Livro de Morôni

CAPÍTULO 1
Morôni escreve para benefício dos lamanitas—Os nefitas que não negam a Cristo são mortos. Aproximadamente 401–421 d.C.

  1 ORA, eu, Morôni, após haver terminado o resumo do relato do povo de Jarede, pensei em não mais escrever; entretanto ainda não pereci; e não me dou a conhecer aos lamanitas, para que não me matem.
  2 Porque eis que as guerras entre eles são extraordinariamente violentas; e por causa de seu ódio, matam todos os nefitas que não negam a Cristo.
  3 E eu, Morôni, não negarei a Cristo; portanto ando errante por onde posso, a fim de conservar minha própria vida.
  4 Escrevo, pois, algumas coisas mais, ao contrário do que pensava, pois supus que já não escreveria; escrevo, porém, mais algumas coisas que talvez sejam úteis para meus irmãos, os lamanitas, em algum dia futuro, segundo a vontade do Senhor.

LIVRO DE MORÔNI

CAPÍTULO 2
Jesus deu poder aos doze discípulos nefitas para conferirem o espírito. Aproximadamente 401–421 d.C.

  1 As palavras que Cristo disse a seus discípulos, os doze por ele escolhidos, quando lhes impôs as mãos.
  2 E chamou-os pelo nome, dizendo: Invocareis o Pai em meu nome, em fervorosa oração; e depois que tiverdes feito isso, tereis poder para conferir o espírito àqueles sobre quem impuserdes as mãos; e em meu nome conferi-lo-eis, pois assim fazem os meus apóstolos.
  3 Ora, Cristo disse-lhes estas palavras quando apareceu pela primeira vez; e a multidão não as ouviu, mas ouviram-nas os discípulos; e a todos sobre quem aimpuseram as mãos, desceu o espírito.

LIVRO DE MORÔNI

CAPÍTULO 3
Os élderes ordenam sacerdotes e mestres pela imposição de mãos. Aproximadamente 401–421 d.C.

  1 Maneira pela qual os discípulos, que eram chamados de élderes da igreja, ordenavam sacerdotes e mestres.
  2 Depois de haverem orado ao Pai, em nome de Cristo, impunham-lhes as mãos e diziam:
  3 Em nome de Jesus Cristo eu te ordeno sacerdote (ou, se fosse mestre, eu te ordeno mestre), a fim de pregares o arrependimento e a remissão dos pecados por intermédio de Jesus Cristo, pela perseverança na fé em seu nome até o fim. Amém.
  4 E deste modo ordenavam sacerdotes e mestres, de acordo com os dons e chamados de Deus aos homens; e ordenavam-nos pelo poder do espírito que neles estava.

LIVRO DE MORÔNI

CAPÍTULO 4
Explica-se como élderes e sacerdotes administram o pão sacramental. Aproximadamente 401–421 d.C.

 1 Maneira pela qual seus élderes e sacerdotes administravam a carne e o sangue de Cristo à igreja; e eles administravam-nos de acordo com os mandamentos de Cristo. Sabemos, portanto, que esta maneira é correta; e o élder ou o sacerdote ministrava-os.
  2 E ajoelhavam-se com a igreja e oravam ao Pai, em nome de Cristo, dizendo:
  3 Ó Deus, Pai Eterno, nós te rogamos em nome de teu Filho, Jesus Cristo, que abençoes e santifiques este pão para as almas de todos os que partilharem dele, para que o comam em lembrança do corpo de teu Filho e testifiquem a ti, ó Deus, Pai Eterno, que desejam tomar sobre si o nome de teu Filho e recordá-lo sempre e guardar os mandamentos que ele lhes deu, para que possam ter sempre consigo o seu espírito. Amém.

LIVRO DE MORÔNI

CAPÍTULO 5
Estabelecido o modo de administrar o vinho sacramental. Aproximadamente 401–421 d.C.

  1 Maneira de administrar o vinho: Eis que tomavam o cálice e diziam:
  2 Ó Deus, Pai Eterno, nós te rogamos em nome de teu Filho, Jesus Cristo, que abençoes e santifiques este vinho para as almas de todos os que beberem dele, para que o façam em lembrança do sangue de teu Filho, que por eles foi derramado, e testifiquem a ti, ó Deus, Pai Eterno, que sempre se lembram dele, para que possam ter consigo o seu espírito. Amém.

LIVRO DE MORÔNI

CAPÍTULO 6
Pessoas arrependidas são batizadas e integradas na Igreja— Membros da Igreja que se arrependem são perdoados—Reuniões são dirigidas pela inspiração do seu espírito. Aproximadamente 401–421 d.C.

  1 E agora falo a respeito do batismo. E eis que eram batizados élderes, sacerdotes e mestres; e não eram batizados, a menos que seus frutos mostrassem serem eles dignos do batismo.
  2 Nem recebiam pessoa alguma para o batismo, a menos que se apresentasse com um coração quebrantado e um espírito contrito e testificasse à igreja que verdadeiramente se havia arrependido de todos os seus pecados.
  3 E ninguém era recebido para batismo, a menos que tomasse sobre si o nome de Cristo, com a firme resolução de servi-lo até o fim.
  4 E depois de haverem sido recebidos pelo batismo, de haverem sido moldados e purificados, eram contados com o povo da igreja de Cristo; e seus nomes eram registrados, para que fossem lembrados e nutridos pela boa palavra de Deus, a fim de mantê-los no caminho certo e mantê-los continuamente atentos à oração, confiando somente nos méritos de Cristo, autor e aperfeiçoador de sua fé.
  5 E a igreja reunia-se freqüentemente para jejuar e orar e para falar a respeito do bem-estar de suas almas.
  6 E reuniam-se freqüentemente para partilhar o pão e o vinho, em lembrança do Senhor Jesus.
  7 E eram muito cuidadosos de que não houvesse iniquidade entre eles; e todos os que eram descobertos praticando iniquidade e eram acusados perante os élderes por três testemunhas da igreja e que não se arrependiam nem confessavam, tinham os nomes apagados e não mais eram contados com o povo de Cristo.
  8 Sempre, porém, que se arrependiam e pediam perdão com verdadeiro intento, eram perdoados.
  9 E suas reuniões eram dirigidas pela igreja, segundo as manifestações do espírito e pelo poder do espírito Santo; porque se o poder do espírito os levava a pregar ou a exortar ou a orar ou a suplicar ou a cantar, assim o faziam.

LIVRO DE MORÔNI

CAPÍTULO 7
Convite para entrar no descanso do Senhor—Orai com verdadeiro intento—O espírito de Cristo permite aos homens distinguirem o bem do mal—Satanás persuade os homens a negarem a Cristo e a praticarem o mal—Os profetas anunciam a vinda de Cristo—Pela fé são realizados milagres e anjos ministram—Os homens devem ter a esperança da vida eterna e apegar-se à caridade. Aproximadamente 401–421 d.C.

  1 E agora eu, Morôni, escrevo algumas das palavras ditas por meu pai, Mórmon, a respeito da , esperança e caridade; pois desta maneira ele falou ao povo, ao ensiná-los na sinagoga que haviam construído como lugar de adoração.
  2 E agora eu, Mórmon, falo a vós, meus amados irmãos; e é pela graça de Deus, o Pai, e de nosso Senhor Jesus Cristo e sua santa vontade, devido ao dom do chamado que me fez, que me é permitido falar-vos neste momento.
  3 Portanto falarei a vós que sois da igreja, que sois os pacíficos seguidores de Cristo e que haveis recebido esperança suficiente para entrardes no descanso do Senhor de agora em diante, até que descanseis com ele no céu.
  4 E agora, meus irmãos, julgo estas coisas a respeito de vós, devido a vossa conduta pacífica para com os filhos dos homens.
  5 Porque me lembro da palavra de Deus, que diz que por suas obras os conhecereis; porque, se suas obras forem boas, eles também serão bons.
  6 Pois eis que Deus disse que se um homem é mau, não pode praticar o bem; porque se ele oferece uma dádiva ou ora a Deus, a não ser que o faça com verdadeiro intento, nada lhe aproveitará.
  7 Porque eis que não lhe é imputado por justiça.
  8 Pois eis que se um homem, sendo mau, oferece uma dádiva, ele o faz de vontade; portanto será considerado como se tivesse retido a dádiva; conseqüentemente é considerado mau perante Deus.
  9 E, igualmente, se um homem ora sem verdadeiro intento de coração, é considerado mau, sim, e de nada lhe aproveita, porque, a esse, Deus não recebe.
  10 Portanto um homem mau não pode fazer o bem; nem dará ele uma boa dádiva.
  11 Porque eis que de uma fonte amarga não pode brotar água boa; nem de uma boa fonte pode brotar água amarga; portanto, sendo um homem servo do diabo, não pode seguir a Cristo; e se ele segue a Cristo, não pode ser servo do diabo.
  12 Portanto todas as coisas boas vêm de Deus; e o que é mau vem do diabo; porque o diabo é inimigo de Deus e luta constantemente contra ele e convida e incita a pecar e a fazer continuamente o mal.
  13 Eis, porém, que aquilo que é de Deus convida e impele a fazer o bem continuamente; portanto, tudo o que convida e impele a fazer o bem e a amar a Deus e a servi-lo, é inspirado por Deus.
  14 Portanto tende cuidado, meus amados irmãos, a fim de que não julgueis ser de Deus o que é mau; ou ser do diabo o que é bom e de Deus.
  15 Pois eis que, meus irmãos, dado vos é julgar, a fim de que possais distinguir o bem do mal; e a maneira de julgar, para que tenhais um conhecimento perfeito, é tão clara como a luz do dia comparada com as trevas da noite.
  16 Pois eis que o espírito de Cristo é concedido a todos os homens, para que eles possam distinguir o bem do mal; portanto vos mostro o modo de julgar; pois tudo o que impele à prática do bem e persuade a crer em Cristo é enviado pelo poder e dom de Cristo; por conseguinte podeis saber, com um conhecimento perfeito, que é de Deus.
  17 Mas tudo que persuade o homem a praticar o mal e a não crer em Cristo e a negá-lo e a não servir a Deus, podeis saber, com conhecimento perfeito, que é do diabo; porque é desta forma que o diabo age, pois não persuade quem quer que seja a fazer o bem; não, ninguém; tampouco o fazem seus anjos; nem o fazem os que a ele se sujeitam.
  18 E agora, meus irmãos, vendo que conheceis a luz pela qual podeis julgar, luz essa que é a luz de Cristo, tende cuidado para não julgardes erradamente; porque com o mesmo juízo com que julgardes, sereis também julgados.
  19 Portanto vos suplico, irmãos, que procureis diligentemente, na luz de Cristo, diferenciar o bem do mal; e se vos apegardes a tudo que é bom e não o condenardes, certamente sereis filhos de Cristo.
  20 E agora, meus irmãos, como será possível vos apegardes a tudo que é bom?
  21 E agora chegamos àquela fé sobre a qual prometi falar-vos; e dir-vos-ei qual o caminho que devereis seguir, para que vos apegueis a todas as coisas boas.
  22 Pois eis que Deus, conhecendo todas as coisas, existindo de eternidade em eternidade, eis que enviou anjos para ministrarem entre os filhos dos homens e darem-lhes instruções relativas à vinda de Cristo; e em Cristo virão todas as coisas boas.
  23 E Deus declarou também aos profetas, pela própria boca, que Cristo viria.
  24 E eis que, de diversas maneiras, manifestou coisas aos filhos dos homens; e eram boas; e todas as coisas boas vêm de Cristo; de outro modo os homens estariam decaídos e nada de bom lhes poderia advir.
  25 Portanto, pelo ministério de anjos e por toda palavra que procedia da boca de Deus, começaram os homens a exercer fé em Cristo; e assim, pela fé, apegaram-se a todas as coisas boas; e assim foi até a vinda de Cristo.
  26 E depois que ele veio, os homens também foram salvos pela fé em seu nome; e pela fé tornam-se os filhos de Deus. E tão certo como Cristo vive, falou ele a nossos pais, dizendo: Tudo o que for bom, se pedirdes ao Pai em meu nome, com fé e crendo que recebereis, eis que vos será concedido.
  27 Portanto, meus amados irmãos, cessaram os milagres porque Cristo subiu aos céus e sentou-se à mão direita de Deus para reclamar do Pai os direitos de misericórdia que tem sobre os filhos dos homens?
  28 Porque satisfez às exigências da lei e reivindica todos os que nele têm fé; e os que nele têm fé se apegarão a tudo que é bom; portanto ele advoga a causa dos filhos dos homens; e ele habita eternamente nos céus.
  29 E por ter ele feito isto, meus amados irmãos, cessaram os milagres? Eis que vos digo que não; tampouco os anjos cessaram de ministrar entre os filhos dos homens.
  30 Pois eis que a ele estão sujeitos, para ministrarem de acordo com a palavra de sua ordem, manifestando-se aos que têm uma fé vigorosa e uma mente firme em toda forma de santidade.
  31 E o ofício de seu ministério é chamar os homens ao arrependimento e cumprir e realizar a obra dos convênios que o Pai fez com os filhos dos homens, a fim de preparar o caminho entre os filhos dos homens, declarando a palavra de Cristo aos vasos escolhidos do Senhor, para que dêem testemunho dele.
  32 E assim fazendo, o Senhor Deus prepara o caminho para que o resto dos homens tenham em Cristo, a fim de que o espírito tenha lugar no coração deles segundo seu poder; e desta maneira cumpre o Pai os convênios que fez com os filhos dos homens.
  33 E Cristo disse: Se tiverdes fé em mim, tereis poder para fazer tudo quanto me parecer conveniente.
  34 E ele disse: Arrependei-vos todos vós, confins da Terra; e vinde a mim e sede batizados em meu nome e tende fé em mim, para que sejais salvos.
  35 E agora, meus amados irmãos, se estas coisas sobre as quais vos falei forem verdadeiras, e Deus vos mostrará com poder e grande glória, no último dia, que elas são verdadeiras, e se elas são verdadeiras, cessaram os dias de milagres?
  36 Ou deixaram os anjos de aparecer aos filhos dos homens? Ou negou-lhes ele o poder do espírito? Ou fará ele isso enquanto durar o tempo ou existir a Terra ou existir na face da Terra um homem para ser salvo?
  37 Eis que vos digo: Não; porque é pela fé que os milagres são realizados; e é pela fé que os anjos aparecem e ministram entre os homens; portanto, ai dos filhos dos homens se estas coisas tiverem cessado, porque é por causa da descrença; e tudo é vão.
  38 Porque, de acordo com as palavras de Cristo, nenhum homem pode ser salvo, a não ser que tenha fé em seu nome; portanto, se estas coisas houverem cessado, então a fé também cessou; e terrível é o estado do homem, pois é como se não tivesse havido redenção.
  39 Mas eis, meus amados irmãos, que espero coisas melhores de vós, pois julgo que tendes fé em Cristo em virtude da vossa humildade; pois se nele não tendes fé, não sois dignos de ser contados com o povo de sua igreja.
  40 E novamente, meus amados irmãos, gostaria de falar-vos sobre a esperança. Como podeis alcançar a fé a não ser que tenhais esperança?
  41 E o que é que deveis esperar? Eis que vos digo que deveis ter esperança de que, por intermédio da expiação de Cristo e do poder da sua ressurreição, sereis ressuscitados para a vida eterna; e isto por causa da vossa fé nele, de acordo com a promessa.
  42 Portanto, se um homem tem , ele tem que ter esperança; porque sem fé não pode haver qualquer esperança.
  43 E novamente, eis que vos digo que ele não pode ter fé nem esperança sem que seja manso e humilde de coração.
  44 Sem isso sua e esperança são vãs, porque ninguém é aceitável perante Deus, a não ser os humildes e brandos de coração; e se um homem é humilde e brando de coração e confessa, através dum coração humilde e bondoso, que Jesus é o Cristo, ele precisa ter caridade; pois se não tem caridade, nada é; portanto ele precisa ter caridade.
  45 E a caridade é sofredora e é benigna e não é invejosa e não se ensoberbece; não busca seus interesses, não se irrita facilmente, não suspeita mal e não se regozija com a iniquidade, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
  46 De modo que, meus amados irmãos, se não tendes caridade, nada sois, porque a caridade nunca falha. Portanto, apegai-vos à caridade, que é, de todas, a maior, porque todas as coisas hão de falhar.
  47 Mas a caridade é o puro amor de Cristo e permanece para sempre; e para todos os que a possuírem, no último dia tudo estará bem.
  48 Portanto, meus amados irmãos, rogai ao Pai, com toda a energia de vosso coração, que sejais cheios desse amor que ele concedeu a todos os que são verdadeiros seguidores de seu Filho, Jesus Cristo; que vos torneis os filhos de Deus; que quando ele aparecer, sejamos como ele, porque o veremos como ele é; que tenhamos esta esperança; que sejamos purificados, como ele é puro. Amém.

LIVRO DE MORÔNI

CAPÍTULO 8
O batismo de crianças pequenas é uma abominação maligna—As criancinhas estão vivas em Cristo por causa da Expiação—Fé, arrependimento, mansidão e humildade, recebimento do espírito e perseverança até o fim, levam à salvação. Aproximadamente 401–421 d.C.

  1 Uma epístola de meu pai, Mórmon, escrita a mim, Morôni; e ela foi-me escrita logo após meu chamado para o ministério. E desta maneira ele me escreveu:
  2 Meu amado filho Morôni: Alegra-me muito que teu Senhor Jesus Cristo, lembrando-se de ti, tenha-te chamado para seu ministério e para sua obra sagrada.
  3 Lembro-me sempre de ti em minhas orações, rogando constantemente a Deus, o Pai, em nome de seu Santo Filho Jesus, que ele, por sua infinita bondade e graça, te conserve constante na fé em seu nome até o fim.
  4 E agora, meu filho, falo-te a respeito de uma coisa que me aflige extremamente; pois aflige-me que surjam disputas no meio de vós.
  5 Pois, se eu soube a verdade, tem havido disputas no meio de vós relativas ao batismo de vossas criancinhas.
  6 E agora, meu filho, desejo que vos esforceis muito para que esse grave erro seja removido de vosso meio; porque é com essa intenção que escrevo esta epístola.
  7 Pois imediatamente após saber destas coisas sobre vós, inquiri o Senhor a respeito do assunto. E a todos vos digo:
  8 Ouvi as palavras de Cristo, o Redentor, o Senhor. Pois que ele veio ao mundo, não para chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento; os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; portanto as criancinhas são sãs, por serem incapazes de cometer pecado; portanto a maldição de Adão é delas removida por minha causa, de modo que sobre elas não tem poder; e a lei da circuncisão foi abolida por minha causa.
  9 E desta maneira o espírito manifestou-me a palavra de Deus; portanto, meu amado filho, sei que é um sério escárnio perante Deus batizar criancinhas.
  10 Eis que te digo que isto deverás ensinar: arrependimento e batismo aos que são responsáveis e capazes de cometer pecados; sim, ensina aos pais que devem arrepender-se e ser batizados e tornar-se humildes como as suas criancinhas; e serão todos salvos com suas criancinhas.
  11 E suas criancinhas não necessitam de arrependimento nem de batismo. Eis que batismo é para arrependimento, a fim de que se cumpram os mandamentos para a remissão de pecados.
  12 As criancinhas, porém, estão vivas em Cristo desde a fundação do mundo; se não for assim, Deus é um Deus parcial e também um Deus variável, que faz acepção de pessoas; porque quantas criancinhas morreram sem batismo!
  13 Portanto, se as criancinhas não podiam ser salvas sem batismo, devem ter ido para um inferno sem fim.
  14 Eis que vos digo que aquele que pensa que as criancinhas necessitam de batismo, está no fel da amargura e nos laços da iniquidade; porque não tem nem esperança nem caridade; portanto, se morrer com esse pensamento, deverá ir para o inferno.
  15 Pois é grande iniquidade supor que Deus salva uma criança em virtude do batismo, ao passo que outra deve perecer por não ter sido batizada.
  16 E ai daqueles que pervertem os caminhos do Senhor dessa maneira, porque perecerão, a não ser que se arrependam! Eis que falo ousadamente, tendo autoridade de Deus; e não temo o que o homem possa fazer, porque o perfeito amor lança fora todo o medo.
  17 E estou cheio de caridade, que é amor eterno; portanto todas as criancinhas são iguais para mim; amo as criancinhas, portanto, com um perfeito amor; e elas são todas iguais e participantes da salvação.
  18 Pois sei que Deus não é um Deus parcial nem um ser variável; mas é imutável, de eternidade a eternidade.
  19 E as criancinhas não podem arrepender-se; portanto é grande iniquidade negar-lhes as puras misericórdias de Deus, porque estão todas vivas nele, em virtude de sua misericórdia.
  20 E aquele que diz que as criancinhas necessitam de batismo, nega as misericórdias de Cristo e despreza a sua expiação e o poder de sua redenção.
  21 Ai desses, porque estão em perigo de morte, inferno e tormento sem fim. Digo isto destemidamente; Deus ordenou-me. Ouvi estas palavras e atentai para elas; caso contrário, elas testificarão contra vós no tribunal de Cristo.
  22 Porque eis que todas as criancinhas estão vivas em Cristo, assim como todos os que estão sem a lei, porque o poder da redenção atua sobre todos os que não têm lei; portanto o que não foi condenado, ou seja, o que não está sob condenação, não pode arrepender-se; e para tal o batismo de nada serve.
  23 Mas é escárnio perante Deus negar as misericórdias de Cristo e depositar confiança em obras mortas.
  24 Eis que, meu filho, isto não deve ser assim, porque o arrependimento é para os que estão sob condenação e sob a maldição de uma lei violada.
  25 E o primeiro fruto do arrependimento é o batismo; e o batismo vem pela fé, para cumprirem-se os mandamentos; e o cumprimento dos mandamentos traz remissão de pecados.
  26 E a remissão de pecados traz mansidão e humildade; e a mansidão e a humildade resultam na presença do espírito Santo, o Consolador, que nos enche de esperança e perfeito amor, amor que se conserva pela diligência na oração até que venha o fim, quando todos os justos habitarão com Deus.
  27 Eis que, meu filho, eu te escreverei novamente, caso não saia logo contra os lamanitas. Eis que o orgulho desta nação, ou seja, do povo nefita, mostrou ser a sua destruição, caso não se arrependam.
  28 Ora por eles, meu filho, para que se arrependam. Mas eis que temo que o espírito tenha cessado de lutar com eles; e nesta parte da terra estão também procurando derrubar todo poder e autoridade que vem de Deus; e negam o espírito.
  29 E depois de haverem recusado tão grande conhecimento, meu filho, logo haverão de perecer, em cumprimento às profecias feitas pelos profetas, bem como às palavras do próprio Salvador.
  30 Adeus, meu filho, até que eu te escreva ou volte a ver-te. Amém.

LIVRO DE MORÔNI
A segunda epístola de Mórmon a seu filho Morôni.
Abrange o capítulo 9.

CAPÍTULO 9
Tanto os nefitas como os lamanitas tornaram-se depravados e degenerados—Torturam-se e assassinam-se uns aos outros—Mórmon ora para que a graça e a bondade descansem sobre Morôni para sempre. Aproximadamente 401–421 d.C.

  1 Meu amado filho, torno a escrever-te a fim de que saibas que ainda estou vivo; mas escrevo algumas coisas que são penosas.
  2 Porque eis que tive uma violenta batalha com os lamanitas, na qual não saímos vencedores; e Arqueantus caiu pela espada, assim como Lurã e Enron; sim, e perdemos grande número de nossos melhores homens.
  3 E agora eis que temo, meu filho, que os lamanitas destruam este povo; porque não se arrependem e Satanás instiga-os constantemente à ira, uns contra os outros.
  4 Eis que estou labutando com eles continuamente; e quando lhes transmito a palavra de Deus com rigor, eles tremem e enraivecem-se contra mim; e quando não uso de rigor, endurecem o coração contra a palavra de Deus; portanto temo que a força do Senhor tenha deixado de lutar com eles.
  5 Porque se encolerizam tanto, que me parece não terem medo da morte; e perderam o amor uns pelos outros e têm sede de sangue e vingança continuamente.
  6 E agora, meu amado filho, apesar da dureza deles, trabalhemos diligentemente; porque, se deixarmos de trabalhar, estaremos sob condenação; porque enquanto habitarmos este tabernáculo de barro, temos uma obra a executar, para vencermos o inimigo de toda a retidão e para que nossa alma descanse no reino de Deus.
  7 E agora escrevo algo relativo ao sofrimento deste povo. Porque, segundo as notícias que recebi de Amoron, eis que os lamanitas têm muitos prisioneiros, que eles tiraram da torre de Serriza; e havia homens, mulheres e crianças.
  8 E eles mataram os maridos e os pais dessas mulheres e crianças; e alimentam as mulheres com a carne de seus maridos e as crianças com a carne de seus pais; e não lhes dão mais que um pouco de água.
  9 E apesar desta monstruosa abominação dos lamanitas, ela não excede a de nosso povo em Moriântum. Pois eis que muitas das filhas dos lamanitas foram aprisionadas; e depois de tê-las despojado daquilo que é mais caro e precioso do que tudo, que é a castidade e a virtude.
  10 E depois de haverem feito isso, mataram-nas da mais cruel maneira, torturando-lhes o corpo até a morte; e depois de fazerem isso, devoram-lhes a carne como feras selvagens, por causa da dureza de seu coração; e fazem-no como prova de bravura.
  11 Ó, meu amado filho, como pode um povo como este, que está sem civilização.
  12 (E não faz muitos anos, era um povo civilizado e agradável)
  13 Mas, ó meu filho, como pode um povo como este, que se deleita com tanta abominação.
  14 Como podemos nós esperar que Deus detenha sua mão em juízo contra nós?
  15 Eis que meu coração clama: Ai deste povo! Vem julgá-lo, ó Deus; e oculta seus pecados e iniquidades e abominações de tua face!
  16 E, meu filho, há muitas viúvas que permanecem em Serriza com as filhas; e a parte das provisões que os lamanitas não levaram, eis que a levou o exército de Zênefi, deixando que elas andem errantes em busca de alimentos; e muitas mulheres idosas desfalecem pelo caminho e morrem.
  17 E o exército que está comigo é fraco; e os exércitos dos lamanitas separam-me de Serriza e todos os que fugiram para o exército de Aarão caíram, vítimas de sua espantosa brutalidade.
  18 Oh! A depravação de meu povo! Eles não têm ordem nem misericórdia. Eis que não sou mais que um homem e não tenho mais que a força de um homem; e já não posso fazer com que executem minhas ordens.
  19 E tornaram-se fortes em sua perversão; e são igualmente brutais, a ninguém poupando, nem velhos nem jovens; e deleitam-se em tudo que não é bom; e o sofrimento de nossas mulheres e crianças sobre toda a face desta terra excede a tudo; sim, a língua não o pode narrar nem pode ser escrito.
  20 E agora, meu filho, já não quero falar sobre esta horrível cena. Eis que conheces a iniquidade deste povo; tu sabes que não têm princípios nem sentimentos; e sua iniquidade excede à dos lamanitas.
  21 Eis que, meu filho, não posso recomendá-los a Deus, para que ele não me castigue.
  22 Mas eis, meu filho, que te recomendo a Deus e confio em Cristo que tu serás salvo; e rogo a Deus que te poupe a vida para testemunhares a volta de seu povo a ele ou sua completa destruição; porque sei que todos devem perecer, a menos que se arrependam e voltem para ele.
  23 E se perecerem, será como com os jareditas, devido à obstinação de seus corações, buscando sangue e vingança.
  24 E se eles perecerem, sabemos que muitos de nossos irmãos se passaram para os lamanitas e muitos mais ainda se passarão; por isso escreve mais algumas coisas, se fores poupado e se eu perecer sem que te veja; tenho fé, porém, de que logo te verei, porque tenho registros sagrados que te desejaria confiar.
  25 Sê fiel em Cristo, meu filho; e oxalá não te aflijam as coisas que te escrevi, a ponto de causar-te a morte, mas possa Cristo animar-te; e os seus sofrimentos e a sua morte e a manifestação do seu corpo a nossos pais e sua misericórdia e longanimidade e a esperança de sua glória e da vida eterna permaneçam em tua mente para sempre.
  26 E que a graça de Deus, o Pai, cujo trono se acha nas alturas dos céus, e de nosso Senhor Jesus Cristo, que se assenta à mão direita de seu poder até que todas as coisas se sujeitem a ele, te acompanhe e permaneça contigo para sempre. Amém.

LIVRO DE MORÔNI

CAPÍTULO 10
O testemunho do Livro de Mórmon é recebido—Os dons do espírito são concedidos aos fiéis—Os dons espirituais sempre acompanham a fé—As palavras de Morôni falam do pó—Vinde a Cristo, aperfeiçoai-vos nele e santificai vossa alma. Aproximadamente 421 d.C.

  1 Agora eu, Morôni, escrevo algo que me parece bom; e escrevo a meus irmãos, os lamanitas; e quero que saibam que se passaram mais de quatrocentos e vinte anos desde que foi dado o sinal da vinda de Cristo.
  2 E depois de vos dizer algumas palavras a título de exortação, selarei estes registros.
  3 Eis que desejo exortar-vos, quando lerdes estas coisas, caso Deus julgue prudente que as leiais, a vos lembrardes de quão misericordioso tem sido o Senhor para com os filhos dos homens, desde a criação de Adão até a hora em que receberdes estas coisas, e a meditardes sobre isto em vosso coração.
  4 E quando receberdes estas coisas, eu vos exorto a perguntardes a Deus, o Pai Eterno, em nome de Cristo, se estas coisas não são verdadeiras; e se perguntardes com um coração sincero e com real intenção, tendo em Cristo, ele vos manifestará a verdade delas pelo poder do Espírito Santo.
  5 E pelo poder do Espírito Santo podeis saber a verdade de todas as coisas.
  6 Tudo o que é bom, que é justo e verdadeiro, não nega o Cristo, mas reconhece que ele é.
  7 Portanto eu vos exorto a não negardes o poder de Deus, pois ele opera com poder, de acordo com a fé dos filhos dos homens, o mesmo hoje e amanhã e para sempre.
  8 E novamente vos exorto, meus irmãos, a não negardes os dons de Deus, pois eles são muitos; e eles vêm do mesmo Deus. E de diversas maneiras são esses dons administrados; mas é o mesmo Deus que opera tudo em tudo; e eles são dados pelas manifestações do espírito de Deus aos homens, para beneficiá-los.
  9 Pois a um é dado ensinar, pelo espírito de Deus, a palavra de sabedoria;
  10 E a outro, ensinar a palavra de conhecimento, pelo mesmo espírito;
  11 E a outro, extraordinária; e a outro, os dons de cura, pelo mesmo espírito;
  12 E também a outro, poder para operar grandes milagres.
  13 E também a outro, profetizar a respeito de todas as coisas;
  14 E também a outro, ver anjos e espíritos ministradores.
  15 E também a outro, todos os tipos de línguas;
  16 E também a outro, a interpretação de idiomas e de diversos tipos de línguas.
  17 E todos esses dons são dados pelo espírito de Cristo; e são dados a cada homem individualmente, de acordo com sua vontade.
  18 E eu desejaria exortar-vos, meus amados irmãos, a vos lembrardes de que toda boa dádiva vem de Cristo.
  19 E desejaria exortar-vos, meus amados irmãos, a vos lembrardes de que ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre; e que todos esses dons dos quais falei, que são espirituais, nunca desaparecerão enquanto o mundo existir, a não ser pela incredulidade dos filhos dos homens.
  20 Portanto é preciso haver ; e se é preciso haver fé, também é preciso haver esperança; e se é preciso haver esperança, é preciso também haver caridade.
  21 E a não ser que tenhais caridade, não podeis de modo algum ser salvos no reino de Deus; tampouco podeis ser salvos no reino de Deus se não tendes fé e se não tendes esperança.
  22 E se não tendes esperança, deveis estar em desespero; e o desespero vem por causa da iniquidade.
  23 E verdadeiramente Cristo disse a nossos pais: Se tendes fé, podeis fazer todas as coisas que me são convenientes.
  24 E agora falo a todos os confins da Terra, se chegar o dia em que o poder e os dons de Deus desaparecerem do meio de vós, será por causa de incredulidade.
  25 E ai dos filhos dos homens, se for este o caso; porque não haverá entre vós quem pratique o bem; não, ninguém. Porque se houver alguém entre vós que faça o bem, ele o fará pelo poder e pelos dons de Deus.
  26 E ai daqueles que fizerem cessar estas coisas e morrerem, porque morrerão em seus pecados e não poderão ser salvos no reino de Deus; e digo isto de acordo com as palavras de Cristo e não minto.
  27 E exorto-vos a que recordeis estas coisas; porque se aproxima rapidamente a hora em que sabereis que não minto, pois ver-me-eis no tribunal de Deus; e o Senhor Deus dir-vos-á: Não vos anunciei minhas palavras, que foram escritas por este homem como alguém que clamasse dentre os mortos, sim, como alguém que falasse do ?
  28 Eu anuncio estas coisas para cumprimento das profecias. E eis que elas sairão da boca do Deus Eterno; e sua palavra sibilará de geração em geração.
  29 E Deus mostrar-vos-á que aquilo que escrevi é verdadeiro.
  30 E novamente desejo exortar-vos a virdes a Cristo e a vos apegardes a toda boa dádiva; e a não tocardes nem na dádiva má nem no que é impuro.
  31 E desperta e levanta-te do pó, ó Jerusalém; sim, e veste-te com teus vestidos formosos, ó filha de Sião; e fortalece tuas estacas e alarga tuas fronteiras para sempre, a fim de que já não sejas confundida, para que se cumpram os convênios que o Pai Eterno fez contigo, ó casa de Israel!
  32 Sim, vinde a Cristo, sede aperfeiçoados nele e negai-vos a toda iniquidade; e se vos negardes a toda iniquidade e amardes a Deus com todo o vosso poder, mente e força, então sua graça vos será suficiente; e por sua graça podeis ser perfeitos em Cristo; e se pela graça de Deus fordes perfeitos em Cristo, não podereis, de modo algum, negar o poder de Deus.
  33 E novamente, se pela graça de Deus fordes perfeitos em Cristo e não negardes o seu poder, então sereis santificados em Cristo pela graça de Deus, por meio do derramamento do sangue de Cristo, que está no convênio do Pai para a remissão de vossos pecados, a fim de que vos torneis santos, sem mácula.
  34 E agora me despeço de todos. Logo irei descansar no paraíso de Deus, até que meu espírito e meu corpo tornem a unir-se e eu seja carregado triunfante pelo ar, para encontrar-me convosco no agradável tribunal do grande Jeová, o Juiz Eterno tanto dos vivos como dos mortos. Amém.

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