés, que recebeu tão grande poder, sim, as palavras que ele proferiu a respeito da vinda do Messias.
  14 Sim, não deu ele testemunho de que o Filho de Deus haveria de vir? E assim como ele levantou a serpente de metal no deserto, assim também será levantado aquele que há de vir.
  15 E assim como todos os que olharam para aquela serpente viveram, assim também todos os que olharem para o Filho de Deus, com fé, tendo espírito contrito, viverão, sim, para a vida eterna.
  16 Ora, eis que não somente Moisés testificou a respeito destas coisas, mas também todos os profetas, desde os seus dias até os dias de Abraão.
  17 Sim, e eis que Abraão viu a sua vinda e encheu-se de alegria e regozijou-se.
  18 Sim, e eis que vos digo que Abraão não foi o único que teve conhecimento destas coisas, mas houve muitos, antes dos dias de Abraão, que foram chamados segundo a ordem de Deus, sim, segundo a ordem de seu Filho; e isso para que fosse mostrado ao povo, muitos milhares de anos antes de sua vinda, que na verdade receberiam a redenção.
  19 E agora, quisera que soubésseis que desde os dias de Abraão houve muitos profetas que testificaram essas coisas; sim, eis que o profeta Zenos testificou intrepidamente; por essa razão foi morto.
  20 E eis que também Zenoque e também Ezias e também Isaías e Jeremias (sendo Jeremias o mesmo profeta que predisse a destruição de Jerusalém); e agora sabemos que Jerusalém foi destruída, segundo as palavras de Jeremias. Oh! então por que não há de vir o Filho de Deus, segundo sua profecia?
  21 E agora negareis que Jerusalém foi destruída? Direis que os filhos de Zedequias não foram todos mortos, com exceção de Muleque? Sim, e não vedes que os descendentes de Zedequias estão conosco e que foram expulsos da terra de Jerusalém? Todavia, eis que isso não é tudo.
  22 Nosso pai Leí foi expulso de Jerusalém porque testificou estas coisas. Néfi também testificou estas coisas e também quase todos os nossos pais, até os dias de hoje; sim, eles testificaram a respeito da vinda de Cristo e aguardaram ansiosamente e regozijaram-se no seu dia que está para vir.
  23 E eis que ele é Deus e está com eles e manifestou-se a eles; de modo que foram redimidos por ele; e eles glorificaram-no, em virtude do que está para vir.
  24 E agora, vendo que sabeis estas coisas e que não as podeis negar sem que mintais, haveis portanto pecado nisto, porque rejeitastes todas estas coisas apesar das muitas evidências que recebestes; sim, vós haveis recebido todas as coisas, tanto as coisas do céu como todas as coisas que estão na Terra, como testemunho de que são verdadeiras.
  25 Mas eis que rejeitastes a verdade e vos haveis rebelado contra vosso Santo Deus; e mesmo agora, ao invés de acumulardes para vós tesouros no céu, onde nada se corrompe e onde nada de impuro pode entrar, estais acumulando para vós ira para o dia do cjuízo.
  26 Sim, mesmo agora estais amadurecendo, em virtude de vossos assassinatos e vossa fornicação e iniquidade, para a destruição eterna; sim, e a não ser que vos arrependais, ela cairá logo sobre vós.
  27 Sim, eis que ela já se acha a vossas portas; sim, ide até a cadeira do juiz e investigai; e eis que vosso juiz foi assassinado e jaz em seu sangue; e ele foi assassinado por seu irmão, que ambiciona ocupar a cadeira de juiz.
  28 E eis que ambos pertencem ao vosso bando secreto, cujos fundadores são Gadiânton e o ser maligno que procura destruir a alma dos homens.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 9
Mensageiros encontram o juiz supremo morto na cadeira de juiz—Eles são aprisionados e posteriormente libertados—Por inspiração, Néfi identifica Seântum como o assassino—Néfi é aceito por alguns como profeta. Aproximadamente 23–21 a.C.

  1 Então aconteceu que quando Néfi disse estas palavras, certos homens que se achavam entre eles correram para a cadeira do juiz, sim, e eram cinco os que foram; e diziam entre si, enquanto iam:
  2 Eis que agora saberemos com certeza se este homem é um profeta e se Deus lhe ordenou que nos profetizasse coisas tão maravilhosas. Eis que não cremos que o tenha feito; sim, não cremos que ele seja um profeta; não obstante, se o que ele disse a respeito do juiz supremo for verdade, que ele está morto, então acreditaremos que as outras palavras que disse são verdadeiras.
  3 E aconteceu que correram com todas as suas forças e chegaram à cadeira do juiz; e eis que o juiz supremo havia caído por terra e jazia em seu sangue.
  4 E então eis que, quando eles viram isso, ficaram admiradíssimos, de tal forma que caíram por terra; pois eles não haviam acreditado nas palavras que Néfi dissera a respeito do juiz supremo.
  5 Mas então, quando viram, acreditaram; e apoderou-se deles o medo de que todos os castigos dos quais Néfi falara atingissem o povo; portanto tremeram e caíram por terra.
  6 Ora, logo depois que o juiz supremo foi assassinado, tendo ele sido apunhalado secretamente pelo irmão, que fugiu, os servos correram, gritando para avisar o povo do assassinato;
  7 E eis que o povo se reuniu no lugar da cadeira do juiz, e eis que, para seu espanto, viram aqueles cinco homens que haviam caído por terra.
  8 E então eis que o povo nada sabia a respeito da multidão que se reunira no jardim de Néfi; portanto disseram entre si: Estes homens são os assassinos do juiz e Deus feriu-os para que não pudessem fugir de nós.
  9 E aconteceu que os agarraram e foram amarrados e atirados na prisão. E foi enviada por toda parte uma proclamação de que o juiz havia sido morto e que os assassinos haviam sido agarrados e atirados na prisão.
  10 E aconteceu que no dia seguinte o povo se reuniu para prantear e jejuar no funeral do grande juiz supremo que havia sido morto.
  11 E assim, também aqueles juízes que se achavam no jardim de Néfi e haviam ouvido suas palavras estavam juntos no funeral.
  12 E aconteceu que interrogaram o povo, dizendo: Onde estão os cinco que foram enviados para verificar se o juiz supremo estava morto? E eles responderam: Quanto a esses cinco homens que dizeis terdes enviado, nada sabemos; mas há cinco que são os assassinos, que pusemos na prisão.
  13 E aconteceu que os juízes pediram que eles fossem levados a sua presença; e foram levados à presença deles e eis que eram os cinco que haviam sido enviados; e eis que os juízes os interrogaram a respeito do acontecido e eles contaram tudo o que haviam feito, dizendo:
  14 Corremos e chegamos ao lugar da cadeira do juiz; e quando vimos todas as coisas conforme Néfi atestara, ficamos assombrados e caímos por terra; e quando nos recobramos de nosso assombro, eis que nos atiraram na prisão.
  15 Ora, quanto ao assassínio deste homem, não sabemos quem o cometeu; e sabemos apenas isto: que fomos correndo, segundo vosso desejo, e eis que ele estava morto, de acordo com as palavras de Néfi.
  16 E então aconteceu que os juízes explicaram a questão ao povo e acusaram Néfi, dizendo: Eis que sabemos que este Néfi deve ter combinado com alguém para matar o juiz e depois contar-nos, a fim de converter-nos a sua fé, para ser considerado como um grande homem, escolhido por Deus, e um profeta.
  17 E agora eis que denunciaremos este homem e ele confessará sua culpa e mostrar-nos-á o verdadeiro assassino do juiz.
  18 E aconteceu que os cinco foram postos em liberdade no dia do funeral. Não obstante, eles repreenderam os juízes pelas palavras que haviam proferido contra Néfi, discutindo com eles, um a um, a ponto de confundi-los.
  19 Não obstante, eles fizeram com que Néfi fosse preso e amarrado e conduzido perante a multidão; e começaram a interrogá-lo de diferentes maneiras, esperando que caísse em contradição para poderem condená-lo à morte.
  20 Dizendo-lhe: Tu és cúmplice; quem é o homem que cometeu este crime? Dize-nos agora e admite tua culpa. Eis aqui dinheiro; e também te concederemos a vida, se nos contares e admitires a aliança que fizeste com ele.
  21 Mas Néfi respondeu-lhes: Ó vós, insensatos, vós, incircuncisos de coração; e vós, cegos, e vós, povo obstinado! Por quanto tempo pensais que o Senhor vosso Deus vos permitirá seguir por essa senda de pecado?
  22 Oh! Deveríeis começar a uivar e a lamentar-vos por causa da grande destruição que agora mesmo vos espera, a não ser que vos arrependais.
  23 Eis que afirmais que eu conspirei com um homem para que ele assassinasse Seezorã, nosso juiz supremo. Eis que vos digo, porém, que fazeis isto porque vos testifiquei a respeito do acontecido, a fim de que o soubésseis; sim, como prova de que eu tinha conhecimento das iniquidades e abominações que existem no meio de vós.
  24 E porque fiz isso, dizeis que conspirei com um homem para que praticasse o crime; sim, por vos haver dado este sinal estais irados comigo e pretendeis tirar-me a vida.
  25 E agora, eis que vos darei outro sinal, para ver se, com isto, procurareis destruir-me.
  26 Eis que vos digo: Ide à casa de Seântum, airmão de Seezorã, e perguntai-lhe.
  27 Néfi, o pretenso profeta, que profetiza tanto mal a respeito deste povo, conspirou contigo para que matasses Seezorã, teu irmão?
  28 E eis que ele vos responderá: Não.
  29 E perguntar-lhe-eis: Assassinaste teu irmão?
  30 E ele, dominado pelo medo, não saberá o que dizer. E eis que ele negará; e fingirá estar muito surpreso; não obstante, declarar-se-á inocente.
  31 Mas eis que o examinareis e encontrareis sangue na barra de seu manto.
  32 E quando virdes isso, direis: De onde provém este sangue? Não sabemos que é o sangue de teu irmão?
  33 E ele então estremecerá e empalidecerá, como se fosse a hora de sua morte.
  34 E então direis: Em vista desse medo e dessa palidez de teu semblante, eis que sabemos que és culpado.
  35 E então maior será o seu medo; e então ele confessará e não mais negará ter cometido este crime.
  36 E então ele vos dirá que eu, Néfi, nada sei a respeito do acontecido, salvo se me tiver sido divulgado pelo poder de Deus. E então sabereis que sou um homem honesto e que vos fui enviado por Deus.
  37 E aconteceu que fizeram o que Néfi lhes dissera. E eis que as palavras que ele dissera eram verdadeiras, pois de acordo com as palavras, ele negou; e também, de acordo com as palavras, confessou.
  38 E foi levado a provar que ele próprio era o verdadeiro assassino, de modo que os cinco foram postos em liberdade, assim como Néfi.
  39 E houve alguns nefitas que acreditaram nas palavras de Néfi; e também houve alguns que acreditaram por causa do testemunho dos cinco, porque eles se haviam convertido enquanto estavam na prisão.
  40 E então alguns dentre o povo disseram que Néfi era profeta.
  41 E outros disseram: Eis que ele é um deus, pois se não fosse um deus não poderia saber todas as coisas. Pois eis que nos declarou os pensamentos de nosso coração e também nos disse muitas coisas; e até mesmo nos fez conhecer o verdadeiro assassino de nosso juiz supremo.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 10
O Senhor confere a Néfi o poder selador—É-lhe outorgado o poder de ligar e desligar no céu e na Terra—Ele ordena ao povo que se arrependa para não perecer—O espírito leva-o de multidão a multidão. Aproximadamente 21–20 a.C.
  
1 E aconteceu que surgiu entre o povo uma divisão, de modo que se apartaram uns para um lado e outros para outro; e seguiram seus caminhos, deixando Néfi, que se achava no meio deles, sozinho.
  2 E aconteceu que Néfi tomou o caminho de sua casa, refletindo sobre as coisas que o Senhor lhe mostrara.
  3 E aconteceu que enquanto assim meditava, estando extremamente desanimado em virtude das iniquidades do povo nefita, suas secretas obras de trevas e seus assassinatos e suas pilhagens e toda sorte de maldades, aconteceu que enquanto assim meditava em seu coração, eis que ouviu uma voz, dizendo:
  4 Bem-aventurado és tu, Néfi, pelas coisas que tens feito; pois observei que foste infatigável em pregar a este povo as palavras que te dei. E não o temeste nem te preocupaste com tua própria vida, mas procuraste conhecer minha vontade e cumprir meus mandamentos.
  5 E agora, por teres feito isso com tanta perseverança, eis que te abençoarei para sempre e te farei poderoso em palavras e ações, em fé e em obras; sim, para que todas as coisas se realizem segundo tua palavra, pois nada pedirás que seja contrário a minha vontade.
  6 Eis que tu és Néfi e eu sou Deus. Eis que te declaro, na presença de meus anjos, que terás poder sobre este povo e ferirás a terra com fome e com pestilência e destruição, segundo a iniquidade deste povo.
  7 Eis que te dou poder para que tudo quanto ligares na Terra seja ligado no céu e tudo quanto desligares na Terra seja desligado no céu; e assim terás poder entre este povo.
  8 E assim, se disseres a este templo que se fenda ao meio, será feito.
  9 E se disseres a esta montanha: Desmorona e torna-te plana, assim se fará.
  10 E eis que se disseres que Deus ferirá este povo, assim acontecerá.
  11 E agora, eis que te ordeno que vás declarar a este povo que o Senhor Deus, que é o Todo-Poderoso, assim diz: A não ser que vos arrependais, sereis feridos até a destruição.
  12 E eis que então aconteceu que quando o Senhor disse estas palavras a Néfi, ele se deteve e não seguiu para sua casa, mas voltou para as multidões que estavam espalhadas pela face daquela terra e principiou a proclamar-lhes as palavras que o Senhor lhe dissera a respeito de sua destruição, caso não se arrependessem.
  13 Ora, eis que, apesar do grande milagre que Néfi realizara, anunciando-lhes a morte do juiz supremo, eles endureceram o coração e não deram ouvidos às palavras do Senhor.
  14 Portanto, Néfi declarou-lhes a palavra do Senhor, dizendo: A não ser que vos arrependais, assim diz o Senhor, sereis feridos até a destruição.
  15 E aconteceu que após lhes ter Néfi declarado a palavra, eis que continuaram a endurecer o coração e não deram ouvidos a suas palavras; assim, injuriaram-no e procuraram deitar-lhe as mãos, a fim de aprisioná-lo.
  16 Mas eis que o poder de Deus estava com ele; e não puderam agarrá-lo, a fim de pô-lo na prisão, porque ele foi levado do meio deles.
  17 E aconteceu que assim foi ele levado de multidão em multidão, pregando a palavra de Deus até havê-la anunciado a todos ou tê-la espalhado entre todo o povo.
  18 E aconteceu que não quiseram dar ouvidos a suas palavras; e começaram a surgir contendas, de modo que se dividiram e começaram a matar-se uns aos outros pela espada.
  19 E assim terminou o septuagésimo primeiro ano em que os juízes governaram o povo de Néfi.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 11
Néfi persuade o Senhor a substituir a guerra pela fome—Muitos perecem—Eles arrependem-se e Néfi suplica ao Senhor que faça chover—Néfi e Leí recebem inspiração—Os ladrões de Gadiânton tornam-se fortes na terra. Aproximadamente 20–6 a.C.

  1 E então aconteceu que, no septuagésimo segundo ano do governo dos juízes, as discórdias aumentaram de tal forma que houve guerras por toda a terra entre todo o povo de Néfi.
  2 E era esse bando secreto de ladrões que realizava essa obra de destruição e iniquidade. E essa guerra prolongou-se por todo aquele ano e continuou durante o septuagésimo terceiro ano.
  3 E aconteceu que, nesse ano, Néfi clamou ao Senhor, dizendo:
  4 Ó Senhor, não permitas que este povo seja destruído pela espada! Antes, ó Senhor, deixa que haja fome na terra para neles despertar a lembrança do Senhor seu Deus; e talvez se arrependam e voltem-se para ti.
  5 E assim foi feito, segundo as palavras de Néfi. E houve muita fome na terra entre todo o povo de Néfi. E assim, no septuagésimo quarto ano, continuou a haver fome e cessou a obra de destruição pela espada; agravou-se, porém, pela fome.
  6 E essa obra de destruição prosseguiu também no septuagésimo quinto ano. Pois a terra foi ferida, de modo que secou e não produziu grãos na época de grãos; e toda a terra foi ferida, tanto entre os lamanitas quanto entre os nefitas, de modo que foram atingidos e morreram aos milhares nas partes mais iníquas da terra.
  7 E aconteceu que o povo viu que estava prestes a perecer de fome e começou a lembrar-se do Senhor seu Deus; e começou a lembrar-se das palavras de Néfi.
  8 E o povo começou a suplicar aos juízes supremos e aos chefes que dissessem a Néfi: Eis que sabemos que és um homem de Deus; implora, pois, ao Senhor nosso Deus que afaste de nós esta fome, a fim de que não se cumpram todas as palavras que disseste a respeito de nossa destruição.
  9 E aconteceu que os juízes falaram com Néfi, transmitindo-lhe o desejo do povo. E aconteceu que quando Néfi viu que o povo se havia arrependido e humilhado, cobrindo-se de saco, clamou novamente ao Senhor, dizendo:
  10 Ó Senhor, eis que este povo se arrepende; e eles baniram o bando de Gadiânton do meio deles, de modo que foram extintos; e esconderam seus planos secretos na terra.
  11 Agora, ó Senhor, aparta deles tua ira por causa de sua humildade; e apazigua tua ira com a destruição daqueles homens iníquos que já destruíste.
  12 Ó Senhor, desvia tua ira, sim, tua ardente ira, e faze com que cesse a fome nesta terra.
  13 Ó Senhor, escuta-me e faze com que seja feito de acordo com minhas palavras; e faze chover sobre a face da terra, para que ela produza seus frutos e seus grãos, na época de grãos.
  14 Ó Senhor, ouviste minhas palavras quando eu disse: Deixa que haja fome, a fim de que cesse a destruição pela espada; e eu sei que me ouvirás também agora, pois disseste: Se o povo se arrepender, poupá-lo-ei.
  15 Sim, ó Senhor, e vês que eles se arrependeram, em virtude da fome e da pestilência e da destruição que lhes sobrevieram.
  16 E agora, ó Senhor, não desviarás tua ira para novamente ver se eles te servirão? E se assim for, ó Senhor, poderás abençoá-los segundo as palavras que disseste.
  17 E aconteceu que no septuagésimo sexto ano o Senhor desviou sua ira do povo e fez chover sobre a terra, de modo que a terra produziu seus frutos na época de frutos. E aconteceu que produziu grãos na época de grãos.
  18 E eis que o povo se regozijou e glorificou a Deus e toda a face da terra encheu-se de alegria; e não mais procuraram destruir Néfi, mas consideraram-no como um agrande profeta e varão de Deus, de quem havia recebido grande poder e autoridade.
  19 E eis que Leí, seu irmão, não ficava nem um pouco atrás dele nas coisas pertinentes à retidão.
  20 E assim aconteceu que o povo de Néfi começou novamente a prosperar na terra e começou a edificar os lugares desolados e começou a multiplicar-se e a espalhar-se, até cobrir toda a face da terra, tanto ao norte quanto ao sul, do mar do oeste até o mar do leste.
  21 E aconteceu que o septuagésimo sexto ano terminou em paz. E o septuagésimo sétimo ano começou em paz; e a igreja espalhou-se pela face de toda a terra; e a maior parte do povo, tanto nefitas quanto lamanitas, pertencia à igreja; e houve muita paz na terra; e assim terminou o septuagésimo sétimo ano.
  22 E também tiveram paz no septuagésimo oitavo ano, com exceção de algumas disputas relativas a pontos de doutrina que haviam sido estabelecidos pelos profetas.
  23 E no septuagésimo nono ano começaram a surgir muitas contendas. Aconteceu, porém, que Néfi, Leí e muitos de seus irmãos que conheciam os verdadeiros pontos da doutrina, receberam diariamente sabedoria, pregaram ao povo, de modo que puseram fim a suas contendas nesse mesmo ano.
  24 E aconteceu que no octogésimo ano em que os juízes governaram o povo de Néfi, um certo número de dissidentes do povo de Néfi, que alguns anos antes haviam passado para o lado dos lamanitas e tomado o nome de lamanitas, e também um certo número de legítimos descendentes de lamanitas, incitados à ira por eles, isto é, pelos dissidentes, principiaram uma guerra contra seus irmãos.
  25 E cometiam assassinatos e pilhagens; e fugiam depois para as montanhas e para o deserto e lugares secretos, ocultando-se a fim de não serem descobertos, crescendo diariamente em número, pois havia dissidentes que a eles se uniam.
  26 E assim, com o tempo, sim, no espaço de poucos anos, transformaram-se em um bando considerável de ladrões; e eles encontraram todos os planos secretos de Gadiânton; e assim se tornaram ladrões de Gadiânton.
  27 Ora, eis que esses ladrões causaram grandes estragos, sim, grande destruição entre o povo de Néfi, como também entre os lamanitas.
  28 E aconteceu que se tornou necessário pôr termo a essa obra de destruição; por conseguinte, um exército de homens fortes foi enviado ao deserto e às montanhas para procurar esse bando de ladrões e exterminá-los.
  29 Mas eis que nesse mesmo ano foram forçados a recuar para suas próprias terras. E assim terminou o octogésimo ano em que os juízes governaram o povo de Néfi.
  30 E aconteceu que no começo do octogésimo primeiro ano tornaram a lutar contra esse bando de ladrões e mataram muitos; e eles também sofreram pesadas perdas.
  31 E novamente foram obrigados a voltar do deserto e das montanhas para suas próprias terras, em virtude do excessivo número de ladrões que infestavam as montanhas e o deserto.
  32 E aconteceu que assim terminou esse ano. E os ladrões aumentavam constantemente e tornavam-se cada vez mais fortes, a ponto de desafiarem todos os exércitos dos nefitas e também dos lamanitas; e causaram grande pavor ao povo de toda a face da terra.
  33 Sim, porque atacaram muitas partes da terra e causaram grande destruição; sim, muitos foram mortos e outros foram levados presos para o deserto, sim, e principalmente suas mulheres e filhos.
  34 Ora, essa grande calamidade que sobreveio ao povo, por causa de sua iniquidade, fez com que se lembrassem do Senhor seu Deus.
  35 E assim terminou o octogésimo primeiro ano do governo dos juízes.
  36 E no octogésimo segundo ano o povo principiou novamente a se esquecer do Senhor seu Deus. E no octogésimo terceiro ano começaram a ficar extremamente iníquos. E no octogésimo quarto ano não melhoraram o seu proceder.
  37 E aconteceu que no octogésimo quinto ano se tornaram mais e mais orgulhosos e iníquos; e assim estavam novamente amadurecendo para a destruição.
  38 E assim terminou o octogésimo quinto ano.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 12
Os homens são instáveis, insensatos e rápidos na prática do mal—O Senhor castiga seu povo—A nulidade dos homens é comparada com o poder de Deus—No dia do julgamento os homens alcançarão vida eterna ou condenação eterna. Aproximadamente 6 a.C.

  1 E assim podemos ver quão falso e também quão inconstante é o coração dos filhos dos homens; sim, podemos ver como o Senhor, na grandeza de sua infinita bondade, abençoa e faz prosperar os que colocam nele a sua confiança.
  2 Sim, e vemos que é justamente quando ele faz prosperar seu povo, sim, aumentando seus campos, seu gado e seus rebanhos e ouro e prata e toda sorte de coisas preciosas de todo tipo e de todo estilo, preservando-lhes a vida e livrando-os das mãos de seus inimigos, abrandando o coração dos inimigos para que não lhes façam guerra; sim, e, em resumo, fazendo tudo para o bem e a felicidade de seu povo; sim, então é quando endurecem o coração, esquecendo-se do Senhor seu Deus e pisando o Santíssimo; sim, e isto em virtude de seu conforto e de sua enorme prosperidade.
  3 E assim vemos que se o Senhor não castiga seu povo com numerosas aflições, sim, se não o fere com morte e com terror e com fome e com toda sorte de pestilências, dele não se lembram.
  4 Oh! Quão insensatos e quão presunçosos e quão malignos e diabólicos e quão rápidos em cometer iniquidades e quão lentos em praticar o bem são os filhos dos homens! Sim, quão apressados são em dar ouvidos às palavras do maligno e em colocar o coração nas coisas vãs do mundo!
  5 Sim, quão rápidos em se ensoberbecerem; sim, quão rápidos em se vangloriarem e em praticarem toda sorte de iniquidades; e quão lentos são em se recordarem do Senhor seu Deus e em dar ouvidos a seus conselhos; sim, quão lentos em trilhar os caminhos da sabedoria.
  6 Eis que não desejam que o Senhor seu Deus, que os criou, os governe e reine sobre eles; apesar de sua grande bondade e misericórdia para com eles, desprezam seus conselhos e não o desejam como guia.
  7 Oh! Quão grande é a nulidade dos filhos dos homens! Sim, são até menos que o pó da Terra.
  8 Pois eis que o pó da Terra se move de cá para lá, separando-se segundo a ordem de nosso grande e eterno Deus.
  9 Sim, eis que pela sua voz tremem e estremecem as colinas e os montes.
  10 E pelo poder de sua voz desmoronam-se e tornam-se planos, sim, como um vale.
  11 Sim, pelo poder de sua voz treme toda a Terra;
  12 E pelo poder de sua voz as fundações estremecem, até o centro.
  13 Sim, e se ele diz à Terra: Move-te; ela se move.
  14 Sim, e se ele diz à Terra: Volta para trás, a fim de que se prolongue o dia por muitas horas; isso é feito;
  15 E assim, segundo sua palavra, a Terra volta para trás, parecendo aos homens que o sol está parado; sim, e eis que assim é; porque certamente é a Terra que se move e não o sol.
  16 E eis também que se ele diz às águas do grande abismo: Secai; assim sucede.
  17 Eis que se diz a esta montanha: Ergue-te e vai e cai sobre aquela cidade, para que seja soterrada; eis que assim sucede.
  18 E eis que se um homem ocultar um tesouro na terra e o Senhor disser: Amaldiçoado seja, em virtude da iniquidade daquele que o escondeu; eis que será amaldiçoado.
  19 E se o Senhor disser: Amaldiçoado sejas para que ninguém jamais te encontre a partir deste dia; eis que homem algum jamais o encontrará.
  20 E eis que se o Senhor disser a um homem: Em virtude de tuas iniquidades tu serás amaldiçoado para sempre; assim será.
  21 E se o Senhor disser: Em virtude de tuas iniquidades serás afastado de minha presença, ele fará com que assim suceda.
  22 E ai daquele a quem ele disser isso, porque assim será com aquele que cometer iniquidade; e não poderá ser salvo; portanto, por essa razão, para que os homens possam ser salvos, foi pregado o arrependimento.
  23 Portanto benditos são os que se arrependem e dão ouvidos à voz do Senhor seu Deus; pois eles serão salvos.
  24 E permita Deus, em sua grande plenitude, que os homens sejam levados ao arrependimento e às boas obras, para que lhes seja restituída graça por graça, segundo suas obras.
  25 E eu quisera que todos os homens fossem salvos. Lemos, porém, que no grande e último dia haverá alguns que serão afastados; sim, que serão afastados da presença do Senhor;
  26 Sim, que serão condenados a um estado de infindável miséria, em cumprimento às palavras que dizem: Os que praticaram o bem terão vida eterna; e os que praticaram o mal terão condenação eterna. E assim é. Amém.

LIVRO DE HELAMÃ
A profecia de Samuel, o lamanita, aos nefitas.
Abrange os capítulos 13 a 15.

CAPÍTULO 13
Samuel, o lamanita, profetiza a destruição dos nefitas, caso não se arrependam—Eles e suas riquezas são amaldiçoados—Rejeitam e apedrejam os profetas, são circundados por demônios e buscam a felicidade praticando iniquidades. Aproximadamente 6 a.C.

  1 E então aconteceu que no octogésimo sexto ano continuaram os nefitas a praticar iniquidades, sim, grandes iniquidades, enquanto os lamanitas se empenhavam em guardar estritamente os mandamentos de Deus, segundo a lei de Moisés.
  2 E aconteceu que nesse ano chegou à terra de Zaraenla um lamanita chamado Samuel, que começou a pregar ao povo. E aconteceu que ele pregou arrependimento ao povo durante muitos dias; e expulsaram-no e ele estava prestes a voltar para sua própria terra.
  3 Mas eis que chegou a ele a voz do Senhor, ordenando-lhe que voltasse e profetizasse ao povo tudo o que lhe viesse ao coração.
  4 E aconteceu que não lhe permitiram entrar na cidade; portanto subiu à muralha e estendeu a mão; e clamou em alta voz, profetizando ao povo tudo quanto o Senhor lhe pôs no coração.
  5 E ele disse-lhes: Eis que eu, Samuel, um lamanita, digo as palavras do Senhor, que ele me põe no coração; e eis que ele pôs no meu coração que devo dizer aos deste povo que a espada da justiça está suspensa sobre eles; e não se passarão quatrocentos anos antes que caia sobre eles a espada da justiça.
  6 Sim, terrível destruição aguarda este povo e ela seguramente virá sobre este povo; e nada salvará este povo, a não ser o arrependimento e a fé no Senhor Jesus Cristo, o qual sem dúvida virá ao mundo e padecerá muitas coisas e será morto por seu povo.
  7 E eis que isso me foi anunciado por um anjo do Senhor e ele trouxe boas novas a minha alma. E eis que vos fui enviado para anunciar isso também a vós, para que tenhais boas novas; mas eis que vós não me quisestes receber.
  8 Portanto, assim diz o Senhor: Em virtude da dureza de coração do povo dos nefitas, a não ser que se arrependam, tirarei deles a minha palavra e as minhas bençãos; e não os tolerarei por mais tempo e contra eles voltarei o coração de seus irmãos.
  9 E não se passarão quatrocentos anos antes que eu faça com que sejam feridos; sim, visitá-los-ei com a espada e com fome e com pestilências.
  10 Sim, visitá-los-ei com minha ardente ira e haverá alguns da quarta geração de vossos inimigos que viverão para presenciar vossa completa destruição; e isto sem dúvida sucederá, salvo se vos arrependerdes, diz o Senhor; e os da quarta geração hão de causar vossa destruição.
  11 Mas se vos arrependerdes e vos voltardes para o Senhor vosso Deus, eu desviarei a minha ira, diz o Senhor; sim, assim diz o Senhor: Bem-aventurados os que se arrependerem e se voltarem para mim, mas ai daquele que não se arrepender.
  12 Sim, ai desta grande cidade de Zaraenla; pois eis que é por causa dos justos que ela foi salva; sim, ai desta grande cidade, pois percebo, diz o Senhor, que há muitos, sim, mesmo a maior parte desta grande cidade, que endurecerão o coração contra mim, diz o Senhor.
  13 Bem-aventurados são aqueles que se arrependerem, porque eu os pouparei. Mas eis que, se não fosse pelos justos que estão nesta grande cidade, eis que eu faria com que descesse fogo dos céus e a destruísse.
  14 Mas eis que é por amor aos justos que ela é poupada. Mas eis que chega a hora, diz o Senhor, que quando expulsardes os justos de vosso meio, então estareis amadurecidos para a destruição; sim, ai desta grande cidade em virtude das iniquidades e abominações que nela há.
  15 Sim, e ai da cidade de Gideão, pelas iniquidades e abominações que nela há.
  16 Sim, e ai de todas as cidades que ficam nas terras circunvizinhas, que estão ocupadas pelos nefitas, por causa das iniquidades e abominações que nelas há.
  17 E eis que uma maldição cairá sobre a terra, diz o Senhor dos Exércitos, por causa do povo que está na terra, sim, em virtude de suas iniquidades e abominações.
  18 E acontecerá, diz o Senhor dos Exércitos, sim, nosso grande e verdadeiro Deus, que aquele que esconder tesouros na terra não mais os achará por causa da grande maldição da terra, salvo se for um homem justo e escondê-los para o Senhor.
  19 Porque desejo, diz o Senhor, que escondam seus tesouros para mim; e amaldiçoados os que não escondem seus tesouros para mim; porque ninguém esconde seus tesouros para mim, a não ser os justos; e aquele que não esconde seus tesouros para mim é amaldiçoado, bem como o tesouro; e ninguém o resgatará, por causa da maldição da terra.
  20 E chegará o dia em que esconderão seus tesouros, porque puseram o coração nas riquezas; e, porque puseram o coração em suas riquezas, esconderão seus tesouros quando fugirem de seus inimigos; por não os terem escondido para mim, amaldiçoados sejam eles e também seus tesouros; e nesse dia serão castigados, diz o Senhor.
  21 Olhai, ó povo desta grande cidade, escutai minhas palavras. Sim, escutai as palavras que o Senhor diz, pois eis que ele diz que sois amaldiçoados por causa de vossas riquezas; e também são amaldiçoadas as vossas riquezas, porque nelas colocastes o coração e não escutastes as palavras daquele que vo-las deu.
  22 Não vos lembrais do Senhor vosso Deus nas coisas com que ele vos abençoou, mas sempre recordais vossas riquezas, não para agradecer ao Senhor vosso Deus por elas; sim, vosso coração não se achega ao Senhor, mas enche-se de grande orgulho, com ostentação e com grande arrogância, invejas, discórdias, malícia, perseguições e assassinatos e toda sorte de iniquidades.
  23 Por esta razão o Senhor Deus fez com que uma maldição caísse sobre a terra e também sobre vossas riquezas; e isto em virtude de vossas iniquidades.
  24 Sim, ai deste povo por causa desta hora que chegou, em que expulsam os profetas e zombam deles e atiram-lhes pedras e matam-nos e praticam toda espécie de iniquidades contra eles, assim como fizeram na antiguidade.
  25 E agora, quando falais, dizeis: Se tivéssemos vivido nos tempos de nossos pais, não teríamos matado os profetas; não lhes teríamos atirado pedras nem os teríamos expulsado.
  26 Eis que sois piores do que eles; pois assim como vive o Senhor, se aparece entre vós um profeta e declara-vos a palavra do Senhor, a qual testifica vossos pecados e iniquidades, revoltai-vos contra ele e o expulsais e procurais todos os meios para destruí-lo; sim, dizeis que é um falso profeta e que ele é um pecador e que é do diabo, porque ele testifica que vossas obras são más.
  27 Mas eis que se um homem aparecer entre vós e disser: Fazei isto e não há iniquidade; fazei aquilo e não sofrereis; sim, ele dirá: Andai segundo o orgulho de vosso próprio coração; sim, andai segundo o orgulho de vossos olhos e fazei tudo quanto vosso coração desejar, e se um homem aparecer entre vós e disser isto, vós o recebereis e direis que ele é um profeta.
  28 Sim, exaltá-lo-eis e dar-lhe-eis de vossos bens; dar-lhe-eis de vosso ouro e de vossa prata e vesti-lo-eis com roupas suntuosas; e porque ele vos diz palavras lisonjeiras, diz que tudo está bem, então nenhuma falta achareis nele.
  29 Ó geração iníqua e perversa, povo endurecido e obstinado! Até quando pensais que o Senhor vos há de tolerar? Sim, até quando vos deixareis levar por guias insensatos e cegos? Sim, até quando preferireis as trevas à luz?
  30 Sim, eis que a ira do Senhor já está acesa contra vós; eis que ele amaldiçoou a terra por causa de vossa iniquidade.
  31 E eis que se aproxima a hora em que ele amaldiçoará vossas riquezas, para que elas se tornem escorregadias, para que não possais segurá-las; e nos dias de vossa pobreza não podereis retê-las.
  32 E nos dias de vossa pobreza clamareis ao Senhor; e em vão clamareis, porque vossa desolação já vos sobreveio e a vossa destruição é certa; então chorareis e pranteareis naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos. E então lamentareis e direis:
  33 Oh! Se me houvesse arrependido e não tivesse matado os profetas, nem os tivesse apedrejado nem expulsado! Sim, naquele dia direis: Oh! Se nos tivéssemos lembrado do Senhor nosso Deus no dia em que ele nos deu nossas riquezas, então elas não se teriam tornado escorregadias a ponto de as perdermos; porque eis que nossas riquezas se foram.
  34 Eis que colocamos uma ferramenta aqui e na manhã seguinte desaparece; e eis que nos despojam de nossas espadas no dia em que as procuramos para a batalha.
  35 Sim, escondemos nossos tesouros e eles se nos escaparam por causa da maldição da terra.
  36 Oh! Se nos houvéssemos arrependido no dia em que o Senhor nos enviou sua palavra! Pois eis que a terra está amaldiçoada e todas as coisas se tornaram escorregadias; e não podemos segurá-las.
  37 Eis que estamos circundados de demônios, sim, estamos rodeados pelos anjos daquele que procurou destruir nossa alma. Eis que são grandes as nossas iniquidades. Ó Senhor, não podes apartar de nós a tua ira? E assim vos expressareis naqueles dias.
  38 Mas eis que vossos dias de provação se passaram; procrastinastes o dia de vossa salvação até que se tornou, para sempre, demasiado tarde; e vossa destruição é certa; sim, porque durante todos os dias de vossa vida buscastes aquilo que não podíeis obter; e buscastes felicidade na iniquidade, o que é contrário à natureza daquela retidão que há em nosso grande e Eterno Cabeça.
  39 Ó povo da terra! Oxalá ouvísseis minhas palavras! E eu oro para que a ira do Senhor se aparte de vós e que vos arrependais e sejais salvos.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 14
Samuel prediz que haverá luz durante a noite e que uma nova estrela aparecerá quando Cristo nascer—Cristo redime os homens da morte física e da espiritual—Entre os sinais de sua morte haverá três dias de trevas, fender-se-ão as rochas e haverá grandes cataclismos da natureza. Aproximadamente 6 a.C.

  1 E então aconteceu que Samuel, o lamanita, profetizou muitas coisas mais que não podem ser escritas.
  2 E eis que ele lhes disse: Eis que vos dou um sinal; pois mais cinco anos se hão de passar e eis que então o Filho de Deus virá para redimir todos os que crerem em seu nome.
  3 E eis que isto vos darei por sinal, na ocasião de sua vinda: Eis que haverá grandes luzes no céu, de modo que na noite anterior a sua vinda não haverá escuridão, tanto que aos homens parecerá ser dia.
  4 Portanto haverá um dia e uma noite e um dia, como se fosse um só dia e não houvesse noite; e isso vos será por sinal; pois vereis o nascer e também o pôr-do-sol; portanto, saber-se-á com certeza que se terão passado dois dias e uma noite, muito embora não haja escuridão durante a noite. E essa noite precederá o aseu nascimento.
  5 E eis que uma nova estrela aparecerá, uma que nunca vistes antes; e isto também vos será por sinal.
  6 E eis que isso não é tudo; haverá muitos sinais e maravilhas no céu.
  7 E acontecerá que vós todos ficareis espantados e admirados a tal ponto que caireis por terra.
  8 E acontecerá que todos os que acreditarem no Filho de Deus terão vida eterna.
  9 E eis que assim me ordenou o Senhor, por seu anjo, que eu viesse dizer-vos isto; sim, ordenou que eu vos profetizasse estas coisas; sim, ele disse-me: Clama a este povo: Arrependei-vos e preparai o caminho do Senhor.
  10 E agora, porque sou lamanita e vos disse as palavras que o Senhor me ordenou e porque foi duro convosco, estais irados contra mim e procurais destruir-me e me expulsastes de vosso meio.
  11 E ouvireis minhas palavras, porque por este motivo subi às muralhas desta cidade, para que pudésseis ouvir e conhecer os julgamentos de Deus que vos esperam em virtude das vossas iniquidades; e também a fim de que vos inteireis das condições do arrependimento;
  12 E também para que saibais da vinda de Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Pai do céu e da Terra, o Criador de todas as coisas desde o princípio; e para que saibais dos sinais de sua vinda e para que acrediteis em seu nome.
  13 E se acreditardes em seu nome, arrepender-vos-eis de todos os vossos pecados, para que, desse modo, alcanceis a remissão dos pecados por meio de seus méritos.
  14 E eis que novamente outro sinal eu vos dou, sim, um sinal da morte dele.
  15 Pois eis que ele certamente deverá morrer para que venha a salvação; sim, cabe-lhe morrer e isso é necessário para levar a efeito a ressurreição dos mortos, para que assim os homens possam ser conduzidos à presença do Senhor.
  16 Sim, eis que essa morte leva a efeito a ressurreição e redime toda a humanidade da primeira morte, dessa morte espiritual; porque toda a humanidade, tendo sido afastada da presença do Senhor pela queda de Adão, é considerada como morta, tanto em relação às coisas materiais como às coisas espirituais.
  17 Mas eis que a ressurreição de Cristo redime a humanidade, sim, toda a humanidade; e leva-a de volta à presença do Senhor.
  18 Sim, e torna operantes as condições do arrependimento, de que todo aquele que se arrepende não é cortado nem atirado ao fogo; mas todo aquele que não se arrepende é cortado e atirado ao fogo; e recai sobre eles novamente uma morte espiritual; sim, uma segunda morte, porque novamente são separados das coisas concernentes à retidão.
  19 Portanto, arrependei-vos, arrependei-vos, para que não aconteça que, conhecendo estas coisas e não as cumprindo, incorrais em condenação e sejais arrastados a essa segunda morte.
  20 Mas eis que, como vos falei a respeito de outro sinal, um sinal de sua morte, eis que, no dia em que ele padecer a morte, o sol será obscurecido e recusar-se-á a dar-vos sua luz e também a lua e as estrelas; e não haverá luz sobre a face desta terra pelo espaço de três dias, desde a hora em que ele morrer até o momento em que ressuscitar dos mortos.
  21 Sim, no momento em que ele entregar o espírito haverá trovões e relâmpagos por muitas horas e a terra tremerá e estremecerá; e as rochas que estão sobre a face desta terra, as que estão em cima como as que estão embaixo da terra, as quais sabeis agora que são sólidas, ou cuja maior parte constitui uma sólida massa, serão despedaçadas;
  22 Sim, rachar-se-ão ao meio e para sempre se acharão rachadas e fendidas e em fragmentos sobre a face de toda a terra, sim, tanto em cima como embaixo da terra.
  23 E eis que sobrevirão grandes tempestades e haverá muitas montanhas que se rebaixarão como um vale; e muitos lugares que agora são chamados vales transformar-se-ão em montanhas de grande altura.
  24 E muitas estradas far-se-ão em pedaços e muitas cidades ficarão devastadas.
  25 E muitas sepulturas abrir-se-ão, entregando muitos de seus mortos e muitos justos aparecerão a muitas pessoas.
  26 E eis que assim me falou o anjo; pois ele disse-me que haverá trovões e relâmpagos pelo espaço de muitas horas.
  27 E disse-me que enquanto durassem os trovões e os relâmpagos e a tempestade, essas coisas aconteceriam; e que a escuridão cobriria a face de toda a terra pelo espaço de três dias.
  28 E o anjo disse-me que muitos verão coisas maiores que estas, para que creiam que esses sinais e essas maravilhas acontecerão por toda a face desta terra, a fim de que não haja motivo de descrença entre os filhos dos homens.
  29 E isso a fim de que todos os que crerem sejam salvos e para que, sobre os que não crerem, recaia um julgamento justo; e também, se forem condenados, terão atraído sobre si a sua própria condenação.
  30 E agora, meus irmãos, lembrai-vos, lembrai-vos de que os que perecem, perecem por culpa própria; e todos os que praticam iniquidades o fazem contra si mesmos; pois eis que sois livres; tendes permissão para agir por vós mesmos; porque eis que Deus vos deu o conhecimento e vos fez livres.
  31 Ele permitiu-vos discernir o bem do mal e permitiu-vos escolher a vida ou a morte; e podeis fazer o bem e serdes restituídos ao que é bom, ou seja, ter o que é bom restituído a vós; ou podeis praticar o mal e fazerdes com que o mal vos seja restituído.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 15
O Senhor castigou os nefitas porque os amava—Os lamanitas convertidos são firmes e perseverantes na fé—O Senhor será misericordioso com os lamanitas nos últimos dias. Aproximadamente 6 a.C.

  1 E agora, meus queridos irmãos, eis que vos declaro que, se não vos arrependerdes, vossas casas ficarão desertas.
  2 Sim, a não ser que vos arrependais, vossas mulheres terão grande motivo para lamentação no dia em que amamentarem; pois tentareis fugir e não haverá lugar para refúgio; sim, ai das mulheres que estiverem grávidas, porque estarão pesadas e não poderão fugir! Por isso serão pisadas e abandonadas para perecerem.
  3 Sim, ai deste povo que é chamado de povo de Néfi, se não se arrepender quando vir todos esses sinais e maravilhas que lhe serão mostrados! Pois eis que foi um povo escolhido pelo Senhor; sim, ele amou o povo de Néfi e também o castigou; sim, nos dias de suas iniquidades castigou-o, porque o ama.
  4 Mas eis, meus irmãos, que ele odiou os lamanitas porque suas obras foram continuamente más; e isto por causa das iniquidades e das tradições de seus pais. Não obstante, a salvação chegou a eles por meio da pregação dos nefitas; e por esse motivo o Senhor prolongou seus dias.
  5 E quisera que observásseis que a maior parte deles segue o caminho de seus deveres, anda circunspectamente perante Deus e esforça-se para guardar seus mandamentos e seus estatutos e suas ordenanças, de acordo com a lei de Moisés.
  6 Sim, digo-vos que a maior parte deles está fazendo isto, esforçando-se com infatigável diligência para que o conhecimento da verdade seja levado ao restante de seus irmãos; portanto há muitos que se unem a eles diariamente.
  7 E eis que sabeis por vós mesmos, porque o haveis testemunhado, que todos os que são levados a conhecer a verdade e a saber das tradições iníquas e abomináveis de seus pais são levados a acreditar nas santas escrituras, sim, nas profecias dos profetas que estão escritas, que os conduzem à fé no Senhor e ao arrependimento, fé e arrependimento que lhes transformam o coração.
  8 Portanto sabeis que todos os que chegaram a isto são firmes e inquebrantáveis na fé e naquilo que os fez livres.
  9 E sabeis também que eles enterraram suas armas de guerra e que temem empunhá-las por medo de pecar de alguma forma; sim, podeis ver que eles têm medo de pecar, porque eis que se sujeitarão a ser pisados e assassinados por seus inimigos, mas não levantarão suas espadas contra eles; e isso por causa de sua fé em Cristo.
  10 E agora, em virtude de sua perseverança, quando realmente têm fé naquilo em que crêem, e por sua firmeza, quando são iluminados, eis que o Senhor os abençoará e prolongará seus dias, apesar de sua iniquidade.
  11 Sim, mesmo se degenerarem, caindo na incredulidade, o Senhor prolongará seus dias até chegar o tempo, predito por nossos pais e também pelo profeta Zenos e muitos outros profetas, em que o conhecimento da verdade será levado novamente a nossos irmãos, os lamanitas.
  12 Sim, digo-vos que nos últimos tempos as promessas do Senhor terão sido estendidas a nossos irmãos, os lamanitas; e apesar das muitas aflições que terão e embora venham a ser forçados a fugir de um lado para outro sobre a face da terra e a ser perseguidos e feridos e dispersos, sem lugar para refugiar-se, o Senhor será misericordioso com eles.
  13 E isto segundo a profecia de que outra vez o verdadeiro conhecimento lhes será levado, que é o conhecimento de seu Redentor e seu grande e verdadeiro pastor; e serão contados entre suas ovelhas.
  14 Portanto eu vos digo que melhor será para eles do que para vós, a não ser que vos arrependais.
  15 Pois eis que, se as grandes obras que vos foram mostradas tivessem sido mostradas a eles, sim, àqueles que degeneraram, caindo na incredulidade em virtude das tradições de seus pais, podeis ver, vós mesmos, que jamais teriam voltado a se degenerar, caindo na incredulidade.
  16 Portanto diz o Senhor: Eu não os destruirei completamente, mas farei com que, no dia que me for oportuno, eles voltem para mim, diz o Senhor.
  17 E agora, eis que diz o Senhor com referência ao povo nefita: Se não se arrependerem e não procurarem cumprir minha vontade, eu os destruirei completamente, diz o Senhor, em virtude de sua incredulidade, apesar das muitas e grandiosas obras que fiz entre eles; e tão certo como vive o Senhor, estas coisas acontecerão, diz o Senhor.

LIVRO DE HELAMÃ

CAPÍTULO 16
Os nefitas que acreditam em Samuel são batizados por Néfi—Samuel não pode ser morto com as flechas e pedras dos nefitas que não se arrependeram—Alguns endurecem o coração e outros vêem anjos—Os incrédulos dizem que não é sensato crer em Cristo nem na sua vinda a Jerusalém. Aproximadamente 6–1 a.C.

  1 E então aconteceu que muitos ouviram as palavras de Samuel, o lamanita, proferidas de cima das muralhas da cidade. E todos os que acreditaram em suas palavras saíram à procura de Néfi; e quando o encontraram, confessaram-lhe seus pecados e não os negaram, desejando ser batizados no Senhor.
  2 Todos os que não acreditaram nas palavras de Samuel, porém, ficaram irados contra ele; e jogaram-lhe pedras sobre a muralha e também muitos lhe atiraram flechas enquanto se encontrava em cima da muralha; mas a força do Senhor estava com ele, de modo que não conseguiram atingi-lo com suas pedras nem com suas flechas.
  3 Ora, quando viram que não podiam atingi-lo, muitos mais acreditaram em suas palavras, de modo que se dirigiram a Néfi a fim de serem batizados.
  4 Porque eis que Néfi estava batizando e profetizando e pregando, proclamando arrependimento ao povo; mostrando sinais e maravilhas, fazendo milagres entre o povo, para que soubessem que o Cristo viria em breve.
  5 Revelando-lhes coisas que logo aconteceriam, para que soubessem e lembrassem, na hora de sua vinda, que elas lhes haviam sido anunciadas de antemão, para que acreditassem; portanto, todos os que acreditaram nas palavras de Samuel dirigiram-se a Néfi para ser batizados, mostrando-se arrependidos e confessando seus pecados.
  6 A maior parte deles, porém, não acreditou nas palavras de Samuel; por isso, quando viram que não podiam atingi-lo com suas pedras e flechas, gritaram a seus capitães, dizendo: Agarrai esse homem e amarrai-o, porque eis que está possuído por um demônio; e por causa do poder do demônio que está nele, não podemos atingi-lo com nossas pedras e nossas flechas; portanto, agarrai-o e amarrai-o e levai-o embora.
  7 E quando avançaram para deitar-lhe as mãos, eis que ele se atirou da muralha e fugiu de suas terras, sim, para seu próprio país; e começou a pregar e a profetizar entre seu próprio povo.
  8 E eis que nunca mais se ouviu falar dele entre os nefitas; e essas eram as condições do povo.
  9 E assim terminou o octogésimo sexto ano em que os juízes governaram o povo de Néfi.
  10 E assim terminou também o octogésimo sétimo ano do governo dos juízes, permanecendo a maior parte do povo em seu orgulho e iniquidade; e a minoria, andando mais circunspectamente perante Deus.
  11 E estas eram também as condições no octogésimo oitavo ano do governo dos juízes.
  12 E houve pouca alteração nas condições do povo no octogésimo nono ano, exceto que o povo começou a ficar mais obstinado na sua iniquidade e a fazer, cada vez mais, coisas contrárias aos mandamentos de Deus.
  13 Mas aconteceu que no nonagésimo ano do governo dos juízes, grandes sinais e maravilhas foram manifestados ao povo; e as palavras dos profetas começaram a ser cumpridas.
  14 E anjos apareceram a alguns homens, homens sábios, anunciando-lhes boas novas de grande alegria; assim, nesse ano as escrituras começaram a ser cumpridas.
  15 Entretanto o povo começou a endurecer o coração, todos, exceto os mais crentes dentre eles, tanto nefitas quanto lamanitas, e começaram a confiar somente nas próprias forças e na própria sabedoria, dizendo:
  16 Algumas coisas, entre tantas, eles poderiam ter adivinhado corretamente; mas eis que sabemos que todas essas grandes e maravilhosas obras que foram anunciadas não podem acontecer.
  17 E começaram a discutir e a discordar entre si, dizendo:
  18 Não é razoável que venha alguém como um Cristo; se vier e ele for o Filho de Deus, o Pai do céu e da Terra, conforme anunciado, por que não aparecerá a nós, assim como àqueles que estiverem em Jerusalém?
  19 Sim, por que não aparecerá ele nesta terra, assim como na terra de Jerusalém?
  20 Mas eis que sabemos que esta é uma iníqua tradição, a nós transmitida por nossos pais para fazerem-nos acreditar em algo grande e maravilhoso que deverá acontecer, porém não entre nós, mas numa terra muito longínqua, uma terra que não conhecemos; portanto podem conservar-nos na ignorância, porque não podemos testemunhar com nossos próprios olhos que isso é verdade.
  21 E eles, pela astúcia e pelas misteriosas artimanhas do maligno, realizarão algum grande mistério que não podemos compreender, que nos manterá como servos de suas palavras e também como seus servos, porque dependemos deles para ensinar-nos a palavra; e assim nos manterão na ignorância todos os anos de nossa vida, se a eles nos submetermos.
  22 E muitas outras coisas vãs e tolas o povo imaginou em seu coração; e ficaram muito perturbados, porque Satanás os incitava continuamente a praticar iniquidades; sim, ele espalhava rumores e discórdias sobre toda a face da terra, a fim de endurecer o coração do povo contra o que era bom e contra o que iria acontecer.
  23 E apesar dos sinais e maravilhas realizados entre o povo do Senhor e dos muitos milagres que eles fizeram, Satanás obteve grande poder sobre o coração do povo em toda a face da terra.
  24 E assim terminou o nonagésimo ano em que os juízes governaram o povo de Néfi.
  25 E assim terminou o livro de Helamã, conforme o registro de Helamã e seus filhos.

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